Análise: Alan Varela ganha preponderância na ideia de Sérgio Conceição
Consumada a saída de Matheus Uribe para o Catar, o FC Porto estava desesperado por encontrar outro esteio para o meio-campo. O cafetero era peça-chave para Sérgio Conceição e a saída obrigou o técnico azul e branco a redesenhar o sector intermediário.
Começou por apostar em Eustaquio e Grujic, na Supertaça. Depois viu chegar Nico González, do Barcelona, que pareceu agarrar o lugar que agora pertence a Alan Varela, que já se assumiu como o comandante do meio-campo azul e branco.
Contratado ao Boca Juniors por 8 milhões de euros, chegou com a rodagem de meia época na Argentina e talvez isso ajude a explicar o facto de ser o reforço com mais minutos nas pernas esta época. Desde que chegou (e ficou elegível para jogar) só falhou o duelo com o Rio Ave e só diante do Arouca é que saiu do banco, sendo titular nas cinco partidas restantes.
O farol
Alan Varela chegou a um FC Porto que se encontra em fase de renovação. Um médio mais defensivo, o argentino de 22 anos já experimentou dois sistemas táticos diferentes: ora jogou em dupla com Eustaquio no meio-campo, ora atuou como pivô mais recuado com dois interiores à frente. Certo é que acaba por ter funções semelhantes.
Excluindo o teste de três centrais diante do Estrela da Amadora, Alan Varela recua em posse para o meio dos centrais e é ele que organiza a saída de bola dos dragões, distribuindo o esférico na procura do caminho mais rápido para chegar à baliza adversária.
Não admira por isso que seja um dos jogadores mais requisitados. Sobretudo num jogo como o de quarta-feira diante do Barcelona, em que os blaugrana muitas vezes tentaram pressionar alto e a equipa procurou sempre Alan Varela.
Dotado de uma boa visão de jogo, o argentino também procura sempre rodar o sentido de jogo, aproveitando muitas vezes a profundidade nas alas conferida por João Mário e Galeno.
Recuperador
Apesar de jogar com dois centrais que não são conhecidos pela velocidade (Fábio Cardoso e David Carmo), Sérgio Conceição não abdica de uma linha alta. E uma forma de combater as eventuais bolas nas costas da defesa é a pressão alta conduzida pelo meio-campo.
E aí Alan Varela volta a desempenhar um papel importante. Médio mais defensivo da dupla intermediária, o argentino de 22 anos muitas vezes adianta-se para ir pressionar o construtor da equipa adversária (fez isso com Gundogan), o que resulta em recuperações de bola no meio-campo ofensivo e permitem à equipa sentir confiança para dar uns passos em frente em fase defensiva.
Se é certo que a amostra é relativamente pequena (seis jogos), também não deixa de ser verdade que Alan Varela parece ser o reforço que melhor se está a adaptar às ideias de Sérgio Conceição. E o treinador portista agradece, com um novo Uribe para moldar.