20 anos da morte de Miki Fehér
25 de janeiro de 2004 é uma data infame. Disputava-se a 19.ª jornada da Liga, com o Benfica a vencer o Vitória SC em Guimarães (treinado por Jorge Jesus e com nomes como Abel Ferreira ou Bruno Alves em campo) com um golo de Fernando Aguiar aos 90 minutos. Contudo, o resultado acabou por ser o menos importante de uma partida que ficou gravada na história do futebol português.
Lançado aos 59 minutos, Miklos Fehér, que tinha assistido para o golo, caiu inanimado no relvado aos 90+1 minutos, depois de ter visto um cartão amarelo por estar a perder tempo. A imagem marca pela sequência: o avançado recuou, sorriu e tombou. O último sorriso, lia-se na primeira página, negra, de A BOLA no dia seguinte.
As equipas médicas de ambos os clubes tentaram reanimar sem sucesso o jogador, enquanto o país assistia, pela televisão (e alguns milhares no estádio) à morte do internacional húngaro, com apenas 24 anos. O óbito, contudo, viria a ser declarado mais tarde, no hospital de Guimarães. Morte súbita.
Uma das tragédias mais marcantes do futebol português, e que aconteceu 31 anos depois de Pavão, então jogador do FC Porto também ter falecido em campo, num duelo com o Vitória FC.
A promessa húngara
A tragédia de Fehér foi um marco no futebol português, mas também na Hungria. Formado no Gyori ETO, o avançado, então com 24 anos, era considerado como um dos mais promissores do país magiar, que procurava reerguer-se no novo milénio.
Tinha chegado a Portugal em 1998, então com 19 anos, para jogar no FC Porto, mas teve dificuldades em encontrar o espaço no Dragão. Depois de empréstimos a Salgueiros e SC Braga acabou por rumar ao Benfica em 2002, onde somou oito golos em 37 partidas.
Internacional pela Hungria em 27 ocasiões, participou numa única competição continental: o Europeu sub-18 de 1997.
Longe de ser um portento de talento dentro de campo, acabou por ficar na história do Benfica. Em Assembleia Geral os associados aprovaram a moção para retirar o 29, número que não mais foi utilizado pela equipa principal. As chuteiras, a camisola e o desfibrilhador usado estão expostos no Museu Cosme Damião. Dá também nome a um prédio atribuído pelas águias.