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Antigo colega de Ioannidis prevê dupla com Gyokeres: "Tenho pena dos centrais adversários"

Hugo Filipe Martins
Ioannidis continua ligado ao Panathinaikos
Ioannidis continua ligado ao PanathinaikosAFP, Flashscore
Fotis Ioannidis. Em Portugal, o nome do avançado, relativamente desconhecido até então, começou por se estranhar, mas entranhou-se à medida que as semanas foram passando e a novela entre o Panathinaikos e o Sporting foi ganhando mais episódios do que a "Única Mulher" (sim, fomos pesquisar e é a novela da TVI que tem o recorde de episódios da história da televisão portuguesa). Mas, afinal, porquê esta insistência?

Tal como aconteceu com Viktor Gyökeres, o Sporting há muito definiu o alvo para a frente de ataque. Confiante de que seria possível fechar a contratação do avançado grego, apesar do interesse do Ipswich, recém-promovido à Premier League, e Bolonha, que vai participar na Liga dos Campeões, a direção leonina aceitou a proposta por Paulinho e deixou a vaga aberta para Ioannidis.

Só que, ao contrário do que sucedeu com o sueco, contratado ao Coventry a 13 de julho, o Sporting ainda está ainda longe de selar a contratação do avançado de 24 anos e esta é mesmo uma novela que está para durar. 

Com o clube grego intransigente quanto ao preço (25 milhões de euros) e interessado em oferecer uma renovação milionária (para a realidade do Panathinaikos) a Ioannidis, o que explica que o Sporting não desista do internacional helénico? O Flashscore foi à procura da resposta a essa pergunta.

Jordão Diogo, antigo internacional por São Tomé e Príncipe que fez a formação em Portugal e contou com uma passagem curta pelo Vitória FC, segue os passos de Ioannidis desde o primeiro dia.

Com apenas 17 anos, o avançado chegou à equipa principal do Levadiakos e começou a justificar o porquê da aposta do treinador Dimitris Farantos. Apesar de não ser imediatamente titular, o camisola 99 não tardou a dar nas vistas.

"Quando eu cheguei ao Levadiakos em dezembro, o Fotis já treinava com a equipa principal e lembro-me que a primeira coisa que reparei nele foi o facto de ser tão novo e, em tão tenra idade, ser um tanque de força. Desfrutava muito dos duelos físicos nos mini-jogos, sempre foi muito humilde ouvia os conselhos dos mais velhos e trabalhava imenso", conta o antigo jogador, em declarações ao Flashscore.

Fotis Ioannidis, em 2017, era o 99 do Levadiakos
Fotis Ioannidis, em 2017, era o 99 do LevadiakosAFP

Ainda era apenas o começo. Com 17 anos, fez a estreia como profissional, mas teve de esperar pela época seguinte para começar a afirmar-se no plantel principal do Levadiakos numa época difícil para o clube.

"Na primeira época foi opção algumas vezes por isso mesmo que frisei, era bastante forte e não temia defesa nenhum. O treinador era francês (José Anigo) e gostava da forma como ele era e trabalhava, o que levou a que jogasse alguns jogos nesse primeiro ano", recordou.

"No segundo ano, a equipa estava mal, tínhamos um avançado muito bom, mas sem a equipa a funcionar não podia fazer muito e depois vieram as lesões no plantel e a oportunidade sorriu ao Fotis, que merecidamente agarrou o lugar com boas exibições", acrescenta o antigo colega do alvo leonino.

Com apenas 21 pontos e 15 golos marcados no campeonato, dois deles do próprio Ioannidis, que foi saltando entre o onze e o banco, o Levadiakos acabou por descer de divisão, o que fez com que a aposta no avançado passasse de uma oportunidade a uma necessidade e, com o tempo, o próprio Ioannidis colheu os frutos dessa aposta.

"Com os minutos começou a perceber melhor o jogo, deixou de querer somente o contacto físico e percebeu que podia fazer mais pela equipa, aparecia em zona de finalização mais facilmente, embora a finalização fosse uma das áreas em que tinha de melhorar. E melhorou muito. Ajudava mais a equipa na pressão, na perda de bola, e era incansável", analisou Jordão Diogo.

Ioannidis estreou-se a marcar frente à França
Ioannidis estreou-se a marcar frente à FrançaAFP

Futura parceria com Gyökeres?

Apesar de não ter conseguido a subida de divisão nessa temporada, as boas exibições de Ioannidis chamaram a atenção do Panathinaikos. Internacional pelas seleções jovens da Grécia, o avançado regressou ao convívio dos grandes e logo num dos clubes com maior tradição no futebol grego.

Aos poucos, Ioannidis começou a ter estatuto de titular, mesmo que continuasse longe de ser uma garantia de golos (quatro, seis e sete, respetivamente). No entanto, o crescimento do avançado foi evidente e a explosão acabou por acontecer esta época.

Com 23 golos e 10 assistências, Ioannidis teve uma temporada inesquecível, que contou ainda com a estreia a marcar pela seleção principal da Grécia, logo na partida de qualificação frente à França (2-2). Os números do avançado, agora com 24 anos, abrem lugar à interpretação. Será Ioannidis um caso de uma boa época?

"Não foi sorte nenhuma, foi somente a evolução normal de um jogador com um talento estrondoso. O trabalho diário compensa e o Fotis tem as características do avançado moderno", esclarece o antigo companheiro, que até revelou ter tido uma conversa com o próprio Ioannidis.

Os números de Fotis Ioannidis
Os números de Fotis IoannidisFlashscore

"Em janeiro, falámos e disse-lhe que iria falar aqui com o Ipswich e que ele tinha de vir para Inglaterr para o Ipswich, que na altura estava a lutar pela a subida e acabou por subir. Ele gosta e sonha com a Premier League, mas, como sportinguista, não podia estar mais satisfeito com a possibilidade de ele assinar pelo Sporting", admitiu.

Leão de coração, Jordão Diogo, que até chegou a passar pela formação do Benfica, já vê uma potencial parceria entre Viktor Gyökeres e o antigo colega de equipa, que tem uma explicação pela insistência dos leões no avançado do Panathinaikos.

"(No Sporting) veem imensas semelhanças entre o Fotis e o Gyökeres. É um jogador que dá tudo pela equipa, com garra, intenso, rápido, talvez não tanto quanto o Gyökeres, mas é rapido. É trabalhador e tem golo. Encaixa perfeitamente naquilo que é a filosofia do Rúben", destaca.

"É bom a jogar de costas para a baliza, oportuno, incansável. É verdade que não tinha marcado muitos golos, mas vem evoluindo de ano para ano, não é facil marcar golos no Levadiakos quando a equipa não produz situações de golo suficientes", explica.

Jordão Diogo com a camisola do Levadiakos
Jordão Diogo com a camisola do LevadiakosAFP, Opta by Stats Perform

Conhecedor das características de Fotis Ioannidis, Jordão Diogo acredita que o avançado grego pode, à semelhança do que aconteceu com Paulinho, descair para os flancos e jogar perto do avançado sueco.

"Preferencialmente mais fixo, mas pode fazer a função que o Paulinho fazia muitas vezes a época passada, descaído para um dos flancos, mas com mais intensidade", disse o antigo defesa.

"Se o Rúben optasse por dois avançados, por exemplo, iria ter pena dos centrais adversários. Mas sim, é compatível, sem dúvida, nao só pela forma de jogar, mas até porque o Fotis, pelo menos na altura, era um jogador com menos obsessão pelo golo do que é o Gyökeres e isso faz com que se possam entender melhor", acrescentou.

Gyökeres voltou aos treinos
Gyökeres voltou aos treinosSporting CP

Quanto ao futuro, Jordão Diogo acredita que Ioannidis terá capacidade para se adaptar a Alvalade e às exigências de Rúben Amorim, isto caso o Sporting consiga finalmente convencer o Panathinaikos a aceitar uma proposta.

"Facilmente? Difícil de dizer, não esquecer que seria a primeira experiência do Fotis fora da sua zona de conforto, mas que se iria adaptar não tenho dúvidas que sim", atirou.

"Porque é um miúdo muito forte psicologicamente e é muito trabalhador e quando se é trabalhador não tem como não dar certo. Isto para não dizer que as ideias do Rúben são muito claras e ele é um mestre a lidar com o lado emocional dos jogadores, como já ficou provado", acrescentou.

Caso o clube grego acabe por ceder, o antigo colega de Ioannidis resume aquilo que os sportinguistas podem esperar do avançado.

"Muito trabalho e golos".