Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Antonio Adán na despedida do Sporting: "Foi importante fazer parte disto"

Antonio Adán esteve quatro temporadas no Sporting
Antonio Adán esteve quatro temporadas no SportingAFP
Depois de quatro temporadas, com dois títulos de campeão, Antonio Adán está de saída do Sporting, em final de contrato, após 156 jogos oficiais de leão ao peito.

Foi feliz no Sporting? "Sinto uma felicidade enorme. Apesar de ter terminado o meu tempo aqui no Sporting, sinto que durante estes quatro anos tudo foi um momento bom. Quando cheguei também a nível pessoal, foi o nascimento do meu filho aqui em Lisboa. Então, eu acho que tudo correu muito bem durante estes quatro anos. Desportivamente, aqui está a prova. E no âmbito pessoal, eu acho que também. A minha família foi muito feliz aqui em Lisboa, em Portugal. Desde que chegámos, fomos acolhidos de uma maneira espetacular. E isso fica para sempre também."

Já há saudades? "Eu ainda vou para a Academia trabalhar. Para mim, ainda não acabou. A experiência também te dá para essas coisas, para assumir que os períodos acabam e que a vida de um futebolista é um pouco assim, muda muito. E, graças a Deus, pude estar aqui por um período longo, um período de sucesso. Obviamente que vou ter saudades de todos, dos meus colegas de balneário, dos adeptos, do carinho e da cidade também. Acho que foi uma experiência espetacular."

Ensinamento em 156 jogos: "O respeito pelo jogador. Sobretudo pelo jogador que vem de fora. Como de repente nos envolvem com o seu carinho e  união. Acho que foi muito importante, entre os adeptos e nós, o amor incondicional a este clube. Mesmo nos momentos piores, eles estavam sempre do nosso lado. E fico com isso, com esse amor incondicional. Mesmo que venham de uma trajetória de poucos títulos. O carinho e a união que sempre houve com este plantel."

País e clube no coração: "Como jogador, como atleta, foi a época mais bem sucedida da minha carreira. Apesar de passar por grandes clubes... os momentos em que ganhámos alguns títulos, a importância e os títulos que ganhei aqui, não os ganhei em nenhum outro lugar. Por isso, vai ser inesquecícel para mim. E depois, a nível pessoal, tenho um filho que é português, e isso também vai ser para sempre. São lembranças para ele, são lembranças para a família, são lembranças para mim que são impossíveis de esquecer. São muitos momentos bons no clube, na cidade, e obviamente também somos um país vizinho, e voltarei muitas vezes."

Família Sporting: "Sim, eu disse isso no momento da minha despedida no estádio. Eu sei que tanto os adeptos quanto as pessoas de fora, desde o primeiro momento, tanto a mim quanto à minha família, nos receberam de uma forma especial. E depois há uma parte importante, para os que vêem de fora também, que é a parte da equipa, que leva muitos anos no clube, que, apesar de passarem jogadores, passarem treinadores, eles são pessoas muito importantes para a nossa adaptação. Receberam-me com muito carinho, e também queria ter essa palavra de agradecimento para com eles, porque eu acho que é uma parte importante para que nos adaptemos o mais rápido possível."

Os números de Antonio Adán
Os números de Antonio AdánFlashscore

Grandeza do Sporting: "A nível da história, eu sabia que chegava a um grande clube. Eu acho que a história deste clube é enorme, a quantidade de troféus que existem nesta sala representam isso mesmo. A quantidade de adeptos que se movem, tanto em Portugal como na Europa, eu acho que só conseguem isso em poucos clubes, e o Sporting é um deles. Eu tinha essa noção do que era o clube, do que vinha a representar, mas é verdade que não tinha a noção de que íamos conseguir tanto como conseguimos durante estes quatro anos. Eu sabia que íamos lutar, que o clube estava praticamente com um projeto novo, que era para crescer, para voltar a unir o plantel com os adeptos, e pouco a pouco, durante estes quatro anos, foi muito melhor do que eu esperava."

Na história do Sporting: "Eu acho que é especial poder estar entre tantos nomes importantes da história deste clube. Eu lembro-me que quando cheguei aqui, uma das primeiras coisas que fiz foi vir a este museu, e surpreendeu-me conhecer a quantidade de nomes importantes que tem nesta história. Eu via o nome de Schmeichel, e contaram-me um pouco de sua trajetória aqui, antes do meu caminho no Sporting. E agora poder estar entre eles me parece algo incrível, algo espetacular. Eu estou orgulhoso de ter conseguido isto durante estes anos, da importância que tenho tido para o clube durante estes anos. E é um orgulho tremendo poder ser campeão duas vezes com este clube."

Referência no clube: "É estranho porque, apesar de ter levado muitos anos nisto, ainda sou futebolista e não tenho essa noção do que representa, ou representa para a história do clube. Espero que daqui a 20, 25 anos haja muitos nomes como o meu que possam dizer que foram campeões neste clube. Estou orgulhoso de ficar na história deste clube."

Braçadeira de capitão tem peso? "Tem. Já havia sido capitão nutros clubes. No Bétis fui capitão. Para mim foi uma grande responsabilidade, porque passas a ter uma importância especial também no funcionamento do guarda-redes, no funcionamento do clube. E isso para mim foi importante. Que o míster, apesar de ter outros jogadores que tinham mais experiência no clube, apostasse em mim para ser um dos capitães foi uma responsabilidade e ao mesmo tempo um orgulho enorme poder ser capitão deste clube."

Treinadores de guarda-redes: "Eu acho que tanto Vital como Tiago fazem um trabalho espetacular com todos estes guarda-redes que vão chegando da formação. E da minha parte, eu sempre fui de poucas palavras com eles. Só me concentrava em trabalhar no dia-a-dia."

Peso da camisola: "Acho que nestes quatro anos, eu poucas vezes faltei a um treino. Eu acho que essa era a minha forma de mostrar-lhes o trabalho diário, o esforço e a disciplina que se tem a representar este clube e em que em nenhum dia podes falhar. É muito importante, uma camisola que pesa muito e tem que estar todos os dias no topo. Espero que algum deles tenha pegado alguma dessas coisas e que rapidamente estejam nesta cadeira."

Valores do clube: "Mesmo no primeiro ano, mesmo sem adeptos nas bancadas, quando ninguém acreditava em nós, um projeto praticamente novo com o míster, com a chegada do míster, em que ninguém acreditava na quantidade de jogos que ganhávamos nos minutos finais. Nesse primeiro ano já deu para perceber esses valores, que é a luta até o fim, o orgulho e deixar tudo no campo para conseguir a vitória. Acho que nesse ano já deu para perceber tudo o que este clube nos ia dar nos próximos três anos."

Mudava alguma coisa nos 4 anos? "Eu acho que, obviamente, algumas vezes errei também, pessoalmente, com os meus colegas, que partilhamos o dia-a-dia. Desportivamente, obviamente, cometi erros, mas é difícil tirar algo, porque mesmo nesses momentos mais complicados, e apesar da minha idade, muitas vezes pensam que já sabemos tudo. Mas deu para aprender muito, para estar aí em cada luta com meus colegas e não poder baixar os braços."

Aprendizagens: "Quando já tens certa idade, uma das coisas que mais custa, e é preciso reconhecê-lo, é a parte mental. Ir a treinar cada dia, com a vontade como no primeiro dia, às vezes custa, mas vê-los também é uma motivação para mim.

Eles são jovens, que tem uma vontade tremenda, e eu sou competitivo, não poderiam ter mais do que eu. Então isso também era um aprendizagem quase contínua."

Sempre teve essa ambição? "Foi muita ambição pelas palavras que recebi do clube, tanto do míster, como do Hugo Viana, como do presidente, do grupo que estava a formar-se, do projeto que estava a formar-se, e queria ser parte desse projeto, desse processo. E desde o primeiro ano correu bem, mas também queria viver todo esse processo. Estes títulos são muitos, mas também se foram conseguindo pequenas conquistas. Competimos na Champions League dois anos de seguida, este vai ser o terceiro para a próxima época. Pequenas coisas que a equipa também não conseguia fazer há vários anos... foi importante fazer parte disto."

Rúben Amorim: "Acho que ele é uma pessoa muito inteligente para o mundo do futebol. Sabe gerir o balneário na perfeição. Sabe gerir os seus próprios colegas de equipa técnica. E é uma voz com um mensagem muito clara, tanto para dentro como para fora do clube. E com uma força mental também espetacular para os poucos anos que leva no futebol como treinador. Ao nível pessoal, foi uma relação espetacular com ele, de confiança, de nos mudar todas as coisas que passavam no dia a dia. Eu acho que é um treinador espetacular e que vai continuar a ter conquistas." 

Equipa técnica: "É óbvio que, eu sempre digo, que o mérito de um guarda-redes, tanto para bem como para mal, tem de ser dividido em 50-50. Eu coloco a minha qualidade, a minha forma de defender e eles têm a parte que nos falta, que é o treino diário, o dia a dia, estarmos preparados tanto fisicamente quanto mentalmente... como as análises de cada vídeo, de cada jogo, de cada jogada. Eu acho que isso é importante numa relação entre treinadores de guarda-redes e, neste caso, foram quatro anos de aprendizagem enorme com eles. O Vital tem uma experiência no treino de guarda-redes como poucos. O Tiago complementa de uma forma espetacular. Se um é duro, o outro dá o carinho que às vezes o Vital não consegue dar."

Título de 2020/2021: "Eu acho que, como disse antes, desde o princípio notávamos algo especial. No balneário, vitória após vitória, chegava a momentos em que a equipa também tinha dificuldades em conseguir essas vitórias, e sempre aparecia alguém no último minuto para nos dar esse golo da vitória. Fomos acreditando que era possível. Eu lembro-me de ir ao Porto e estávamos com sete, oito pontos de distância. Eu disse aos meus colegas que era impossível que alguém nos tirasse oito pontos de distância. Isso não se pode escapar das mãos. E foi assim. Foi especial, porque não tínhamos adeptos nas bancadas, mais no último dia, ir ao Marquês, e mesmo com a Covid, estava toda a gente na rua. Foi espetacular aquela imagem. Na Avenida da Liberdade, olhava para baixo e não conseguia ver nada mais do que verde. Aquele ano foi especial por tudo isso."

Título deste ano: "Eu acho que o ano passado foi duro, porque tivemos um começo de época mais irregular, onde perdemos pontos e isso não nos permitiu estar na luta pelo campeonato. E depois tivemos momentos pontuais em que falhámos, em que não conseguimos conquistar o resto dos troféus. Mas isso também ajudou o grupo. Há vezes em que tudo corre muito bem, mas há momentos em que tudo corre mal e temos que nos unir. Acho que o ano passado, nas últimas jornadas, já se estava a criar esse ambiente de 'ok, este ano correu mal, mas somos muito bons, e no próximo ano temos que mostrar, desde o primeiro dia até o último, que somos capazes de voltar a conquistar um título'."

Época de tudo ou nada? "O primeiro a passar a mensagem foi o míster que disse: 'ou ganho títulos ou vou embora'. Chegamos à pré-época e a mensagem era igual: 'no ano passado fizemos uma temporada má, ou este ano voltamos a ser campeões, ou todos nós que estamos aqui temos que sair do clube, porque não merecemos estar'. Foi dia a dia, jornada a jornada, que se foi criando o espírito de 'somos muito bons e temos que conquistar outro título'."

Foi essa a chave do sucesso? "Durante estes quatro anos, foi difícil encontrar uma equipa em que não tivéssemos perdido um jogo e que a equipa rival fosse muito superior a nós. Tínhamos sempre a percepção de que perdemos este jogo por uma coisa ou outra, mas nunca porque o rival fosse muito superior, sobretudo no campeonato. Então essa confiança estava lá. O míster também nos transmitiu que, apesar das derrotas e dos momentos maus, transmitiu essa confiança e fez com que voltássemos a acreditar que era possível."

Como encarou a lesão? "Há jogos em que passei francamente mal. Eram momentos muito decisivos. Aqueles jogos com o Benfica, tanto para a Taça quanto para o campeonato, foram decisivos. Graças a Deus, a equipa respondeu e deu um passo em frente para conseguir ultrapassá-los. São momentos difíceis, obviamente. Nunca uma lesão é bem recebida, em nenhum momento, nem no início, nem no final da época, nem no meio. Estou orgulhoso da parte que pude ajudar a equipa durante as primeiras jornadas, durante as 22 primeiras jornadas."

As lesões de Antonio Adán
As lesões de Antonio AdánFlashscore

Chave do título: "Eu acho que aqueles jogos que eram importantes eram com o Benfica. Aí sentes que ainda podem aproximar-se um pouco mais a nós, mas eu via a equipa muito bem, a jogar com uma confiança tremenda. O jogo do Estrela, que também parecia que se ia complicar, e acabámos por ganhar. Era claro que este ano ia dar para nós."

Festa no Marquês: "É uma coisa inacreditável, não é? Não esperávamos o ambiente como foi naquele dia. Eu, quando cheguei ao Marquês, só tinha uma preocupação que era ficar com aquela imagem de ver a Praça do Marquês cheia de gente. Desde o ponto mais alto possível que havia naquele momento, que era aquele andaime, e poder ver tanta gente junta."

Pertencer ao Sporting: "É diferente de tudo o que eu já tinha vivido antes. Eu já te disse que passei por grandes clubes, fiz formação no Real Madrid, estive 14 anos também lá. Mas o que eu vivi durante estes quatro anos... também se torna muito especial para mim por tudo o que eu conquistei, não só ao nível de títulos, mas também nas pequenas coisas que fizemos para que este clube e este projeto se sinta como um grande projeto, como um grande clube, como uma grande equipa que permite que cada vez cheguem jogadores também com outra importância."

O que deixa mais saudades? "O dia-a-dia, eu acho que dentro do balneário havia realmente uma família. Há um staff de fisioterapuetas, de médicos, de roupeiros, que no dia-a-dia nos fazem sentir que estamos numa família, que é nossa casa. Deixar de ver alguns amigos que, obviamente, fazemos no futebol, algumas pessoas especiais que formam parte deste clube, e isso vai ser o mais complicado. Agora começa outra temporada na minha carreira e vou seguir com muita atenção o que acontece no Sporting."

O que diria ao Adán de há 4 anos? "Agradecia-lhe muito por ter assinado este contrato, por ter dado o passo no momento certo. Porque tive a possibilidade de chegar a este clube antes e, na altura, senti que não era o momento. Desta vez sim, senti porque estava convencido de que este projeto, este clube e o momento em que chegava aqui nos iria dar muitas alegrias tanto a mim como à minha família. E foi assim. O que disse no último dia na despedida do clube, que pedia aos adeptos que não deixassem cair este clube. O que pedia era que continuassem com a união que têm hoje com este plantel, com esta equipa, com este corpo técnico. Mesmo nos momentos piores, mostraram uma união e uma força espetacular."

Agradecimento final: "Queria ter uma última palavra de agradecimento para todos, para estes adeptos, para o presidente, para o diretor desportivo e o míster que me trouxeram aqui, que confiaram em mim para estar aqui, que mostraram o respeito pelo meu trabalho. E aos adeptos, a todos que estão fora do clube, mas que também fazem parte deste clube, o staff, as pessoas que convivem com nós dia a dia na academia, os cozinheiros, todos os que trabalham lá, as pessoas da limpeza. Agradecer também aos meus colegas durante este tempo. Apesar de ter partilhado o balneário com jogadores historicamente muito importantes em grandes clubes, acho que este balneário foi especial durante quatro anos. E agradecer também a eles o carinho que me mostraram e o respeito."