Balanço da Liga: Paulinho Cascavel classifica Gyökeres como peça rara
“Creio que nem os sportinguistas esperavam uma resposta imediata dele. O Gyökeres manteve uma regularidade muito grande desde o começo do campeonato e é hoje uma peça rara no futebol, visto que, além de marcar golos e de ser muito oportunista, joga e trabalha muito para a equipa. O Sporting teve muita sorte e os resultados estão aí para confirmá-lo”, enquadrou à agência Lusa o ex-avançado dos ‘leões’, entre 1987 e 1990.
Quase 40% da produção ofensiva ‘leonina’ nas várias provas teve participação direta de Gyökeres, 15.º jogador do Sporting distinguido como melhor marcador da Liga, com 29 golos, numa época em que já ‘faturou’ por 43 vezes e fez 14 assistências em 49 duelos.
O sueco passou a ladear Fernando Peyroteo (seis distinções), Soeiro, Héctor Yazalde ou Liedson (todos com duas) e Vasques, João Martins, Ernesto Figueiredo, Jordão, Manuel Fernandes, Cascavel, Jorge Cadete, Mário Jardel ou Bas Dost (uma) entre os máximos ‘artilheiros’ numa edição da Liga pelos ‘leões’, lote que não era dilatado desde 2020/21, quando o médio Pedro Gonçalves celebrou 23 golos rumo ao primeiro cetro em 19 anos.
“Considerava-me um bom ‘rato’ de área, que se posicionava e fazia muitos golos, mas já não ia tanto ao choque. Os traços mais distintos face ao Gyökeres são a força física e a explosão. Eu era um pouco mais técnico do que ele, mas somos bem parecidos no resto. Gyökeres ainda não é um jogador completo, nem o melhor do mundo, mas é muito bom e crescerá ainda mais”, frisou Paulinho Cascavel, melhor marcador das edições 1986/87 e 1987/88 do campeonato ao serviço de Vitória SC e Sporting, respetivamente.
Reforço mais caro da história ‘leonina’, ao ser contratado ao Coventry por 20 milhões de euros (ME) fixos, mais quatro em variáveis, o dianteiro, de 25 anos, logrou os melhores números da sua carreira, na qual tinha chegado aos dois dígitos de golos por três vezes.
As experiências prolíficas nos ‘sky blues’ (2021-2023), do segundo escalão inglês, e nos suecos do Brommapojkarna (2017) contrastaram com a irregularidade no Brighton (2018-2021), da Premier League, que o chegou a emprestar ao St. Pauli, da divisão secundária alemã (2019/20), e aos galeses do Swansea (2020/21), do mesmo patamar do Coventry.
“O Sporting cria muito para os avançados e tanto ele, como o Paulinho, beneficiam muito do esquema de ‘3-4-3’ implementado pelo Ruben Amorim. O Gyökeres não marcou tanto em outras épocas e pela Suécia, porque talvez o sistema de jogo não o tenha favorecido. Por vezes, um jogador está em forma no clube, mas não rende tão bem na seleção. São fases”, atestou Cascavel, face aos seis golos em 20 internacionalizações pelos nórdicos.
Colocando Gyökeres “ao nível dos grandes goleadores” do Sporting, o ex-jogador, de 64 anos, exalta o “peso fundamental” do sueco no “melhor futebol” da Liga, numa fase em que os ‘leões’ levam 140 golos em todas as provas em 2023/24 e já não marcavam tanto desde 1946/47, época do primeiro de três títulos seguidos selados pelos ‘cinco violinos’.
“O Sporting fez uma aposta que deu muito certo e qualquer grande clube europeu terá o maior interesse no Gyökeres, mas de certeza que custa, pelo menos, uns 100 ME. Como ele tem um bom contrato, que dura mais quatro anos, a renovação não seria uma coisa decisiva para ser feita nesta altura. Agora, se o clube achar por bem, o atleta deve ter um acréscimo salarial, porque produziu e deu resultados. Para mim, dificilmente ficará esse tempo todo no Sporting”, vincou Paulo Bacinello, mais conhecido por Paulinho Cascavel.