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Entrevista Flashscore a Eric Veiga: "Leandro Barreiro tem tudo para dar certo no Benfica"

Mário Rui Ventura
Eric Veiga trabalha para regressar à ação no AVS e ajudar na subida à Liga
Eric Veiga trabalha para regressar à ação no AVS e ajudar na subida à LigaAVS
Aos 27 anos, Eric Veiga é o jogador que há mais tempo faz parte do projeto do AVS, atual segundo classificado da Liga 2. Depois de uma lesão grave no ligamento cruzado do joelho esquerdo, que o afastou dos relvados durante oito meses, está de regresso às opções de Jorge Costa ainda a tempo de sonhar com o regresso à seleção do Luxemburgo, onde partilha balneário com Leandro Barreiro, reforço do Benfica para a próxima temporada. Em entrevista exclusiva ao Flashscore, o lateral-esquerdo recorda o apoio do clube durante a lesão, elogia Jorge Costa e aborda o futuro, com o contrato a terminar em junho.

- Como tem visto esta época do AVS?

- A temporada do AVS tem estado a ser bastante positiva. Estive lesionado, não estive desde o início com a equipa, mas pude acompanhar sempre os jogos em casa. O que posso dizer é que, como também houve muitos jogadores a fazer esta transição do Vilafranquense para o Aves, sentiu-se também que foi mais fácil para a equipa sentir-se bem dentro do campo, essa ligação da época passada. Nada me está a surpreender porque também nada falta a esta equipa. Era esperado um AVS assim forte, tendo em conta o trabalho realizado.

- Essa transição entre Vilafranquense e AVS tornou-se mais simples tendo em conta que não houve uma revolução no plantel.

- Exato. Eu estou há quatro anos no clube e todos os anos havia sempre muitas mudanças de jogadores e demorava bastante tempo para a equipa encontrar-se. Este ano sentiu-se essa facilidade da equipa entender-se dentro de campo e agora que estou com eles, desde novembro, dentro do balneário sente-se isso. É um grupo muito positivo, para mim dos melhores onde já estive. Um grande grupo, uma grande família. Quando os jogadores entendem-se tão bem, dentro e fora de campo, é normal a equipa estar lá em cima.

- Um grupo para lutar pela subida à Liga Portugal. Assumem-se como candidatos, mesmo numa liga tão competitiva?

- A Liga 2 é bastante competitiva, sabemos bem que a cada jornada tudo pode mudar. Mas sim, somos candidatos à subida. Estando durante a época toda sempre nos três primeiros lugares só há um objetivo, que é subir de divisão.

Eric Veiga e a lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdo
Eric Veiga e a lesão no ligamento cruzado do joelho esquerdoOpta by Stats Perform

- Teve essa lesão complicada, oito meses afastado devido ao ligamento cruzado do joelho esquerdo. Foi o pior momento da carreira?

- Eu tive a mesma lesão com 16 anos. E foi mais difícil com 16 anos do que agora. Claro que foi bastante duro, a época estava a correr-me bem, fiz praticamente todos os jogos, e quando sabes que vais ter de parar oito ou nove meses, é bastante duro. Mas agora já tenho 27 anos, tentei ver o lado positivo. Pude trabalhar outras coisas, mesmo a nível mental, e sinceramente passou bastante rápido. Não senti tanta dificuldade como da primeira vez. Progredi muito. Posso ter-me perdido ali um pouco no radar do futebol, o meu nome desapareceu um pouco, mas como homem e como ser humano pude crescer bastante e nem vou dizer que era mau ter agora a lesão. Faz parte e nada acontece por acaso. Tenho de agradecer ao clube o facto de me ter renovado o contrato e inscrever em janeiro para poder estar com a equipa. E tenho a possibilidade de ainda poder jogar os últimos jogos. Cabe a mim, claro, estou a sentir-me bem, mas tenho a oportunidade de jogar e poder subir de divisão. E aí a lesão já não interessa. Pode acabar tudo bem e eu acredito bastante que vai ser assim.

- Falou do apoio do clube. E como é trabalhar com Jorge Costa?

- Bastante fácil. Não conhecia. Tinha apenas a imagem dele como jogador e, sinceramente, estando a trabalhar com ele há cerca de um mês - porque tive alta em fevereiro mas desde novembro que estou com ele no clube -, é uma pessoa bastante simples. Claro que se sente o respeito que existe pelo mister mas gosto bastante dos treinos dele. São intensos, como é esperado, e conseguiu depois criar um bom grupo. Quando falo do mister, falo da equipa técnica toda. Tem sido muito fácil lidar com ele. O mister também teve três lesões de ligamento e também me apoiou nesse momento. Sinto esse apoio do treinador. Dá-me tempo mas também não me dá. Ele sabe que posso precisar de algum tempo para voltar ao meu nível mas também puxa por mim.

- Essa ligação entre treinador e grupo também pode fazer toda a diferença.

- Sim, e para mim é sempre bastante importante os jogadores terem esse respeito pelo treinador. Quando isso existe é sempre mais fácil acompanhar as ideias do treinador. Muitas vezes acontece essa ligação não funcionar, entre jogadores e treinador, as coisas não resultam. Mas a ligação entre os jogadores e toda a equipa técnica funciona perfeitamente, um grande ambiente, as ideias estão lá, o que é treinado está no jogo, portanto é uma ligação perfeita.

- Termina contrato no fim da época com o AVS. Quais as perspetivas para o futuro?

- Sinceramente ainda nem quis entrar nesses pensamentos. A época passada, em abril, tinha 30 jogos, estava a pensar muito no futuro e acabei por lesionar-me. Devia ter aproveitado mais o momento. Neste momento só estou feliz por voltar a treinar, poder estar no campo com os meus colegas. Espero só poder ajudar a equipa dentro de campo, sei que sou capaz disso porque trabalhei muito nos últimos meses. A direção e a equipa técnica deram-me essa confiança, inscreveram-me mesmo com oito ou nove meses parado. É porque confia em mim. Por isso espero ainda ajudar a equipa na subida de divisão e no final da época vê-se. Se me oferecerem um contrato, tanto melhor, caso contrário depois veremos.

- Ajudar a equipa e ajudar também a seleção do Luxemburgo? Já leva seis internacionalizações.

- Acredito muito na seleção. É também um grupo fabuloso, está entre o melhor grupo, juntamente com o do AVS. O grupo são jogadores que já conheço desde os 11, 12 anos. Começámos todos nos sub-12 e estão todos já na equipa principal, há essa ligação entre jogadores muito forte. Isso sente-se dentro do campo. Eu espero e acredito que, se conseguir jogar, poder estar lá em junho, para os jogos amigáveis. Tudo é possível.

Eric Veiga perante Cristiano Ronaldo
Eric Veiga perante Cristiano RonaldoInstagram

- É uma seleção do Luxemburgo que tem surpreendido muita gente, que passou as goleadas sofridas até estar às portas de um Europeu. Essa ligação dos jogadores é um dos segredos, é esse trabalho que está a dar frutos?

- Sim. É um grupo bastante jovem, com um ambiente fabuloso. E antigamente havia um ou dois jogadores a jogar no estrangeiro e agora são quase todos. Isso sente-se, é uma diferença brutal na intensidade e na qualidade. E depois isso vê-se nos resultados. Claro que contra Portugal não se viu tão bem em termos de resultado mas nos outros jogos deram uma boa resposta.

- Uma das figuras da seleção do Luxemburgo é Leandro Barreiro, reforço do Benfica na próxima época. O que nos pode dizer sobre o jogador? Surpreendeu-o esta transferência do Mainz para o Benfica?

- Conheço-o bastante bem, dou-me bastante bem com ele mas ainda não falei com ele, porque não o quero chatear. Tenho a certeza que há muita gente a querer falar com ele. Só vou mandar-lhe mensagem quando for 100% oficial. Surpreendeu-me um pouco pelo facto de não vermos muitos jogadores a trocar a Bundesliga por Portugal. Acho que os grandes deviam olhar mais para o campeonato alemão e têm nessas equipas como o Mainz jogadores fabulosos. O Leandro Barreiro no Benfica não estava à espera, mas acredito bastante que se vai adaptar facilmente. Ele é super profissional, é super simples, acredito que tem tudo para dar certo no Benfica.

Eric Veiga fala sobre Leandro Barreiro, reforço do Benfica
Eric Veiga fala sobre Leandro Barreiro, reforço do BenficaOpta by Stats Perform

- É um médio cujas características se assemelham a quem?

- Florentino, sem dúvida. É um box to box, tem um pulmão incrível. Não pára, está em todo o lado. Depois no Benfica pode ter mais a bola. No Mainz é mais complicado, o jogo alemão também é um pouco diferente. Na seleção também não tem sempre a bola e no Benfica pode mostrar-se mais ofensivamente. Ele é pequeno mas a nível dos duelos, mesmo em jogo aéreo, ganha muitas bolas.

- Falando na Alemanha, o Eric foi formado no Bayer Leverkusen. Como tem visto esta época da equipa, outra grande surpresa, tal como o Luxemburgo?

- O Leverkusen é o meu clube na Alemanha. Mudei-me para lá com 15 anos e ainda hoje falo com duas pessoas que trabalham lá no clube. Adorava ver o Leverkusen ser campeão e para mim vai ser campeão. Desde os 15 aos 18 anos ia ver todos os jogos em casa, e adoro mesmo o clube. É um grande clube, a nível de instalações tem tudo, as pessoas com quem partilhei lá esses anos são fabulosas, nada falta. Até percebo o porquê do Grimaldo ter ido para lá. Muitas pessoas questionaram essa decisão mas é outro mundo. O Benfica é um clube gigante mas é outro mundo, outro campeonato, outra envolvência. Ficava bastante contente se o Bayer Leverkusen for campeão.

- O Eric não ficou surpreendido com a afirmação de Grimaldo. Nem o Eric nem o Xabi Alonso, mas surpreendeu muita gente.

- Ainda hoje vejo os comentários dos alemães, perplexos com o facto dele ter chegado a custo zero. A mim não me surpreendeu, ele já vinha de tantos jogos, ritmo elevado, com Liga dos Campeões, sabia que ia dar certo. Tinha visto os jogos da época passada, a forma do Xabi Alonso colocar a equipa a jogar, e o Grimaldo encaixava perfeitamente. É o que se está a ver, com os golos e as assistências. Ainda está a fazer uma época melhor do que com o Benfica.

Os números de Eric Veiga
Os números de Eric VeigaFlashscore