Artur Jorge: "Não há ninguém que me dê lições de braguismo"
Com esse resultado (1-1), na quarta-feira, o SC Braga viu o trio da frente aumentar a distância, estando agora a sete, 11 e 12 pontos de FC Porto, Benfica e Sporting, respetivamente, e a equipa foi assobiada pelos adeptos - Artur Jorge não gostou e lembrou a conquista da Taça da Liga quatro dias antes.
“Somos, em Braga e em Portugal, peritos no julgamento em cima do momento sem termos a racionalidade de avaliar o que é feito. Se me desagrada e fico desiludido? Claro que sim. Não há ninguém que me dê lições de braguismo, zero”, disse na conferência de imprensa de antevisão da receção ao Moreirense, domingo, da 20.ª jornada.
O treinador apelou a um espírito “agregador” no Estádio Municipal de Braga.
“Tivemos a conquista de um título e temos de ser agregadores e sentir a energia dos adeptos aqui dentro, que não haja um sentimento de tensão por jogar em casa. E isso passa-se, na verdade. Não o deveríamos ter e os jogadores sentem isso. Aos 20 minutos (com o Chaves), ouvíamos assobios e isso não é benéfico para ninguém. A equipa deu provas, venceu um título. Não podemos passar do 8 ao 80. Fizemos um jogo muito bom, tivemos 25 oportunidades, fomos dominadores e não há nada a apontar aos jogadores”, disse.
Para o técnico, a explicação para essa tensão pode estar na “exigência, nas expectativas, no maldizer por maldizer”.
“Queremos que os nossos adeptos façam a diferença pela positiva, façam parte das nossas conquistas, precisamos deles para suportar a equipa”, deixou.
O SC Braga não vence em casa há dois meses, desde o triunfo por 3-1 sobre o Estoril Praia (03 de dezembro de 2023), sendo que nos 12 jogos seguintes que realizou, em diversas competições, só por mais três ocasiões jogou na ‘Pedreira’.
Ainda sem Niakaté e Banza, a disputarem a CAN-2023 por Mali e Congo, respetivamente, nem com Bruma e Marín (lesionados), o técnico já vai poder contar com os médios João Moutinho e Vítor Carvalho que falharam o encontro com os flavienses devido a castigo.
“Não perspetivo um jogo diferente dos outros. É um adversário que está a fazer uma época bastante boa, provavelmente acima das suas expectativas, e espera-nos um jogo difícil. Voltamos a jogar em casa, mas conhecemos o trajeto do adversário e teremos dificuldades. Vamos tentar ser mais eficazes na nossa exibição para vencer, pois é esse o único objetivo”, disse.
Artur Jorge defendeu que a “consistência é a chave para o sucesso” e destacou a importância do “controlo das expectativas” e a dimensão em que o SC Braga se deve colocar.
Questionado sobre se o SC Braga elevou demasiado as expectativas esta época, o treinador frisou que a equipa tem de “ter a ambição de lutar por objetivos altos” e “lutar sempre em cada jogo para ganhar”.
“Vencemos um título e isso foi importante para materializar a capacidade da equipa porque não nos deram nada, mas a distância para os três primeiros vai obrigar a um tremendo esforço, queremos encurtar distâncias e estar dentro do top-3, mas também temos de olhar para quem está atrás, temos de ter essa humildade”, disse.
O responsável frisou a importância da eficácia e deu o exemplo do jogo com o Sporting, na recente meia-final da Taça da Liga (vitória por 1-0).
“Num jogo, a eficácia faz toda a diferença. Na meia-final com o Sporting, num jogo em que o adversário criou muitas oportunidades, mas os remates aos ferros (na baliza do SC Braga) foram de fora da área e teve outras ocasiões. Mas, duvido que tenham sido tão claras como as que tivemos com o Chaves e a exibição do Sporting foi ultra valorizada, não podemos ter dois pesos e duas medidas. É difícil dissociar a eficácia do resultado”, disse.
SC Braga, quarto classificado, com 37 pontos, e Moreirense, sexto, com 32, defrontam-se a partir das 20:30 de domingo, no Estádio Municipal de Braga, jogo que será arbitrado por João Pinheiro, da associação de futebol de Braga.