Benfica preso entre o equilíbrio defensivo e a falta de ideias
A derrota já é uma agrura suficiente para os adeptos do Benfica. Nunca os encarnados tinham perdido duas épocas consecutivas no arranque da Liga, por isso o desaire em Famalicão inscreveu Roger Schmidt na história do Benfica, e não por bons motivos.
Contudo, o que chocou na exibição do Benfica foi o completo marasmo ofensivo. Um dos chamados três grandes da Liga, os encarnados estão habituados a dominar jogos e pressionar as equipas adversárias até encontrarem o caminho do golo. Contudo, no domingo, os encarnados mostraram uma total inoperância na hora de atirar à baliza de Luiz Júnior.
É certo que os números não dizem tudo, mas ajudam a explicar muita coisa. Olhando para os dados Flashscore, o Benfica teve um valor de golos esperados (xG) de 0,43. Um número semelhante ao do Rio Ave em Alvalade, sendo que só Arouca (0,24), Estoril (0,22) e Gil Vicente (0,36) tiveram pior. De entre as quatro equipas que ficaram em branco, o Casa Pia foi quem esteve mais próximo do golo, segundo a métrica do xG, com 1,22 diante do Boavista.
Pese embora um novo avançado na frente – Vangelis Pavlidis – que mostrou veia goleadora na pré-época, o problema pode ser encontrado um pouco mais atrás, no coração da equipa. Roger Schmidt arrancou a época com Leandro Barreiro e Florentino Luís como dupla do meio-campo.
Dois jogadores de grande pulmão e com grandes valências defensivas, nenhum é particularmente criativo. Cabe ao luxemburguês baixar mais para iniciar a construção e ao internacional sub-21 português fazer a ligação, mas ambos terminaram o jogo sem grandes rasgos a nível de passes, como é exemplificado pelo mapa de passes.
E nem a adição de Prestianni mais à frente, outra das revelações da pré-época, ou a de Kokçu ajudaram a resolver a questão. Nenhum dos dois, apontados como os criativos da equipa, conseguiram romper linhas através do passe.
Numa tentativa de procurar o equilíbrio defensivo da equipa – e não foi pelo meio-campo, mas sim por erros individuais na defesa que sofreu os golos – Roger Schmidt parece ter retirado qualquer ideia em termos ofensivos. E num campeonato em que o Benfica vai dominar a grande maioria dos jogos é preocupante.