André Villas-Boas aborda caso de Cardoso Varela e o tribunal das Antas "ausente nas últimas sete épocas"
Cardoso Varela: "Um caso de um jovem, de 15 anos, chamado Cardoso Varela, português, de origem africana, que estava a ser formado no FC Porto, vítima de um processo nebuloso que tem que ter um epílogo que sirva para não incentivar o crime. Quase a assinar contrato profissional, caiu nas malhas de determinados agentes, que aproveitaram a debilidade financeira da família para o desviar, obrigando-o a fugir ao clube, que garantia a sua integridade, a troco de uma quantia monetária e uma vinculação a uma contratualização leonina que hipoteca o futuro desportivo e o desenvolvimento humano. O FC Porto assegurava a este jovem formação desportiva e formação escolar, apoio social e psicológico e, sempre em contacto direto com a família, de forma a garantir o seu desenvolvimento como um todo. Quase foi inscrito num clube de uma liga que se escuda num buraco legislativo e regulamentar que viola os direitos básicos de integridade. Ali seria sempre e apenas um bem transacionável. Podíamos ter optado pela via mais fácil. Entrar num leilão desumano, em que os maiores beneficiários seriam os agentes, que ignoram a vertente humanista do desporto e clubes que não cuidam verdadeiramente dos seus atletas. Pelo contrário, investimos os nossos esforços na recuperação do jovem, envolvemos as autoridades policiais e jurídicas nacionais e internacionais, promovemos processo junto das instâncias reguladoras, como as instâncias da FIFA. A razão está do nosso lado e esperamos que este caso seja um dos últimos em que jovens jogadores não são protegidos de interesses obscuros. Queremos dar o nosso exemplo, para que os jovens, as suas famílias, os seus clubes não sejam passivos e envolvam as autoridades e, em caso de necessidade, recorram às instâncias jurídicas, para que a impunidade e o esquecimento não traiam os ideais do desporto".
Assobios dos adeptos: "O FC Porto não quer estar três anos sem ganhar o campeonato nacional, passaram-se duas épocas sem o título, a exigência está presente, sempre foi assim, o tribunal das Antas e do Dragão é muito conhecido, esteve ausente das últimas sete épocas (anos em que Sérgio Conceição esteve no comando do clube) da sua exigência, é uma evidência, regressou em força e os adeptos sentem essa ansiedade e tem-no demonstrado. Os adeptos são soberanos, quando têm de assobiar assobiam. Estamos aqui para ganhar, ninguém está para perder, essa é a mensagem que o treinador (Vítor Bruno) tem passado ao grupo, que eu tenho passado ao grupo e os jogadores têm consciência. São situações normais de lidar, temos registado o desagrado dos atletas, é sinal importante para nos e de reeducação da massa adepta portista, porque se os adeptos revelam descontentamento relativamente à situação é porque também tem de haver reeducação, uma nova forma de estar no estádio".
Pedidos por Sérgio Conceição: "Os assobios parecem-me orgânicos, isso aí (grafitis a pedir Sérgio Conceição) parece-me apenas uma patetice, uma encomenda infantil. Os Super Dragões enquanto associação e grupo organizado distanciou-se imediatamente disso e não temos nada a ver com isso. Apenas uma patetice e infantilidade de alguém que quer prejudicar o FC Porto. Quem foi? Um infeliz qualquer. O problema é para a Porto Ambiente, que passa a vida a limpar muros".
Samu: "Foi para isto que o trouxemos, falta garantir o resto da compra, e aí vai tornar-se uma das transferências mais caras do futebol português. Perdemos Evanilson e Taremi, e esta foi a aposta num excelente jogador e pessoa que tem contribuído com golos e vitórias"
FC Porto: "É um clube eclético, com várias modalidades, que diariamente movimenta milhares de pessoas e atletas e estamos cientes que esta é a celebração de uma convenção viva, que tem feito o seu caminho ao longo de 10 anos e cada vez mais países e agentes do desporto se congregam à sua volta e nela se orientam de forma a melhor servir a sociedade, reconhecendo a prática do desporto como um bem fundamental da nossa vida".
Portal da transparência: "É o resultado de um compromisso que assumimos com os sócios e com o mundo do desporto. O FC Porto tornou pública toda a informação relevante sobre matérias institucionais, organizacionais, económico-financeiras, de planeamento e contratuais. Em conformidade com os mais elevados padrões internacionais de transparência e acesso à informação, prestamos sempre as nossas contas. Tornamos transparente todas as formas e proveniências de financiamento, a rastreabilidade das transferências de atletas e a natureza dos contratos: um tampão a qualquer operação que favoreça a criação de terreno fértil à corrupção ou à troca de favores. A própria UEFA elogiou publicamente este passo que demos em nome da integridade e que esperamos se torne uma regra entre outros clubes. Descrição e secretismo no decorrer de negócios não tem de terminar em opacidade".
Auditoria: "Nós temos concluídos dois anos de auditoria forense e queremos andar para trás mais dois anos nessa investigação. Iremos continuar a investigar todas as más praticas ou situações das quais desconfiamos nos últimos anos. Dois anos estão analisados e já tirámos algumas conclusões".