Balanço da Liga: Quim lamenta oscilação em época falhada do Benfica
“É lógico que existiram fases boas e outras menos boas, mas, acima de tudo, a partir do momento em que o Benfica não é campeão nacional, torna-se naturalmente uma época falhada, até porque a meta inicial era essa. Um clube com esta grandeza luta pelo título todos os anos”, avaliou à agência Lusa o ex-guarda-redes ‘encarnado’, de 2004 a 2010.
O recordista Benfica falhou o 39.º cetro, ao acabar no segundo posto, com 80 pontos, 10 abaixo do novo campeão Sporting, que se impôs pela 20.ª vez, e com mais oito do que o FC Porto, terceiro, logrando a derradeira vaga de acesso à próxima Liga dos Campeões.
“A equipa vinha de uma época muito boa e também começou bem esta, mas, a partir de determinado momento, houve uma certa instabilidade e alguns adeptos deixaram de ter total confiança nas equipas que o Roger Schmidt colocava em campo. Depois, viram-se resultados inconstantes e fases. A segunda volta tem momentos muito maus”, observou.
Campeão nacional em 2004/05 e 2009/10, Quim, de 48 anos, reconhece o desacerto na substituição de alguns “nomes decisivos” da temporada passada, entre os quais o lateral esquerdo espanhol Grimaldo, que rumou a custo zero ao recém-campeão alemão invicto Bayer Leverkusen, sem que os reforços David Jurásek, Bernat e Álvaro Carreras nem os adaptados Morato e Fredrik Aursnes colmatassem uma das principais lacunas do plantel.
“Gastou-se muito dinheiro em contratações, mas é sempre uma incerteza que esse gasto venha a ter equivalência a nível exibicional. Muitos jogadores de grande qualidade foram adquiridos por verbas altas, mas não tiveram rendimento nem substituíram à altura quem saiu. O futebol é mesmo assim: algumas épocas correm bem, outras menos bem”, disse.
O outro equívoco apontado cingiu-se à sucessão do avançado Gonçalo Ramos, segundo melhor marcador da I Liga em 2022/23, com 19 golos, cujo ingresso no agora tricampeão francês Paris Saint-Germain foi concretizado em agosto de 2023, a dois dias da abertura oficial da época, com o êxito do Benfica sobre o FC Porto (2-0) na Supertaça, em Aveiro.
Casper Tengstedt, os reforços Arthur Cabral e Marcos Leonardo - o mais caro de sempre em Portugal numa janela de inverno - e Petar Musa, adquirido pelos norte-americanos do Dallas em janeiro, não passaram dos 22 tentos em conjunto, numa lista encimada pelos extremos Rafa Silva, com 14, e Ángel Di María, que voltou ao fim de 13 anos, com nove.
“Falo pela minha experiência durante muitos anos numa outra posição: a assiduidade é importante. Os avançados precisam de confiança, mas não é com dois ou três jogos que vão ganhá-la. Mesmo que não façam golos nessa fase, não é necessário estar a tirar um para colocar outro. Isso cria instabilidade e não dá confiança para eles poderem render”, alertou Quim, sobre um eixo ofensivo que também chegou a incluir Rafa ou David Neres.
O Benfica somou apenas um troféu perante o terceiro maior investimento da sua história, com 97 milhões de euros (ME), além de ter falhado a terceira passagem consecutiva aos oitavos de final da Liga dos Campeões, perdendo frente aos franceses do Marselha nos quartos da Liga Europa através do desempate por penáltis (4-2, após 1-1 no agregado).
“Continuidade de Roger Schmidt? O que eu posso dizer é que essa dúvida não será boa para nenhuma das partes. Se o presidente achar que este treinador deverá continuar, os sócios têm de ter consciência de que o seu apoio é importante e estar com a equipa. Rui Costa tem de tomar uma posição o mais rápido possível, porque, se isto continuar assim, o início da próxima época vai prolongar as dúvidas com que se terminou esta”, sinalizou.