Entrevista Flashscore a Eric Veiga: "Leandro Barreiro tem tudo para dar certo no Benfica"
- Como tem visto esta época do AVS?
- A temporada do AVS tem estado a ser bastante positiva. Estive lesionado, não estive desde o início com a equipa, mas pude acompanhar sempre os jogos em casa. O que posso dizer é que, como também houve muitos jogadores a fazer esta transição do Vilafranquense para o Aves, sentiu-se também que foi mais fácil para a equipa sentir-se bem dentro do campo, essa ligação da época passada. Nada me está a surpreender porque também nada falta a esta equipa. Era esperado um AVS assim forte, tendo em conta o trabalho realizado.
- Essa transição entre Vilafranquense e AVS tornou-se mais simples tendo em conta que não houve uma revolução no plantel.
- Exato. Eu estou há quatro anos no clube e todos os anos havia sempre muitas mudanças de jogadores e demorava bastante tempo para a equipa encontrar-se. Este ano sentiu-se essa facilidade da equipa entender-se dentro de campo e agora que estou com eles, desde novembro, dentro do balneário sente-se isso. É um grupo muito positivo, para mim dos melhores onde já estive. Um grande grupo, uma grande família. Quando os jogadores entendem-se tão bem, dentro e fora de campo, é normal a equipa estar lá em cima.
- Um grupo para lutar pela subida à Liga Portugal. Assumem-se como candidatos, mesmo numa liga tão competitiva?
- A Liga 2 é bastante competitiva, sabemos bem que a cada jornada tudo pode mudar. Mas sim, somos candidatos à subida. Estando durante a época toda sempre nos três primeiros lugares só há um objetivo, que é subir de divisão.
- Teve essa lesão complicada, oito meses afastado devido ao ligamento cruzado do joelho esquerdo. Foi o pior momento da carreira?
- Eu tive a mesma lesão com 16 anos. E foi mais difícil com 16 anos do que agora. Claro que foi bastante duro, a época estava a correr-me bem, fiz praticamente todos os jogos, e quando sabes que vais ter de parar oito ou nove meses, é bastante duro. Mas agora já tenho 27 anos, tentei ver o lado positivo. Pude trabalhar outras coisas, mesmo a nível mental, e sinceramente passou bastante rápido. Não senti tanta dificuldade como da primeira vez. Progredi muito. Posso ter-me perdido ali um pouco no radar do futebol, o meu nome desapareceu um pouco, mas como homem e como ser humano pude crescer bastante e nem vou dizer que era mau ter agora a lesão. Faz parte e nada acontece por acaso. Tenho de agradecer ao clube o facto de me ter renovado o contrato e inscrever em janeiro para poder estar com a equipa. E tenho a possibilidade de ainda poder jogar os últimos jogos. Cabe a mim, claro, estou a sentir-me bem, mas tenho a oportunidade de jogar e poder subir de divisão. E aí a lesão já não interessa. Pode acabar tudo bem e eu acredito bastante que vai ser assim.
- Falou do apoio do clube. E como é trabalhar com Jorge Costa?
- Bastante fácil. Não conhecia. Tinha apenas a imagem dele como jogador e, sinceramente, estando a trabalhar com ele há cerca de um mês - porque tive alta em fevereiro mas desde novembro que estou com ele no clube -, é uma pessoa bastante simples. Claro que se sente o respeito que existe pelo mister mas gosto bastante dos treinos dele. São intensos, como é esperado, e conseguiu depois criar um bom grupo. Quando falo do mister, falo da equipa técnica toda. Tem sido muito fácil lidar com ele. O mister também teve três lesões de ligamento e também me apoiou nesse momento. Sinto esse apoio do treinador. Dá-me tempo mas também não me dá. Ele sabe que posso precisar de algum tempo para voltar ao meu nível mas também puxa por mim.
- Essa ligação entre treinador e grupo também pode fazer toda a diferença.
- Sim, e para mim é sempre bastante importante os jogadores terem esse respeito pelo treinador. Quando isso existe é sempre mais fácil acompanhar as ideias do treinador. Muitas vezes acontece essa ligação não funcionar, entre jogadores e treinador, as coisas não resultam. Mas a ligação entre os jogadores e toda a equipa técnica funciona perfeitamente, um grande ambiente, as ideias estão lá, o que é treinado está no jogo, portanto é uma ligação perfeita.
- Termina contrato no fim da época com o AVS. Quais as perspetivas para o futuro?
- Sinceramente ainda nem quis entrar nesses pensamentos. A época passada, em abril, tinha 30 jogos, estava a pensar muito no futuro e acabei por lesionar-me. Devia ter aproveitado mais o momento. Neste momento só estou feliz por voltar a treinar, poder estar no campo com os meus colegas. Espero só poder ajudar a equipa dentro de campo, sei que sou capaz disso porque trabalhei muito nos últimos meses. A direção e a equipa técnica deram-me essa confiança, inscreveram-me mesmo com oito ou nove meses parado. É porque confia em mim. Por isso espero ainda ajudar a equipa na subida de divisão e no final da época vê-se. Se me oferecerem um contrato, tanto melhor, caso contrário depois veremos.
- Ajudar a equipa e ajudar também a seleção do Luxemburgo? Já leva seis internacionalizações.
- Acredito muito na seleção. É também um grupo fabuloso, está entre o melhor grupo, juntamente com o do AVS. O grupo são jogadores que já conheço desde os 11, 12 anos. Começámos todos nos sub-12 e estão todos já na equipa principal, há essa ligação entre jogadores muito forte. Isso sente-se dentro do campo. Eu espero e acredito que, se conseguir jogar, poder estar lá em junho, para os jogos amigáveis. Tudo é possível.
- É uma seleção do Luxemburgo que tem surpreendido muita gente, que passou as goleadas sofridas até estar às portas de um Europeu. Essa ligação dos jogadores é um dos segredos, é esse trabalho que está a dar frutos?
- Sim. É um grupo bastante jovem, com um ambiente fabuloso. E antigamente havia um ou dois jogadores a jogar no estrangeiro e agora são quase todos. Isso sente-se, é uma diferença brutal na intensidade e na qualidade. E depois isso vê-se nos resultados. Claro que contra Portugal não se viu tão bem em termos de resultado mas nos outros jogos deram uma boa resposta.
- Uma das figuras da seleção do Luxemburgo é Leandro Barreiro, reforço do Benfica na próxima época. O que nos pode dizer sobre o jogador? Surpreendeu-o esta transferência do Mainz para o Benfica?
- Conheço-o bastante bem, dou-me bastante bem com ele mas ainda não falei com ele, porque não o quero chatear. Tenho a certeza que há muita gente a querer falar com ele. Só vou mandar-lhe mensagem quando for 100% oficial. Surpreendeu-me um pouco pelo facto de não vermos muitos jogadores a trocar a Bundesliga por Portugal. Acho que os grandes deviam olhar mais para o campeonato alemão e têm nessas equipas como o Mainz jogadores fabulosos. O Leandro Barreiro no Benfica não estava à espera, mas acredito bastante que se vai adaptar facilmente. Ele é super profissional, é super simples, acredito que tem tudo para dar certo no Benfica.
- É um médio cujas características se assemelham a quem?
- Florentino, sem dúvida. É um box to box, tem um pulmão incrível. Não pára, está em todo o lado. Depois no Benfica pode ter mais a bola. No Mainz é mais complicado, o jogo alemão também é um pouco diferente. Na seleção também não tem sempre a bola e no Benfica pode mostrar-se mais ofensivamente. Ele é pequeno mas a nível dos duelos, mesmo em jogo aéreo, ganha muitas bolas.
- Falando na Alemanha, o Eric foi formado no Bayer Leverkusen. Como tem visto esta época da equipa, outra grande surpresa, tal como o Luxemburgo?
- O Leverkusen é o meu clube na Alemanha. Mudei-me para lá com 15 anos e ainda hoje falo com duas pessoas que trabalham lá no clube. Adorava ver o Leverkusen ser campeão e para mim vai ser campeão. Desde os 15 aos 18 anos ia ver todos os jogos em casa, e adoro mesmo o clube. É um grande clube, a nível de instalações tem tudo, as pessoas com quem partilhei lá esses anos são fabulosas, nada falta. Até percebo o porquê do Grimaldo ter ido para lá. Muitas pessoas questionaram essa decisão mas é outro mundo. O Benfica é um clube gigante mas é outro mundo, outro campeonato, outra envolvência. Ficava bastante contente se o Bayer Leverkusen for campeão.
- O Eric não ficou surpreendido com a afirmação de Grimaldo. Nem o Eric nem o Xabi Alonso, mas surpreendeu muita gente.
- Ainda hoje vejo os comentários dos alemães, perplexos com o facto dele ter chegado a custo zero. A mim não me surpreendeu, ele já vinha de tantos jogos, ritmo elevado, com Liga dos Campeões, sabia que ia dar certo. Tinha visto os jogos da época passada, a forma do Xabi Alonso colocar a equipa a jogar, e o Grimaldo encaixava perfeitamente. É o que se está a ver, com os golos e as assistências. Ainda está a fazer uma época melhor do que com o Benfica.