Recorde as incidências da partida
O empate em Eindhoven deixou o Sporting numa posição rara na presente temporada. Depois da derrota na Supertaça, a equipa de Rúben Amorim tinha entrado numa série de oito triunfos consecutivos, entretanto interrompida no Philips Stadion. Era preciso, por isso, perceber como é que os leões iam dar a volta para reentrarem no caminho certo.
No lado oposto, o Casa Pia tinha como motivação ser o primeiro adversário a travar o ímpeto vitorioso do campeão nacional, mas tinha o histórico recente como maior fantasma - a expressiva derrota (8-0) dos gansos no início deste ano ainda estava bem presente na memória dos adeptos das duas equipas. Mas muito tinha mudado nos dois lados desde então.
Autocarro com destino a... Bragança
Muda aqui, troca acolá e siga para jogo. Rúben Amorim fez alguns ajustes no onze, mas a equipa manteve a confiança de sempre. Com uma postura autoritária, os homens de rosa (campanha de sensibilização para o cancro da mama) ainda foram apanhados algo desprevenidos nos primeiros minutos depois de verem Max Svensson a colocar Franco Israel em sentido, logo nos primeiros minutos.
No entanto, o aviso foi suficiente para o Sporting entrar na linha e não permitir outra tamanha ousadia. Estava na hora de começar o verdadeiro jogo. Com as regras na mão, a turma leonina encontrou um rival de cara fechada, algo agressivo e sem interesse em associar-se a um jogo que temia não ter a capacidade para jogar de igual para igual. E nem sequer tentou.
A estratégia passou por não sair de Casa. Uma linha de seis, outra logo acima que ia variando entre três e quatro elementos e o Sporting a jogar sozinho (89% de posse no final da primeira parte). Quando o leão acelerava, o ganso dava uma bicada e interrompia a fuga. Só mesmo uma mente brilhante para desbloquear a partida. Alguém chamou Francisco Trincão?
Mestre na arte do desequilíbrio, o jovem natural de Viana do Castelo abriu as portas do autocarro e convidou Daniel Bragança a entrar. O camisola 23, uma das novidades no xadrez de Amorim, não hesitou e mostrou que a estratégia de João Pereira até podia ser legítima, mas era incapaz de impedir o primeiro avanço dos homens de Amorim. A bola passava para o lado dos gansos.
Agora sem qualquer ponto na mão, esperava-se uma reação por parte do Casa Pia, mas os gansos optaram por manter a estratégia até ao tempo de intervalo.
Crise? Qual crise?
A verdade é que intervalo pouco mudou na história do jogo. O Sporting assumiu o jogo, o Casa Pia nem tanto, ora por incapacidade de encarar o campeão nacional olhos nos olhos, ora por estar à espera do momento certo para ludibriar o adversário (que nunca chegou a aparecer).
Amorim voltou a acertar as peças - Morita entrou para a vaga de Harder - e o leão continuou na sua posição dominante à procura de dar o xeque-mate no jogo. Morita (55') teve essa possibilidade e Francisco Trincão (67') também. Mas essa honra pertenceu a um jogador que se dizia que andava em crise por conta de ter ficado em branco nos dois últimos jogos.
Viktor Gyökeres forçou o erro de Kluivert, um dos filhos do histórico avançado neerlandês Patrick Kluivert, e deu um pontapé na dita crise (se é que ela alguma vez existiu) e nas poucas aspirações do Casa Pia, que também pouco quis jogar o jogo que o Sporting mostra saber de cor. E isso ajuda a explicar as oito vitórias nos oito primeiros jogos da Liga que pretende (re)conquistar.
Melhor em campo Flashscore: Francisco Trincão (Sporting)
