Benfica-FC Porto: Clayton espera dragões fiéis à própria identidade
“O novo treinador (Vítor Bruno) já fazia parte da estrutura e tinha um entendimento sobre o clube e os jogadores, mas, para mim, isto foi uma surpresa muito grande, porque houve várias mudanças, que não se sentiram tanto em campo. Acredito muito na mística e vejo que o FC Porto continua com ela. Mudaram as pessoas, mas a forma de atuar psicologicamente, até junto dos jogadores, não teve grandes alterações”, disse à agência Lusa o ex-avançado brasileiro, de 49 anos, que alinhou nos azuis e brancos (1999-2003).
O Benfica, terceiro colocado, com 22 pontos (menos um jogo), recebe o FC Porto, segundo, com 27, três abaixo do campeão nacional e líder invicto Sporting, no domingo, às 20:45, no Estádio da Luz, em Lisboa, na conclusão da 11.ª jornada da Liga, sob arbitragem de João Pinheiro, da associação de Braga.
“Temos um Sporting avassalador, pelo que FC Porto e Benfica têm de pedalar. Sinto que o grande favorito (à conquista do título) é novamente o Sporting, o que torna o clássico ainda mais apimentado, porque ambos não o podem deixar fugir. Creio que será um jogo aberto, porque as equipas têm um ótimo arsenal ofensivo e grandes jogadores na frente”, apontou o vencedor de seis troféus pelos ‘dragões’, incluindo um campeonato e a edição 2002/03 da Taça UEFA, que também representou os ‘leões’ (2003-2005).
O clássico será precedido pela visita do Sporting ao SC Braga, na despedida do treinador Rúben Amorim, a caminho dos ingleses do Manchester United, numa altura em que os lisboetas somam 10 vitórias em outros tantos encontros na I Liga, uma das quais na receção ao FC Porto (2-0), da quarta jornada.
“Entre os três ‘grandes’, o Benfica está com mais problemas por resolver. Tem o fator casa do seu lado e uma claque muito presente, mas está com uma pressão maior do que o FC Porto, que também sabe que, se perder pontos, sentirá falta disso. Vejo um Sporting muito bem estruturado e com uma equipa formada há mais tempo, que tem mostrado o porquê de estar na frente”, reconheceu Clayton, autor de 25 golos em 117 jogos pelos ‘dragões’.
O antigo extremo observa no FC Porto “uma equipa equilibrada e com mais condições do que o Benfica para causar incómodo” ao Sporting na corrida pelo título, mesmo chegando à Luz afetado pela derrota na visita aos italianos da Lazio (1-2), da quarta jornada da fase de liga da Liga Europa, com golos sofridos no período de compensação de cada parte.
“Tenho gostado muito de ver a facilidade com que demonstram tranquilidade e eficácia. O FC Porto tem uma linha de ataque muito boa e que passa confiança, não tirando méritos ao Benfica, que se equilibrou mais depois da troca de treinador e foi muito rápido (a reagir) quando não tinha tempo para nada e precisava de fazer pontos e melhorar o seu jogo”, admitiu.
O desaire em Roma quebrou ciclos de seis vitórias, cinco encontros sem golos sofridos e oito partidas de invencibilidade nas diversas competições dos ‘azuis e brancos’, que atravessam o melhor arranque numa edição da Liga desde 2017/18, primeira das sete temporadas sob orientação de Sérgio Conceição, na altura coadjuvado por Vítor Bruno.
“Os números mostram um campeonato não tão equilibrado no plano global, mas com um certo equilíbrio entre os ‘grandes’. Não podemos desmerecê-lo. É claro que as equipas menores vão ter grandes problemas e estão a sofrer bastante, porque a questão financeira tem feito grande diferença e o investimento hoje é tudo no futebol”, enquadrou.
Notando o peso dos clássicos na Luz, onde o FC Porto leva cinco vitórias e sete empates em 21 visitas ao novo recinto encarnado para a Liga, Clayton aplaude o impacto do avançado espanhol Samu, contratado ao Atlético de Madrid no verão, com 11 golos em 12 jogos.
“É uma grata surpresa. Já tinha visto Pepê e Galeno a jogar, mas Samu está em destaque pela sua facilidade em marcar. Quando assim é, basta meia bola para que vire golo”, finalizou.