Antigo colega de Ioannidis prevê dupla com Gyokeres: "Tenho pena dos centrais adversários"
Tal como aconteceu com Viktor Gyökeres, o Sporting há muito definiu o alvo para a frente de ataque. Confiante de que seria possível fechar a contratação do avançado grego, apesar do interesse do Ipswich, recém-promovido à Premier League, e Bolonha, que vai participar na Liga dos Campeões, a direção leonina aceitou a proposta por Paulinho e deixou a vaga aberta para Ioannidis.
Só que, ao contrário do que sucedeu com o sueco, contratado ao Coventry a 13 de julho, o Sporting ainda está ainda longe de selar a contratação do avançado de 24 anos e esta é mesmo uma novela que está para durar.
Com o clube grego intransigente quanto ao preço (25 milhões de euros) e interessado em oferecer uma renovação milionária (para a realidade do Panathinaikos) a Ioannidis, o que explica que o Sporting não desista do internacional helénico? O Flashscore foi à procura da resposta a essa pergunta.
Jordão Diogo, antigo internacional por São Tomé e Príncipe que fez a formação em Portugal e contou com uma passagem curta pelo Vitória FC, segue os passos de Ioannidis desde o primeiro dia.
Com apenas 17 anos, o avançado chegou à equipa principal do Levadiakos e começou a justificar o porquê da aposta do treinador Dimitris Farantos. Apesar de não ser imediatamente titular, o camisola 99 não tardou a dar nas vistas.
"Quando eu cheguei ao Levadiakos em dezembro, o Fotis já treinava com a equipa principal e lembro-me que a primeira coisa que reparei nele foi o facto de ser tão novo e, em tão tenra idade, ser um tanque de força. Desfrutava muito dos duelos físicos nos mini-jogos, sempre foi muito humilde ouvia os conselhos dos mais velhos e trabalhava imenso", conta o antigo jogador, em declarações ao Flashscore.
Ainda era apenas o começo. Com 17 anos, fez a estreia como profissional, mas teve de esperar pela época seguinte para começar a afirmar-se no plantel principal do Levadiakos numa época difícil para o clube.
"Na primeira época foi opção algumas vezes por isso mesmo que frisei, era bastante forte e não temia defesa nenhum. O treinador era francês (José Anigo) e gostava da forma como ele era e trabalhava, o que levou a que jogasse alguns jogos nesse primeiro ano", recordou.
"No segundo ano, a equipa estava mal, tínhamos um avançado muito bom, mas sem a equipa a funcionar não podia fazer muito e depois vieram as lesões no plantel e a oportunidade sorriu ao Fotis, que merecidamente agarrou o lugar com boas exibições", acrescenta o antigo colega do alvo leonino.
Com apenas 21 pontos e 15 golos marcados no campeonato, dois deles do próprio Ioannidis, que foi saltando entre o onze e o banco, o Levadiakos acabou por descer de divisão, o que fez com que a aposta no avançado passasse de uma oportunidade a uma necessidade e, com o tempo, o próprio Ioannidis colheu os frutos dessa aposta.
"Com os minutos começou a perceber melhor o jogo, deixou de querer somente o contacto físico e percebeu que podia fazer mais pela equipa, aparecia em zona de finalização mais facilmente, embora a finalização fosse uma das áreas em que tinha de melhorar. E melhorou muito. Ajudava mais a equipa na pressão, na perda de bola, e era incansável", analisou Jordão Diogo.
Futura parceria com Gyökeres?
Apesar de não ter conseguido a subida de divisão nessa temporada, as boas exibições de Ioannidis chamaram a atenção do Panathinaikos. Internacional pelas seleções jovens da Grécia, o avançado regressou ao convívio dos grandes e logo num dos clubes com maior tradição no futebol grego.
Aos poucos, Ioannidis começou a ter estatuto de titular, mesmo que continuasse longe de ser uma garantia de golos (quatro, seis e sete, respetivamente). No entanto, o crescimento do avançado foi evidente e a explosão acabou por acontecer esta época.
Com 23 golos e 10 assistências, Ioannidis teve uma temporada inesquecível, que contou ainda com a estreia a marcar pela seleção principal da Grécia, logo na partida de qualificação frente à França (2-2). Os números do avançado, agora com 24 anos, abrem lugar à interpretação. Será Ioannidis um caso de uma boa época?
"Não foi sorte nenhuma, foi somente a evolução normal de um jogador com um talento estrondoso. O trabalho diário compensa e o Fotis tem as características do avançado moderno", esclarece o antigo companheiro, que até revelou ter tido uma conversa com o próprio Ioannidis.
"Em janeiro, falámos e disse-lhe que iria falar aqui com o Ipswich e que ele tinha de vir para Inglaterr para o Ipswich, que na altura estava a lutar pela a subida e acabou por subir. Ele gosta e sonha com a Premier League, mas, como sportinguista, não podia estar mais satisfeito com a possibilidade de ele assinar pelo Sporting", admitiu.
Leão de coração, Jordão Diogo, que até chegou a passar pela formação do Benfica, já vê uma potencial parceria entre Viktor Gyökeres e o antigo colega de equipa, que tem uma explicação pela insistência dos leões no avançado do Panathinaikos.
"(No Sporting) veem imensas semelhanças entre o Fotis e o Gyökeres. É um jogador que dá tudo pela equipa, com garra, intenso, rápido, talvez não tanto quanto o Gyökeres, mas é rapido. É trabalhador e tem golo. Encaixa perfeitamente naquilo que é a filosofia do Rúben", destaca.
"É bom a jogar de costas para a baliza, oportuno, incansável. É verdade que não tinha marcado muitos golos, mas vem evoluindo de ano para ano, não é facil marcar golos no Levadiakos quando a equipa não produz situações de golo suficientes", explica.
Conhecedor das características de Fotis Ioannidis, Jordão Diogo acredita que o avançado grego pode, à semelhança do que aconteceu com Paulinho, descair para os flancos e jogar perto do avançado sueco.
"Preferencialmente mais fixo, mas pode fazer a função que o Paulinho fazia muitas vezes a época passada, descaído para um dos flancos, mas com mais intensidade", disse o antigo defesa.
"Se o Rúben optasse por dois avançados, por exemplo, iria ter pena dos centrais adversários. Mas sim, é compatível, sem dúvida, nao só pela forma de jogar, mas até porque o Fotis, pelo menos na altura, era um jogador com menos obsessão pelo golo do que é o Gyökeres e isso faz com que se possam entender melhor", acrescentou.
Quanto ao futuro, Jordão Diogo acredita que Ioannidis terá capacidade para se adaptar a Alvalade e às exigências de Rúben Amorim, isto caso o Sporting consiga finalmente convencer o Panathinaikos a aceitar uma proposta.
"Facilmente? Difícil de dizer, não esquecer que seria a primeira experiência do Fotis fora da sua zona de conforto, mas que se iria adaptar não tenho dúvidas que sim", atirou.
"Porque é um miúdo muito forte psicologicamente e é muito trabalhador e quando se é trabalhador não tem como não dar certo. Isto para não dizer que as ideias do Rúben são muito claras e ele é um mestre a lidar com o lado emocional dos jogadores, como já ficou provado", acrescentou.
Caso o clube grego acabe por ceder, o antigo colega de Ioannidis resume aquilo que os sportinguistas podem esperar do avançado.
"Muito trabalho e golos".