Poker para inglês ver: Sporting vence Estrela com show de Gyökeres
Recorde as incidências da partida
A ideia era esperar pela conferência de imprensa depois do jogo, mas os adeptos do Sporting nem tiveram oportunidade de ir almoçar sem ver oficializado o adeus de Rúben Amorim. Como se fosse o fim de uma relação amorosa, a primeira reação foi pouco racional. A emoção toldou os sentimentos e alguns adeptos juraram não perdoar o treinador que venceu dois campeonatos. Horas depois, já em Alvalade, com a cabeça fresca, a situação foi, na generalidade, bem diferente.
Apesar de uma tarja nas imediações do estádio com uma crítica clara a Amorim, o ainda treinador do Sporting foi recebido com muitos aplausos, num reconhecimento da história que ajudou a construir. 90 minutos depois, ficou provado que a história continua, seja com João Pereira ou com outro treinador.
Num dia de emoções fortes em Alvalade - Nani, por exemplo, foi aplaudido durante a partida, especialmente quando entrou na segunda parte -, isso sentiu-se no treinador, nervoso junto à linha lateral, mas especialmente na equipa. O Estrela veio fazer o seu jogo e criou bastantes dificuldades ao Sporting. Quenda e Diomande tiveram exibições para esquecer e os leões sofreram defensivamente, ficando Nilton Varela e Danilo Veiga a dever pelo menos remates à baliza de Franco Israel, que acabou por ser dos melhores em campo.
Só que numa altura em que as emoções falam mais alto, é preciso encontrar sangue frio. E quem diz sangue frio, diz Viktor Gyökeres. O sueco fez uma exibição robótica no espaço de 20 minutos e resolveu os problemas que o Sporting tinha vindo a criar. Amorim respirou de alívio, mas terá ficado com uma questão na cabeça: "E se... levasse Gyökeres para Old Trafford?".
À primeira oportunidade, o sueco aproveitou um ressalto depois de combinar com o regressado Pedro Gonçalves, ao finalizar com classe para o primeiro da partida (19 minutos).
Quando há Viktor, tudo fica mais fácil e a prova disso foi dada poucos minutos depois. O Estrela continuou em jogo, sobretudo pelo lado esquerdo do ataque, mas foi também pela esquerda que Dramé errou para o bis de Gyökeres (31'), que atirou potente e sem hipóteses para Brígido.
Se o sueco continuava sem demonstrar qualquer pedaço de sentimento, a defesa sportinguista manteve a intranquilidade que demonstrou desde os instantes iniciais. Franco Israel ainda negou o golo a Rodrigo Pinho com uma grande intervenção, mas estava no sítio certo para aproveitar a assistência de Danilo Veiga, que tinha desperdiçado uma oportunidade escandalosa minutos antes (35').
O jogo parecia relançado, mas um pontapé de canto e uma mão de Bucca deixou Gyökeres a 11 metros da baliza e sem adversários à frente. Como se estivesse no recreio, o sueco completou o hat-trick com um remate potente, sem hipóteses para Bruno Brígido, para descansar um Sporting que volta a ver o nome da cidade de Manchester a rondar Alvalade já na terça-feira, quando receber o City para a Liga dos Campeões.
A verdade é que o Sporting chegou ao intervalo com dois golos de vantagem, e a conseguir gerir a equipa com vista a essa partida, graças, sobretudo, a Gyökeres e Franco Israel, o único que fez com que este não fosse uma espécie de one man show.
E num dia em que os ingleses estariam ainda mais atentos a este Sporting, Gyökeres fez de tudo para mostrar que pode seguir o mesmo caminho do seu treinador. Enquanto o Estrela perdeu o gás da primeira parte, apesar do golo anulado a Rodrigo Pinho por toque com o braço (57'), o avançado sueco fez o primeiro poker da carreira e completou uma noite de sonho num dia que começou por ser um pesadelo para os sportinguistas e que ainda acabou com a estreia de Maxi Araújo a marcar (85'), após passe de Daniel Bragança.
Amorim saiu, é verdade, mas a história continua e enquanto houver Gyökeres o Sporting está mais perto de ganhar. Para já, são 10 vitórias em 10 jornadas!
Homem do jogo: Viktor Gyökeres (Sporting)