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Análise: O perfil de Zubizarreta e o reencontro que Villas-Boas deseja no FC Porto

François Miguel Boudet
Andoni Zubizarreta e André Villas-Boas com o antigo presidente do Marselha, Jacques-Henri Eyraud
Andoni Zubizarreta e André Villas-Boas com o antigo presidente do Marselha, Jacques-Henri EyraudAFP
André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, anunciou esta quinta-feira que, se for eleito a 27 de abril, Andoni Zubizarreta será o seu diretor desportivo nos dragões. O Flashscore traça-lhe um perfil da peça que faltava na candidatura de Villas-Boas.

O anúncio de Zubizarreta como diretor desportivo de Villas-Boas

André Villas-Boas e Andoni Zubizarreta foram colaboradores próximos no Olympique de Marselha e poderão voltar a sê-lo no FC Porto. O antigo guarda-redes espanhol, que também passou pelo Barcelona, aceitou a proposta do aspirante a presidente, para se tornar diretor desportivo do FC Porto, caso AVB seja eleito.

Zubi foge ao conflito

Há dois períodos distintos na passagem de Zubizarreta pelo Marselha. Em 2016, foi nomeado por Frank McCourt, o novo proprietário do clube, que chegou após 20 anos da era Louis-Dreyfus. Nessa altura, Rudi Garcia era o treinador e a sua personalidade era o oposto do basco.

"Zubizarreta não é um homem de conflitos, e o Marselha é um clube de conflitos", explica o jornalista Mourad Aerts, jornalista do Olympique de Marselha, ao Flashscore. Ao contrário de Rudi Garcia, Zubizarreta tenta evitar confrontos e trabalhar em harmonia. Isso funciona quando há pessoas que querem ir na mesma direção, mas quando se encontram pessoas que têm outros interesses e vontade de ir noutra direção. É preciso entrar em confronto, que não é o que Zubizarreta tem feito.

Com o seu braço direito Albert Valentín, "Zubi" propõe, mas Garcia dispõe. O treinador fez o corte final e contratou Kostas Mitroglou, Grégory Sertic e Kevin Strootman, três fracassos retumbantes que custaram caro, no caso do grego e do neerlandês em transferências (15 e 25 milhões de euros, respetivamente), mas também em salários.

Durante anos, Strootman continuou a ser um dos jogadores mais bem pagos do Marselha, apesar de uma série de empréstimos sem sucesso.

"Existem dois Zubizarretas", explica Mourad Aerts ao Flashscore.

"Há o que tem a imagem pública de uma pessoa desajeitada, preguiçosa, que dorme demais e não trabalha aos domingos. Mas há também a imagem interna, que é muito diferente. Tenho tido ótimas críticas. É um cavalheiro, um bom ouvinte, muito competente, muito educado, e é um prazer trabalhar com ele no departamento de recrutamento. A dupla que formou com Valentín estava à frente do seu tempo, com boas ideias que foram apresentadas a Rudi Garcia, que nada fez com elas", acrescenta o jornalista francês.

Apesar de Rudi Garcia ter chegado à final da Liga Europa em 2018, deixou o clube na época seguinte, com o seu índice de popularidade em mínimos históricos.

Zubizarreta apostou então em Villas-Boas, um grande golpe para um clube francês. O "Special Two", antigo adjunto de José Mourinho, tinha uma boa reputação. Acima de tudo, a sua mentalidade coincidia com a do diretor desportivo. Foi com o português que contratou Valentin Rongier, atual capitão do Marselha. A pedido de AVB, contratou Darío Benedetto, recente finalista da Taça Libertadores, do Boca Juniors. No entanto, "El Pipa" chegou lesionado e não conseguiu causar impacto.

O homem certo para a negociação?

O Olympique de Marselha é um clube que procura negociar, mas essa política de compra e venda é regularmente prejudicada por finanças complexas, e muitas vezes é a restrição que impulsiona as transferências, em vez de uma posição de força.  Zubizarreta viveu isso na pele.

"Não sobrou um tostão, por isso tivemos de vender jogadores como o Lucas Ocampos", explica Mourad Aerts.

Quando o Fulham contratou André-Frank Zambo Anguissa, o clube ficou feliz por vendê-lo por 30 milhões de euros e fazer uma grande venda, mas Zubizarreta estava convencido de que, uma ou duas temporadas depois, o Marselha poderia vendê-lo por um valor ainda maior. O futuro deu-lhe razão, pois o camaronês foi um dos principais jogadores do campeão italiano Nápoles.

Paradoxalmente, foi numa altura em que conseguia trabalhar com mais calma que o basco deixou o Marselha.

"O clube considerou que já não era suficiente", diz Mourad Aerts.

"Precisávamos de comprar e vender, e não sei se isso é do feitio de Zubizarreta. Se ele se tornasse diretor desportivo do FC Porto, isso poderia levantar uma série de questões", acrescenta o jornalista francês ao Flashscore.

"A estrutura do FC Porto é muito mais forte do que a do Marselha, mas é um clube que faz muitas transações. No Marselha, tal como no Barcelona, Zubizarreta não provou que era o mais forte nesse departamento", defende Mourad Aerts.