AG do Benfica: Sócios pedem demissão durante o discurso de Rui Costa
A manhã de sábado foi marcada pela grande afluência dos sócios ao Pavilhão n.º2 da Luz para a Assembleia Geral do Benfica, o que motivou a alteração da assembleia da parte da tarde para o Estádio da Luz.
Foi já no novo palco que os sócios decidiram confrontar Rui Costa, presidente do Benfica, num dia em que o clube encarnado procura aprovar o orçamento para a temporada 2024/25.
O dirigente benfiquista falava aos sócios quando foi interrompido por apupos e gritos a exigir a sua demissão, especialmente após ter mencionado a operação Cartão Vermelho.
O discurso de Rui Costa na íntegra:
"É a estratégia que está por detrás do documento que aqui hoje (sábado) submetemos à vossa aprovação. É um orçamento ambicioso, que mais uma vez privilegia a partida desportiva e que pretende apetrechar as nossas equipas das melhores condições para ganharem. Ainda assim, trata-se de um orçamento equilibrado, responsável, que reforça a robusta situação económica e financeira que soubemos construir, fruto apenas do nosso trabalho e da gigantesca família benfiquista e assim queremos continuar.
Mas este orçamento é também o reflexo da estratégia que seguimos e do que pretendemos para o futuro do nosso Benfica. Queremos um Benfica cada vez mais vitorioso e daí esta aposta na vertente desportiva expressa nas linhas fundamentais deste orçamento, cuja componente mais técnica será daqui a pouco detalhada pelo nosso diretor financeiro, Paulo Alves. Tenho assistido em silêncio a muitos ataques ao longo das últimas semanas, sobretudo nos últimos dias, mas é aqui, diante dos sócios, diante de vós, diante da família benfiquista que quero esclarecer tudo o que está a acontecer no clube e deixar claro o rumo para o futuro.
Podemos discutir política desportiva, podemos criticar e debater a estratégia do clube, podemos discutir a minha liderança, mas não posso admitir que coloquem em causa a seriedade e o caráter de quem aqui está. Fiz questão que todos pudessem conhecer as auditorias antes desta assembleia geral. Fiz questão que pudessem, com um ano e meio de distância, discutir os novos estatutos do clube. Faço questão que todos os temas sejam aqui discutidos num sentido democrático e com transparência que o nosso Benfica nos exige.
Relativamente à política desportiva, em duas épocas no futebol em que pudemos planear desde o início, ganhámos uma e perdemos outra. Sim, ficámos aquém do que queríamos. Foram cometidos erros que já estão identificados e vão certamente ser corrigidos para a próxima temporada. Uma época que considero muito abaixo das nossas expectativas, irá permitir-nos na mesma, ao contrário de outros anos, marcar presença na Liga dos Campeões e no Campeonato Mundial de Clubes. Ainda na vertente desportiva, o ano passado, contando com todas as modalidades de pavilhão e futebol, ganhámos oito em doze campeonatos. Ganhámos o dobro daquilo que os nossos adversários ganharam juntos.
Esta época, e ainda sabendo que a ausência do título de campeão de futebol nos deixa totalmente insatisfeitos, ganhámos seis em doze campeonatos, podemos voltar a ganhar oito em doze, contabilizando o hóquei feminino e masculino. Mais uma vez, o dobro dos nossos adversários em conjunto e afinal, parece que no Benfica tudo está mal e tudo precisamos mudar (assobios e protestos dos sócios). Exigência e ambição sim, mas não nos podemos autodestruir. Temos também de saber valorizar tudo aquilo que temos feito e tudo aquilo que temos ganho. Já chega todos os que nos querem abater pela nossa grandeza e por ser quem somos. Se eu puder continuar a falar, eu agradeceria da mesma forma que eu irei estar aqui todo dia a ouvir o que têm para dizer.
Temos procurado informar os sócios de tudo o que fazemos. A cada mercado, justifico cada uma das contratações, o seu racional a venda dos jogadores. Fizemos uma auditoria a todos os contratos que estão na operação Cartão Vermelho.
Vamos fazer uma nova auditoria aos contratos que estão sob investigação das autoridades e assim será sempre que haja dúvida por parte da Justiça. Sempre. Mais importante ainda, posso garantir que neste mandato praticamos as melhores práticas de compliance e aplicamos as indicações da FIFA para garantir total transparência em cada transferência.
Relativamente aos FSEs (Fornecimentos e Serviços Externos), tenho lido e ouvido muito durante estes dias. Mas vamos ser claros, tem sido um cavalo de batalha desta Direção destacar o crescimento anual dos FSEs e garantir total prioridade à componente desportiva. Daí os investimentos alargados, inclusive nas nossas modalidades.
Não há nenhum fator que não tenha sido visto, examinado e em detalhe ao longo dos últimos três anos. É uma trajetória que está a ser vista e uma batalha que está a ser ganha, apesar dos valores da Europa, dos compromissos assumidos e apesar de termos todas as equipas a competir na Europa, como nunca tivemos, com todos os respetivos custos que apresentam. Existe, tem sido as maiores batalhas internas garantir o investimento máximo na componente desportiva, diminuindo tudo o que é acessório. A proximidade máxima, a prioridade máxima é vencer".