Benfica supera primeiro teste frente ao Farense (5-0): as principais notas
Recorde as incidências da partida
Roger Schmidt e José Mota optaram por lançar de início os jogadores mais experientes do plantel, aqueles que, à partida, irão ser mais utilizados ao longo da época.
No início, o encontro até começou equilibrado, com Kaique a evitar a primeira iniciativa de Leandro Barreiro e Samuel Soares a negar o golo a Poveda, mas as duas equipas apresentaram-se a ritmos distintos e o Benfica acabou por levar a melhor.
Já sem Kaique, que saiu lesionado após choque com Marcos Leonardo, o Benfica abriu o marcador num remate de Florentino, que contou com uma má abordagem por parte do guardião do Farense. Antes do intervalo, Pavlidis aproveitou uma defesa incompleta de Miguel Carvalho para fazer o 2-0 na pequena área.
Na segunda parte, as duas equipas sofreram uma verdadeira revolução, mas o sinal mais voltou a ser benfiquista. Prestianni marcou de fora da área apenas dois minutos depois de ser lançado a jogo e Benjamin Rollheiser bisou na partida. O 4-0 surgiu na sequência de um livre direto (53') e o 5-0 foi apontado a cinco minutos do final, após boa jogada coletiva que culminou com remate de fora da área por parte do argentino.
O Benfica volta a entrar em cena já no sábado, frente ao Celta de Vigo, novamente em Águeda, enquanto o Farense defronta o Marítimo, na próxima quarta-feira.
Aursnes versão 2022/23
Nas redes sociais, as críticas foram imediatas. Logo ao primeiro jogo de pré-época, iria Aursnes começar a lateral direito? Os primeiros indícios apontavam nesse sentido, mas eis que a adaptação desta vez coube a Tiago Gouveia.
O extremo não tem a continuidade no Benfica assegurada, até pela quantidade de opções para a sua posição, pelo que Roger Schmidt decidiu dar espaço ao internacional sub-21 português na posição que pertence habitualmente a Bah (ainda de férias após a participação no Euro-2024).
Se Tiago Gouveia não conseguiu ganhar pontos (desperdiçou um golo cantado antes do intervalo), Aursnes mostrou que pode (e deve) voltar à posição em que foi mais feliz. Como médio a partir do corredor esquerdo, pisou espaços interiores e mostrou que é aí que pode voltar a fazer a diferença, ainda que a polivalência do norueguês seja uma garantia de várias mudanças ao longo da temporada.
Soluções e falta delas
Não se pode dizer que a continuidade praticamente assegurada de Ángel Di María seja propriamente má, mas ficou uma vez mais evidente que alguns jogadores vão perder espaço com a presença do experiente internacional argentino.
David Neres é, claro, o jogador que mais desespera pela saída do campeão mundial, mas há outros jogadores à espera do seu espaço, nomeadamente aquele que foi contratado em janeiro para... substituir Di María.
Benjamín Rollheiser começou no banco de suplentes, à imagem do que tem acontecido desde que chegou ao Benfica, mas voltou a mostrar rendimento para bem mais. Fez um golaço de livre, esteve sempre muito interventivo, mostrou-se em combinações e acabou a bisar, já depois de outro extremo, Prestianni, também ter faturado.
As opções são tantas que já nem há espaço para Tiago Gouveia, forçado a recuar para uma posição onde acontece exatamente o contrário. Sem Bah, é certo, mas continuam a faltar opções para o corredor direito. Esse deve ser o próximo dossier a resolver pela direção benfiquista, depois de concluída a questão do flanco esquerdo.
Os reforços
Beste foi o último a chegar e, apesar de se ter juntado à equipa em Águeda, ainda não foi, por motivos óbvios, utilizado, pelo que nesta análise surgem apenas dois nomes.
Pavlidis e Leandro Barreiro destacaram-se de formas distintas e em momentos distintos. O luxemburguês aproveitou as ausências no meio-campo encarnado (João Neves e Kokçu) e apresentou-se com rotação alta.
O médio recrutado após terminar contrato com o Mainz mostrou que pode atuar ao lado de Florentino, até porque não se inibe na hora de procurar atacar a baliza do Farense. Aos cinco minutos, o guardião algarvio, que viria a sair lesionado, evitou o golo no primeiro particular para o internacional luxemburguês.
Quanto a Pavlidis, o arranque foi mais lento, mas a exibição até acabou por ser mais produtiva. Isto porque o avançado grego fez duas ameaças (remate aos 20' e cabeceamento aos 22') antes de faturar pela primeira vez de águia ao peito, ao aparecer no sítio certo para encostar após remate de Marcos Leonardo. Nesse e noutros lances, mostrou ser um daqueles avançados com capacidade para ler o espaço e finalizar ao primeiro toque.
Teste tático?
O Benfica entrou em cena com um 4x4x2 que facilmente se transformava em 4x2x3x1. Neste primeiro esboço, ficou claro que Marcos Leonardo será o escolhido por Roger Schmidt para ocupar o espaço deixado vazio pela saída de Rafa Silva.
O jovem brasileiro teve companhia na frente de ataque e aproveitou a presença de Pavlidis para recuar, procurar combinações e dar soluções aos médios, mostrando que pode apresentar uma faceta distinta daquela que mostrou na segunda metade da temporada passada.
Espaço para a juventude
Roger Schmidt apostou de início numa equipa mais habituada à alta roda do futebol nacional, mas não se pode dizer que o Benfica perdeu qualidade com a entrada de vários jovens depois do intervalo.
Entre as caras menos conhecidas, Prestianni aproveitou para mostrar que deve continuar a ser seguido de perto, apesar da quantidade de opções para a sua posição. Além do golo, foi interventivo e repentino nas intervenções, mostrando ser um extremo objetivo e com capacidade para crescer junto da equipa principal.
Nota ainda para a segurança e comunicação do guarda-redes André Gomes, depois de Samuel Soares ter estado a bom nível na primeira parte, e para a intensidade de João Rego. Diogo Spencer, Bajrami e Tiago Parente foram os outros jovens utilizados.
Entradas, mas também saídas
O plantel benfiquista ainda não está fechado, mas se isso é válido para contratações, ainda mais válido será para saídas.
Já aqui destacámos o nome de Tiago Gouveia, mas Casper Tengsted nem sequer teve direito a qualquer minuto neste particular frente ao Farense, o que será desde já um indício do que deve acontecer com o dinamarquês neste mercado de transferências.
Noutro sentido, João Mário foi lançado ao intervalo, mas mostrou ainda não estar em pleno no que toca à capacidade física.