Léo Teixeira brilha no Felgueiras: "Somos capazes de fazer algo muito bonito este ano"
Acompanhe o Felgueiras no Flashscore
Passo a passo, degrau a degrau, Léo Teixeira foi subindo patamares até atingir o profissional. Não foi fácil. Aliás, como acredita o próprio, foi como teve de ser.
Em 2021/22, o extremo protagonizou, no seu entender, uma época suficientemente boa no Fafe para dar o salto, mas… não subiu um degrau.
Seguiu para a Póvoa de Varzim, no mesmo patamar competitivo, e foi no ano em que menos esperava que acabou por ter a oportunidade de ascender aos campeonatos profissionais. E está muito grato ao Felgueiras por isso, como deu conta nesta entrevista exclusiva ao Flashscore.
"Segredo está na nossa atitude defensiva"
- O Felgueiras é 7.º classificado da Liga 2, com 11 pontos, fruto de duas vitórias, cinco empates e apenas uma derrota, isto na época em que está de regresso aos campeonatos profissionais. Estão satisfeitos?
- Claro que sim, estamos satisfeitos. Bem, se calhar estamos com um sabor agridoce em relação a alguns resultados. Ou seja, estamos bem, mas podíamos estar melhor.
- São a segunda melhor defesa do campeonato (seis golos sofridos), apenas superados pelo Vizela. Onde está o segredo?
- Está mesmo nisso, na nossa atitude defensiva. Trabalhamos imenso, é uma das ideias impostas pelo mister. É muito do nosso trabalho defensivo que estamos a ter estes resultados.
- É a sua primeira época no Felgueiras. Como foi recebido pelo grupo?
- Muito bem. É um grupo fantástico, muito unido. Já tinha essa ideia, porque joguei contra eles no ano passado e já tinha sentido isso. Sinto muito que nos sacrificamos uns pelos outros.
- Qual a meta para a nova temporada?
- O nosso objetivo é jogo a jogo, ganhar todos os jogos possíveis. A Liga 2 é muito longa e em 2-3 jogos pode inverter tudo. Vamos jogar sempre para ganhar e no fim fazemos as contas.
"Ainda não conquistei nada, mas posso estar feliz pelo meu início de época"
- O Felgueiras abriu-lhe a porta para os campeonatos profissionais. Qual o significado?
- Confesso que na época em que pensei que não ia conseguir dar o salto foi quando tive a oportunidade. Já tive a chance de dar o salto antes, mas, por alguns problemas com direitos de formação, isso não foi possível. Só tenho de agradecer ao clube e ao treinador por apostarem em mim. Já tinham interesse no ano passado e há dois anos em me ter na equipa, e mesmo não fazendo uma época (2023/24) nada por aí além, tenho noção disso, eles acreditaram e confiaram em mim. Acho que tenho retribuído dentro de campo.
- Os adeptos do Felgueiras são reconhecidos por serem bastante fervorosos. Também eles são importantes?
- São sempre importantes em qualquer clube. No Varzim, já tinha tido uma boa experiência, com uma massa associativa que toda a gente conhece, uma das que mais vive o futebol em Portugal. No Felgueiras, sinto também uma massa adepta muito apaixonada pelo clube e muito humilde. Isso é muito importante.
- O Léo segue com três golos em nove jogos, sendo ainda o jogador mais utilizado pelo treinador Agostinho Bento. Como se explica?
- Estou a desfrutar muito e sinto-me muito bem. E quando nos sentimos bem e estamos felizes, acho que as coisas acontecem naturalmente. Se esperava? Claro que sim, e espero fazer ainda melhor até ao final da época. Ainda não conquistei nada, mas posso estar feliz pelo meu início de época.
- Esta pausa por não estarem na Taça de Portugal foi boa?
- É sempre aquele sentimento de não estarmos a jogar, talvez por culpa própria. Mas, ao mesmo tempo, é bom para descansar e aliviar a pressão dos jogos.
"As ideias do mister vão ao encontro das minhas características"
- O que gostaria de conquistar pelo Felgueiras?
- A subida de divisão é sempre um sonho que qualquer jogador tem neste momento, e acredito que, pelo que temos demonstrado e pelo que temos trabalhado, se formos jogo a jogo, somos capazes de fazer algo muito bonito este ano.
- Como avalia a competitividade da Liga 2?
- É, sem dúvida, um campeonato muito exigente. Jogamos qualquer jogo como uma final. As equipas são equivalentes em termos de qualidade e objetivos. Não vou dizer que na Liga 3 houvesse tanto desnivelamento, até porque há muitos jogadores com qualidade na Liga 3 e no Campeonato de Portugal que mereciam estar na Liga 2. Mas sinto alguma diferença, sobretudo pela experiência de alguns jogadores.
- O que o mister vos pede? O que é que nunca vai faltar ao Felgueiras do mister Agostinho?
- Atitude. Não deixar o adversário jogar. Uma das nossas vantagens é a parte defensiva e a capacidade de defender. O mister trabalha muito isso e acho que a principal diferença para as outras equipas é que nunca baixamos os braços. Mesmo agora em Leiria (1-3), sofremos um golo no início, mas nunca baixamos os braços e acabámos por sair com a vitória. Isso demonstra o que é a nossa equipa.
- Do ponto de vista mais pessoal, sente que teve de mudar a sua forma de jogar?
- Não, porque as ideias do mister vão ao encontro das minhas características. Trabalho muito o físico e a velocidade, e como treinamos muito esses aspetos, as minhas qualidades acabam por sobressair.
- Acredita que esta temporada nos campeonatos profissionais é a grande oportunidade da sua carreira?
- Acredito muito nisso. É a primeira vez que estou a jogar num campeonato totalmente profissional e sinto que estou a fazer um bom início de época.
"Acho que posso ter um futuro muito risonho e feliz"
- Distrital de Coimbra, Campeonato de Portugal, Liga 3 e Liga 2... Foi difícil chegar até aqui?
- Não digo que tenha sido difícil. Teve de ser um caminho feito passo a passo, sem dar um salto maior do que a perna. Quando pensamos que queremos chegar rápido, depois podemos ter uma quebra quando não conseguimos. Acho que, ao longo destes anos, consegui crescer como jogador e pessoa, e isso está a ajudar bastante para o que estou a viver agora.
- Ficou frustrado por não chegar tao rápido ao patamar profissional?
- Não posso dizer isso. Se não aconteceu, é porque não era para acontecer. Mas claro que, depois da época que fiz em Fafe - creio ter sido essa a maior rampa de lançamento desde que sou sénior -, posso assumir um bocado essa frustração. Senti que era o ano do salto. Ainda assim, saio para um Varzim com um projeto muito bom, mas o principal objetivo na altura era dar o salto para a Liga 2.
- É uma prova de que é importante não desistir.
- Exatamente.
- Fica a faltar agora a Liga. Aos 25 anos, como está isso na sua cabeça?
- Passo a passo. Se tiver de acontecer no próximo ano, acontece. Se não acontecer, continuo a trabalhar e a dar o máximo. Futuro? Se continuar a trabalhar e a jogar como tenho feito, acho que posso ter um futuro muito risonho e feliz.
"Prometo que faço um salto mortal após o próximo golo"
- Gostava de lhe perguntar sobre o festejo após o golo contra o Chaves, em que faz um mortal. Como surgiu essa ideia? Inspirou-se em alguém?
- Vou ser sincero, acho que foi a primeira vez que fiz esse festejo. Já tinha pensado nisso, no dia anterior tinha falado que ia marcar um golo para me redimir do penálti que falhei contra o Amora. Falei com algumas pessoas que me sugeriram vários tipos de festejos, mas eu disse que ia dar um mortal. Quando marquei o golo, lembrei-me do que tinha dito e acabou por sair.
- Mas não faz o mortal depois do golo em Leiria...
- Não faço, não (risos). Foi numa altura do jogo em que já estava algo fatigado. Às vezes o piso do campo também não ajuda, mas claro que, se tiver de fazer, farei.
- Fica o desafio. No próximo, faz?
- Posso prometer isso (risos).
- Além disso, o que pode prometer aos adeptos?
- Em relação a mim, posso prometer que vou continuar a trabalhar e a dar tudo em campo, como tenho feito até agora. Não posso prometer muito mais do que isso. Em termos coletivos, acho que eles têm noção do que temos vindo a fazer, e estas duas vitórias que tivemos agora pecam por tardias, mas chegaram numa boa altura e podem proporcionar algo mais. Daqui para a frente, vamos dar ainda mais dentro de campo.
- Por fim, o que significa o futebol na sua vida?
- É a minha vida. Tenho de agradecer aos meus pais, que desde muito jovem me acompanharam sempre para todo o lado. Muitas vezes deixaram de trabalhar para nunca desistirem de mim. Se tenho tudo o que tenho hoje, é graças a eles.