A irreverência da juventude de João Neves ajudou o Benfica a recuperar o sorriso
Há poucos meses poucos imaginariam esta situação, mas quando o Benfica entrou no Estádio da Luz para defrontar o Estoril, no passado domingo, as águias estavam numa sequência de quatro jogos consecutivos sem vencer (três derrotas e um empate) que deixava, ainda que provisoriamente, o rival FC Porto a um ponto da liderança do campeonato.
Habitualmente conservador na escolha do onze – e nas mudanças que faz durante a partida – Roger Schmidt surpreendeu. Diante de um Estoril envolvido na luta pela manutenção, reconfigurou o meio-campo: Florentino Luís, habitual peça-chave no equilíbrio defensivo, ficou no banco, com João Neves a fazer a estreia a titular na Liga, aos 18 anos.
E o médio acabou por ser um dos destaques na vitória do Benfica. Desde logo pela irreverência que trouxe ao meio-campo das águias, algo que não se via desde a saída de Enzo Fernández para o Chelsea. Muito ativo, João Neves esteve sempre em jogo e com a capacidade de verticalizar o jogo ofensivo, ou, quando necessário perante o bloco baixo do Estoril, rapidamente virar o centro de jogo para encontrar espaços menos preenchidos. O internacional sub-19 português terminou como o jogador com mais passes e mais toques na bola da partida.
Algo que Chiquinho, por exemplo, não conseguiu fazer diante do Chaves. Numa partida em que o Benfica teve grande parte do controlo da bola e esteve mais ativo no meio-campo adversário, o médio luso não conseguiu imprimir dinâmica necessária para fazer rodar a bola e fazer mexer o bloco adversário.
Esta era, de resto, uma das grandes qualidades de Enzo Fernández. O agora médio do Chelsea possuía uma excelente qualidade de passe e visão de jogo que beneficiou um Benfica habituado a jogar contra blocos baixos. Se olharmos para o mapa de passes do argentino diante do Chaves, na primeira volta (que as águias golearam) vemos sempre uma preocupação em virar o flanco de jogo, obrigando a mais trabalho do bloco defensivo adversário que assim se vai desgastando.
A amostra é reduzida – com um jogo completo, João Neves dobrou os minutos que tinha amealhado nas outras 14 partidas – mas deixa antever boas coisas para o jogador de 18 anos que se tornou aposta de Roger Schmidt e pode preencher uma lacuna que ficou no meio-campo do Benfica desde a saída de Enzo Fernández.