Play-off Liga 2: Dérbi com história vai definir a pirâmide do futebol português
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Desde os últimos dérbis entre Feirense e Lusitânia que os tempos mudaram. Hoje em dia, são raros os jogadores que se identificam com o local onde jogam, mas há neste dérbi, como em todos os outros, algo que não deixa morrer esta rivalidade - os seus adeptos.
Quis o destino que a longa caminhada do Lusitânia de Lourosa desde as distritais de Aveiro encontrasse o Feirense, eterno rival, como final boss de um jogo longo e recheado de capítulos difíceis.
Estabilizados nos campeonatos profissionais no século XXI, os fogaceiros jogam pela manutenção na Liga 2, mas também pelo orgulho de Santa Maria da Feira, que recebe uma final à Champions em ponto pequeno na manhã de domingo.
A salvação nas mãos de Lito Vidigal
Os anos vão passando e a experiência do Feirense na Liga Portugal parece cada vez mais distante. Não só pelas cinco épocas que já passaram (que serão seis na próxima temporada), mas também pelas diferenças no próprio clube.
Depois de lutar pela subida nas primeiras duas épocas no segundo escalão, o nível de investimento e organização começou a cair e, com isso, o Feirense ficou mais perto da Liga 3 do que da Liga Portugal.
Na época passada, sob o comando de Rui Ferreira, a equipa ganhou alguma tranquilidade que parecia começar a faltar fora das quatro linhas, mas foi na passagem para 2023/24 que tudo mudou.
Os conflitos entre clube e a SAD fizeram com que a equipa tivesse mesmo sido impedida de utilizar as instalações do clube no início da época e dificultaram o planeamento da temporada. Perante essa situação, o Feirense sentiu dificuldades evidentes ao longo da época - os fogaceiros só estiveram uma jornada (2.ª) acima do 10.º lugar.
Depois de uma longa sequência de jogos sem vencer, Ricardo Sousa deu lugar a Lito Vidigal (leia aqui a entrevista ao Flashscore), mas o experiente técnico que chegou a fazer história em Arouca não conseguiu inverter a situação. Com apenas uma vitória em sete jornadas, o Feirense, em 15.º no momento da chegada do técnico angolano, caiu para o play-off de descida.
1988 já foi há muitos anos
36 anos, para sermos mais claros. Não se sinta velho caso tenha nascido neste ano, mas a verdade é que para os adeptos do Lusitânia de Lourosa é mesmo muito tempo.
É preciso recuar até 1988 para voltarmos a encontrar o Lusitânia entre os clubes do segundo escalão do futebol português. Nessa altura, a competição ainda era dividida entre Zona Norte, Centro e Sul e o conjunto de Lourosa ficou em último lugar a Norte, com apenas 23 pontos.
Na altura não se sabia, mas esta seria mesmo a última passagem dos corticeiros pela Liga 2. O clube acabou até por cair para as distritais de Aveiro e durante alguns anos caiu no esquecimento, até que o investimento financeiro, de infraestruturas e comunicação (o Lusitânia de Lourosa foi dos primeiros clubes a transmitir os seus jogos no Youtube) voltou a devolver a emoção à cidade de Lourosa. Faltava, claro, o regresso aos campeonatos profissionais.
Tentativas não faltaram. Ao longo dos últimos anos, o Lusitânia de Lourosa apresentou sempre projetos de subida, teve de dar alguns passos atrás para depois dar dois em frente, mas eis que se encontra mais perto do que nunca da Liga 2. Depois de vencer a primeira mão contra o eterno rival por 1-0, um empate em Santa Maria da Feira basta para voltar 36 anos atrás no tempo.
Tática: fazer pela vida
As duas equipas têm estilos diferentes. A chegada de Lito Vidigal fez com que o Feirense colocasse um foco maior no seu processo defensivo. Os fogaceiros utilizam um 3-4-3, sendo que um dos médios (Washington) é central de raiz. Com um estilo mais físico, o Feirense conta com elementos experientes para esta fase decisiva da temporada, mas o futebol praticado não tem convencido.
Na Liga 2, o Feirense venceu apenas três vezes por mais de um golo de diferença, o que prova desde logo a falta de eficácia ofensiva da equipa de Lito Vidigal - Antoine e Dudu, com cinco golos cada, são os melhores marcadores da equipa.
O Lusitânia vem de um trajeto distinto. A época dos Leões não foi perfeita, diga-se, mas o 4-2-3-1 do conjunto orientado por Jorge Pinto fez a diferença na Liga 3. Com os talentosos Jefferson Nem e Diogo Rosado (lembra-se?), o Lusitânia tem facilidade em criar ocasiões de golo, mas também não é propriamente o conjunto mais eficaz (Fábio Fortes e Mika Borges têm 10 golos cada).
Para garantir o regresso à Liga 2, o setor defensivo terá de voltar a conseguir o equilíbrio do encontro da 1.ª mão, que marcou o regresso aos jogos sem sofrer golos, o que não acontecia há quase três meses.
Neste regresso ao passado no concelho de Santa Maria da Feira, só uma equipa poderá marcar a sua posição no segundo degrau da pirâmide do futebol português. Para já, a vantagem está do lado da equipa da Liga 3.
Onze provável do Feirense: João Costa, Guilherme Ferreira, Tony Shimaga, Cláudio Silva, Picas, Washington, Henrique Jocú, Bruno Silva, Dudu Hatamoto, Carnejy Antoine, Olamide Shodipo
Onze provável do Lusitânia: José Costa, Tiago Mesquita, Dmytro Lytvyn, Marcos Valente, Nandinho, Henrique Martins, Edgar Abreu, Diogo Rosado, Jefferson Nem, Goba Zakpa, Mika Borges