Avaliação do arranque de cada clube da Liga Portugal em 2023/24
Arouca
Depois do histórico 5.º lugar na época passada, que deu acesso à pré-eliminatória da Liga Conferência este ano, o Arouca mudou... quase tudo. Uma mini-revolução no plantel, alteração também no comando técnico, com a saída de Armando Evangelista para a entrada de Daniel Ramos e, ao cabo de oito jornadas, apenas uma vitória, logo na ronda inaugural, com o fantástico 4-3 diante do Estoril.
É certo que defrontou Sporting e FC Porto, que até empatou diante dos dragões, mas o ciclo de quatro derrotas consecutivas e o 15.º lugar no campeonato clama por uma reação imediata, sob pena de surgirem novas mudanças na liderança técnica dos Lobos.
A verdade é que, apesar das saídas de jogadores cruciais como o capitão João Basso, como o médio Alan Ruiz ou o goleador Oday Dabbagh, o plantel do Arouca tem qualidade individual suficiente para uma temporada tranquila na Liga.
Nota: 4
Benfica
Campeão nacional em título, o Benfica manteve o núcleo duro da equipa, bem como o treinador. Vendeu Gonçalo Ramos, prescindiu igualmente de Vlachodimos, perdeu Grimaldo, mas reforçou-se convenientemente com nomes como Bernat,, Jurásek, Arthur Cabral e, sobretudo, Kokçu e Di María.
Já depois de ter vencido a Supertaça, diante do FC Porto, o campeão tropeçou logo a abrir o campeonato, com a derrota no Estádio do Bessa, diante do Boavista (2-3). A partir daí, e mesmo com exibições que ainda não convenceram os adeptos, sete vitórias consecutivas na Liga, incluindo no clássico com o FC Porto (1-0), e o 2.º lugar no campeonato.
Falta, talvez, aliar os resultados às exibições e falta fazer esquecer... quem saiu: Gonçalo Ramos, claro, porque Arthur Cabral tem sido curto e Musa não dá para tudo, mas também Grimaldo, porque Jurásek lesionou-se e Bernat chegou tarde, a ainda Vlachodimos - Trubin ainda tem três pontos no final da frase.
Nota: 7
Boavista
A época do Boavista começou com os problemas financeiros, e a proibição de registar novos contratos, mas arrancou a todo o vapor. Vitória diante do campeão Benfica a abrir, por 3-2, no Bessa, com quatro triunfos nas primeiras cinco jornadas e a liderança, ainda que partilhada, da Liga na primeira paragem para as seleções. O intervalo trouxe novamente à tona os problemas financeiros, com greve de funcionários, ameaças de rescisões e, no meio do turbilhão, um trabalho absolutamente heróico de Petit no comando técnico.
Não ganha na Liga há três jornadas, é certo, mas nomes como João Gonçalves, Pedro Malheiro, Tiago Morais e, sobretudo, Bozenílk, já não saem do léxico do futebol português.
Com todos os problemas fora das quatro linhas, os axadrezados mantêm-se no 6.º lugar da tabela e com um futebol perfumado, que não envergonha ninguém.
Nota: 8
Casa Pia
Depois do 10.º lugar no ano de regresso ao convívio dos grandes, após uma primeira volta a roçar a perfeição e uma segunda já em velocidade de cruzeiro, Filipe Martins manteve-se no comando técnico dos gansos, que mantiveram grande parte do plantel.
A grande figura da equipa, Saviour Godwin, porém, acabou por sair já após o fecho da janela de mercado nos principais campeonatos, em setembro, rumo à Arábia Saudita, obrigando Filipe Martins a redesenhar uma nova estratégia, já com o barco em andamento. Há, porém, novos diamantes por lapidar em Pina Manique, desde logo Pablo Roberto, a meio-campo.
Ao cabo de oito jornadas somam-se, ainda assim, apenas duas vitórias, e um 10.º lugar que, sendo seguro, obriga a redobrada atenção para a fase que segue. Afinal, olhando para a temporada passada, quando era uma das grandes revelações da Liga, o Casa Pia soma menos oito pontos.
Nota: 5
Chaves
Uma das equipas que já mudou de treinador e cuja chicotada psicológica surtiu efeito. José Gomes, ex-Marítimo, somou por derrotas as cinco primeiras jornadas disputadas, Moreno, ex-Vitória de Guimarães, ainda não perdeu - duas vitórias e um empate.
A linha de água já ficou para trás, Héctor Hernández tem sido o abono de família no ataque e o panorama, daqui para a frente, faz pensar numa época tranquila em Trás-os-Montes.
Nota: 5
Estoril
Ricardo Soares salvou a equipa da descida na época passada, substituindo Nélson Veríssimo, mas não ficou. A escolha recaiu em Álvaro Pacheco, ex-Vizela, mas também não resultou. Chegou Vasco Seabra e a verdade é que, à 8.ª jornada, a formação da linha permanece afundada no último lugar do campeonato.
Olhando ao ano passado, de aflição, o Estoril tem menos oito pontos, o que por si só já é preocupante.
Adivinha-se mais uma temporada complicada para os canarinhos, ainda que, olhando ao talento individual, existam condições para alcançar o objetivo da manutenção.
Nota: 3
Estrela da Amadora
Uma das equipas que regressou ao convívio dos grandes, mercê do play-off ganho diante do Marítimo. Sérgio Vieira permaneceu no comando técnico, o núcleo duro do plantel também e os resultados estão à vista.
Com oito jornadas disputadas, o Estrela da Amadora tem apenas duas vitórias, é certo, mas já defrontou Benfica, FC Porto e SC Braga. Não roubou pontos mas em nenhum deles mudou a sua identidade vincada.
Com o 11.º lugar no campeonato, e olhando ao plantel tricolor, estão reunidas as condições para uma época tranquila, no regresso ao principal escalão.
Nota: 6
Famalicão
A última temporada do Famalicão ficou longe das expectativas, apesar de, como vem sendo hábito, as individualidades terem sobressaído, nomeadamente Iván Jaime, que rumou ao FC Porto.
A direção manteve a confiança em João Pedro Sousa, elevou ainda mais a fasquia e, até agora, jogadores e treinador têm correspondido.
O Famalicão passou da luta pela manutenção para a luta pelos lugares europeus, ocupa o sétimo lugar, com três vitórias, três empates e duas derrotas. Olhando à temporada passada, mais cinco pontos à 8.ª jornada indicam uma equipa em franca evolução, capaz de manter o nível até final.
Nota: 7
Farense
Mais uma das equipas históricas que regressou ao convívio dos grandes. A direção do emblema algarvio manteve a confiança em José Mota, proporcionando ao experiente treinador de 59 anos a possibilidade de voltar a treinar na Liga e, com o núcleo duro da época passada, o Farense tem mostrado que pode fazer uma época tranquila, alcançando o objetivo da manutenção.
Tem duas vitórias em oito jornadas, é certo, mas assustou FC Porto e Sporting, já goleou o Chaves (5-0) e tem mostrado um futebol positivo, suficiente para manter ou melhorar o atual 13.º lugar.
Nota: 6
FC Porto
A época começou com uma desilusão, com a perda da Supertaça para o Benfica e, depois de três vitórias consecutivas a abrir o campeonato, sempre pela margem mínima, o empate (1-1) com o Arouca fez soar os primeiros alarmes. Seguiu-se a primeira e única derrota na Liga até agora, uma vez mais perante o atual campeão nacional, e a certeza de que, para Sérgio Conceição, há muito trabalho pela frente, sobretudo para tentar aliar os resultados às (boas) exibições.
Os problemas físicos de peças nucleares - Pepe tem estado lesionado, Marcano deve perder a época - não têm ajudado, num plantel que se tem mostrado curto e os reforços, exceção feita a Alan Varela, tardam em confirmar as credenciais.
O FC Porto regressa ao campeonato no último lugar do pódio, à espreita de uma escorregadela dos dois principais rivais enquanto Sérgio Conceição tenta fixar um onze-ideal, capaz de imprimir maior domínio e, sobretudo, maior dose de eficácia aos jogos dos azuis e brancos.
Nota: 6
Gil Vicente
Não há competições europeias, como sucedeu na época passada, mas em Barcelos respira-se tranquilidade. Não há Fran Navarro, vendido ao FC Porto, mas o Gil tem cantado de galo ofensivamente, com 18 golos, o terceiro melhor ataque da Liga, a par do Boavista.
Nomes como Félix Correia, Maxime Dominguez, Martim Neto e Tidjany Touré mostram que chegaram para somar e o 9.º lugar do campeonato, com cinco golos marcados ao Portimonense (5-0), logo a abrir, e outros cinco ao Estoril (5-3), na 5.ª jornada, significam que a filosofia não se alterou um milímetro, apesar da mudança de protagonistas.
Nota: 7
Moreirense
Paulo Alves sagrou-se campeão da Liga 2 mas saiu, Rui Borges chegou, para a estreia absoluta na Liga, carregado de dúvidas, que rapidamente foram dissipadas.
Apesar da derrota logo na jornada inaugural, ela aconteceu diante do FC Porto e por 1-2, sendo que o triunfo diante do Rio Ave, por contundentes 4-0, na 7.ª jornada, mostrou que há qualidade e muita num plantel que não sofreu uma revolução, apesar da subida no degrau competitivo.
O Moreirense é oitavo classificado, espreita os lugares europeus, mais do que olhar para trás e ver os lugares de descida, fazendo transparecer que há lugar para Moreira de Cónegos permanecer no mapa do principal escalão do futebol português.
Nota: 7
Portimonense
Quinta temporada de Paulo Sérgio no comando técnico dos algarvios e um ano que, perante a primeira amostra, não faz adivinhar facilidades.
O Portimonense tem menos sete pontos do que à 8.ª jornada da época passada, caiu do 6.º para o 12.º lugar, e tem apenas duas vitórias até agora, apesar de já ter defrontado FC Porto e Benfica.
Há bons valores no plantel, existe qualidadade por explorar no ataque, restando saber se o tempo será bom conselheiro para Paulo Sérgio em terras algarvias.
Nota: 5
Rio Ave
A direção mudou, o clube continua sem poder contratar e, dentro de campo, os problemas lá fora têm transparecido. O Rio Ave tem menos quatro pontos do que na época passada e, pior do que isso, viu os principais adversários, na sua grande maioria, melhorarem, motivo pelo qual ocup o penúltimo lugar da Liga, que dá descida direta ao segundo escalão.
Luís Freire, apesar da juventude, tem sido peça fundamental no projeto vila-condense, mas a nau tem navegado em águas turbulentas, por culpa de outrém. Há valor individual e coletivo suficiente para dar a volta, sendo que, pelo menos até janeiro, será com estes que Freire terá de ir à "guerra". A batalha avizinha-se hercúlea.
Nota: 4
SC Braga
Tem sido uma montanha-russa de emoções na Pedreira. A época começou bem, com as vitórias diante do Backa Topola, na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, mas a estreia na Liga resultou logo no primeiro desaire, em casa, perante o Famalicão (1-2).
Seguiu-se nova dose de euforia, com as vitórias diante do Panathinaikos, que colocaram o SC Braga na fase de grupos da Champions, o empate (1-1) com o Sporting não esmoreceu os ânimos mas nova derrota, agora fora de casa, com o Farense (1-3), antes da estreia na fase de grupos da Liga dos Campeões, com derrota caseira (1-2), diante do Nápoles, levaram a nova dose de dúvidas.
Havia, porém, espaço para acelerar para uma sequência de cinco triunfos consecutivos, com a histórica vitória na Alemanha, diante do Union Berlim, pelo meio, para renovar as esperanças no Minho.
Ao plantel mais equilibrado da Liga, António Salvador, que manteve a confiança em Artur Jorge, juntou-lhe nomes como João Moutinho, Rony Lopes, Vítor Carvalho, Adrían Marín e Zalazar. A fasquia voltou a subir, restando saber se haverá margem para mais descidas íngrimes nesta montanha-russa dos guerreiros do Minho.
Nota: 6
Sporting
Oito jornadas, sete vitórias e um empate (1-1), com o SC Braga. Quase tudo mudou para um leão que, na época passada, arrancou ao pé-coxinho. Hjulmand e Gyokeres ajudam a explicar muita coisa, mas os mais nove pontos que o Sporting soma, em relação à 8.ª jornada do ano passado, quando era 7.º classificado, mostra que também Rúben Amorim e restantes jogadores parecem ter aprendido com os erros do passado.
O Sporting é líder isolado do campeonato, a euforia voltou a tomar conta dos adeptos e em Alvalade já mora um novo ídolo, talvez o melhor reforço da Liga esta temporada: Viktor Gyokeres.
Nota: 9
Vitória de Guimarães
A palavra-chave no Castelo tem sido instabilidade. E, surpreendentemente, combinado com sucesso. Moreno saiu logo na 1.ª jornada, apesar de ter vencido o Estrela da Amadora, mas sem ter esquecido a desilusão da eliminação na Liga Conferência. João Aroso assumiu o comando interino e também venceu, chegou Paulo Turra e não convenceu, seguindo-se Álvaro Pacheco.
Contas feitas, quatro treinadores em oito jornadas e o Vitória a manter-se em lugares europeus, com a 5.ª posição, com mais cinco pontos do que à 8.ª jornada da temporada passada.
Depois da turbulência, no Castelo existem todas as condições para uma temporada tranquila, espreitando novo regresso às competições europeias.
Nota: 7
Vizela
A revolução foi grande em Vizela. Saíram muitas das principais figuras, algumas que acompanharam o clube desde as competições não profissionais, entrou um treinador desconhecido para a maioria, Pablo Villar, e vários jogadores, também eles espanhóis, ou hispânicos, para tentar uma montra no principal escalão do futebol português.
Sem surpresa, para alguns, o Vizela tem tido dificuldades em afirmar-se esta temporada, ao contrário do que havia sucedido nas anteriores. Soma apenas uma vitória, Pablo Villar já perdeu o pouco crédito junto dos adeptos e o 16.º lugar, com um jogo diante do FC Porto neste regresso ao campeonato, não faz adivinhar revolucionárias melhorias na equipa.
Nota: 4