Antunes: "Gostava de devolver o Paços de Ferreira à Liga"
"Título no Sporting foi o mais especial"
- 37 anos, internacional português e com muitas histórias para contar. Antunes ou Vitorino? Já foi tratado assim por Rúben Amorim e também é assim conhecido pelos sportinguistas. Qual é que prefere?
- Não tenho grande preferência, mas normalmente é Antunes.
- Conquistou vários títulos na carreira. Qual foi o mais festejado?
- Todos eles foram especiais; cada conquista e cada troféu têm o seu encanto e o seu momento especial. Embora nunca tenha escondido que o ano que passei no Sporting foi extraordinário, sobretudo porque o Sporting não conquistava o título há já bastante anos, tornando-o ainda mais especial. De todos os que conquistei, foi o título em que menos participei em termos de minutos, mas tornou-se o mais especial por ter sido em Portugal e por concretizar o sonho de ser campeão num clube grande.
- Os sportinguistas ainda falam de si com muito carinho. Da última vez que defrontou o Sporting, os adeptos esperaram por si para o ovacionar. É algo que deixa marcas?
- Deixa marcas, sem dúvida. Esse jogo ficou marcado. Infelizmente, a minha saída deixou-me um amargo na boca por esse ponto, por não ter jogado em Alvalade com público. Uma pena. Gostava de ter jogado com a camisola do Sporting em Alvalade com adeptos. No entanto, senti esse carinho quando lá fui com o Paços. Ter essa ovação em Alvalade foi muito especial. Espero um dia poder retribuir o carinho que recebi nesse dia.
- O Antunes foi internacional por diversas vezes. É especial vestir a camisola de todos nós?
- Sem dúvida. Todos os miúdos da formação têm o sonho de vestir a camisola das quinas, seja nas seleções jovens ou na principal. É o ponto mais alto da carreira de um jogador. Tive essa sorte, fui um privilegiado por poder representar a nossa Seleção em vários escalões, desde a formação até à principal. A primeira vez que vestimos a camisola e ouvimos o Hino pela Seleção é algo único, que fica marcado para sempre. Só de falar sobre isso, estou a sentir arrepios na pele.
"Roma? Aconteceu tudo muito rápido..."
- Quando sai do Paços de Ferreira para a AS Roma, o choque da mudança foi muito grande? Encontra nomes como Totti, De Rossi, Panucci...
- Já tinha sido uma mudança significativa ir do Freamunde, na 2.ª divisão B, para o Paços, mas mudar do Paços para a Roma foi outra transformação drástica na minha vida, de forma positiva. Acho que tudo aconteceu muito rápido, no espaço de dois anos. Saio da 2.ª B e, de repente, estou na Serie A, num dos clubes mais históricos de Itália. Era uma realidade completamente diferente.
Sentava-me ao lado de muitos dos meus ídolos de infância, e nos primeiros dias custou muito entrar naquele balneário e olhar para aqueles jogadores. Mas sempre me disseram que, quanto mais alto é o nível, mais humildes são os jogadores. Senti menos dificuldade em adaptar-me a esses jogadores do que tinha com os jogadores na 2.ª B. Era complicado, embora tivesse um grande "pai", o Bock, que sempre protegeu os mais novos em Freamunde, como eu e o André Leão. (...) O Panucci, que estava ao meu lado no balneário na Roma, também me deu muitos conselhos.
- Está na sua terceira vida em Paços. É o seu porto seguro?
- Não diria que é o meu porto seguro, porque antes de vir tive abordagens de outros clubes, mas há um respeito mútuo. Saí da Roma numa altura em que tinha muitas dificuldades em encontrar clube. Tive duas propostas, uma em Portugal e outra no estrangeiro, mas, por acaso, apareceu o Paços e já não quis ouvir mais propostas de outros clubes. Desta vez, quando saí do Sporting, o Paços foi a minha primeira opção, apesar de ter tido outras abordagens, porque me respeitam muito, eu respeito muito o clube, sinto-me em casa, e é um clube muito especial para mim.
- Qual foi o adversário mais difícil de marcar?
- Resposta muito complicada. Tive a sorte, ou o azar, de defrontar vários jogadores míticos e de imensa qualidade, como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenómeno, Robinho, Cristiano Ronaldo, Messi, Quaresma... É uma lista muito difícil de escolher apenas um. Mas diria Ronaldo e Messi.
- A sua carreira está a caminhar para o adeus. Já pensou no que fazer a seguir?
- Ainda não tenho nada planeado. O meu plano, por agora, é desfrutar dos meus últimos anos como jogador profissional e desta caminhada que tenho feito com o Paços. Penso em terminar em grande, e isso seria devolver o Paços à primeira divisão. A partir daí, vou pensar no futuro juntamente com a direção, dependendo da vontade do clube, do treinador que esteja nessa altura, e da minha disponibilidade física e psicológica. Gostava de subir o Paços e devolvê-lo à Primeira Liga.
Quando terminar, gostaria de continuar no mundo do futebol. Não sei estar fora do futebol. Gostava de ser treinador, embora não saiba se o serei ou não. Já tenho o nível II, e em breve farei o nível III. A minha ideia é tentar uma nova carreira como treinador. Vou preparar-me para outras situações, caso essa carreira não tenha o sucesso que eu desejo. Sei que será difícil e um processo longo, porque vou ter de começar do zero, mas estou preparado. Com persistência, vontade e profissionalismo, o sucesso vai bater à porta.