Às na manga, coelhos na cartola: Di Maria salva empate perante um Vitória quase perfeito
Recorde aqui as incidências do encontro
Uma belíssima homenagem a Miklos Fehér antes do apito inicial, o antigo ponta de lança húngaro, que faleceu no Estádio D. Afonso Henriques há 20 anos, no dia 25 de janeiro de 2004.
Dentro das quatro linhas, Charles rendeu o lesionado Bruno Varela na baliza dos vimaranenses, mas a grande surpresa veio mesmo dos lisboetas com Roger Schmidt a abdicar de um ponta de lança para apostar na entrada de Kokçu no onze e em Rafa Silva como falso 9.
Justiça dos 11 metros
Num relvado encharcado e pesado, Jota Silva abriu a caixa de Pandora das grandes oportunidades ainda dentro do primeiro minuto, num disparo que testou a atenção de Trubin. Pouco depois, o extremo viu o cartão amarelo que o deixa de fora do próximo jogo após uma entrada sobre Otamendi.
Houve muito Vitória SC no primeiro quarto de hora, até que o Benfica começou a estabilizar no encontro. No entanto, as oportunidades claras eram para os vimaranenses que foram traídos pela chuva numa finalização de Jota na grande área, travada pelo relvado. Do outro lado, Kokçu num livre ao tentar surpreender Charles, que afastou para canto.
O nulo acabaria por ser desfeito através da marca de grande penalidade, num castigo máximo que puniu uma falta de Kokçu sobre Tomás Ribeiro num pontapé de canto. Chamado a converter, Tiago Silva colocou a bola no ângulo superior e lançou a festa na bancada, aos 35 minutos.
Magia salva a desinspiração
Uma celebração que, no entanto, não durou mais de cinco minutos. Di Maria é sinónimo de magia e de ases na manga mesmo em noites de desinspiração coletiva. Numa jogada de insistência a um canto, a bola chegou à direita onde o argentino teve espaço para ativar o radar e, com uma trivela fantástica, oferecer o golo a Rafa que só teve de encostar. Ficaram dúvidas quanto ao posicionamento, mas o VAR confirmou o golo por 24 centímetros.
Longe de se contentar com a igualdade ao intervalo, os conquistadores ficaram perto de regressar à vantagem nos descontos, com Tomás Ribeiro a acertar o cabeceamento na figura de Trubin e, logo a seguir, Nuno Santos a tentar surpreender de longe o ucraniano que confiou demasiado no golpe de vista.
Quem não marca, assiste
Quem também estava longe, mas de estar satisfeito, era Roger Schmidt que se apercebeu do erro inicial e regressou dos balneários com Florentino Luís no miolo e Arthur Cabral na frente de ataque, nos lugares de João Mário e Kokçu, que estava amarelado. Se o alemão esperava uma reação, bem que podia esperar sentado.
Voltou a ser o Vitória SC a estar melhor nos primeiros minutos do reatamento, embora tenha sido necessário esperar algum tempo pelos lances de perigo. Jota viu-lhe o golo ser anulado por um fora de jogo claro e logo a seguir ficou perto de oferecer o golo a um companheiro, mas Trubin era o desmancha-prazeres do Grealish português.
Farto de ver o ucraniano a ganhar as batalhas individuais, o ex-Casa Pia assumiu o papel de maestro e facilitador, numa altura em que o Vitória crescia e o Benfica se encolhia. Aos 61 minutos, numa boa jogada de entendimento pela direita, Jota entrou na área, cruzou rasteiro para André Silva ganhar a frente aos defesas e, com um toque subtil, desviar para fora do alcance de Trubin e colocar os anfitriões novamente na frente.
Tudo corria bem para os vimaranenses, a vantagem trouxe justiça para o que acontecia dentro das quatro linhas, até que o excesso de agressividade podia ter deitado tudo por água abaixo. Na tentativa de ganhar o duelo a meio campo com Florentino, Borevkovic perdeu o controlo do carrinho e fez uma entrada violenta sobre o português, não dando outra hipótese a Luís Godinho senão mostrar-lhe o cartão vermelho direto.
As águias, no entanto, continuaram atarantadas apesar da superioridade numérica e permitiram a Jota voltar a travar duelo com Trubin... para mais uma defesa do ucraniano. Terão certamente pesadelos um com o outro. Nos bancos, Marcos Leonardo rendeu Morato, enquanto Nuno Santos saiu para dar lugar a Zé Carlos.
Sempre o(s) mesmo(s)
Nem a superioridade numérica, nem as mudanças de intervenientes pareciam inspirar os encarnados a dar a volta ao jogo. O perigo, esse, rondava mais a baliza de Trubin do que a de Charles que, em toda a segunda parte, só teve de transpirar para afastar pontapés de canto.
O problema é que o dono e senhor das bolas paradas é um tal campeão mundial. Na insistência de mais um, de muitos pontapés de canto, Di Maria voltou a tirar um trunfo da manga e com um cruzamento de régua e esquadro encontrou Arthur Cabral na pequena área, que só teve de encostar para marcar pelo quarto jogo consecutivo.
Homem do jogo Flashscore: Jota Silva (Vitória SC).