Filipe Çelikkaya: "Rùben Amorim vai ter impacto no Manchester United"
Os quatro anos que Çelikkaya passou à frente da equipa B do Sporting são o período mais longo que teve em qualquer lugar, em 17 anos de profissão. Tendo começado a treinar aos 21 anos, depois de se aperceber que não teria sucesso como jogador profissional - passou pelas camadas jovens do Belenenses, com Rúben Amorim -, Çelikkaya assumiu várias funções em países como a Ucrânia e o Catar, numa tentativa de expandir os seus conhecimentos sobre futebol.
“Fui para o Al Ahli para descobrir outro tipo de futebol e outra forma de pensar. Penso que é muito importante para o treinador que quer crescer como treinador conhecer o mundo e ter uma visão global do mundo do futebol”, disse Filipe Çelikkaya, em entrevista ao Manchester Evening News.
“Depois destas experiências, melhoramos porque somos capazes de compreender culturas e pontos de vista diferentes. Tudo muda na nossa mentalidade. Crescemos à procura dos nossos colegas e do seu trabalho, falando com eles e perguntando-lhes porque fazem as coisas, como intervêm nos treinos e quando corrigem as coisas. Posso sempre aprender com os meus colegas”, acrescentou.
Um livro que o pai lhe ofereceu quando era adolescente, A Teoria dos Desportos Coletivos, de Claude Bayer, acendeu a chama da compreensão de como tudo funciona no futebol e a sua convicção de que é necessário entender o jogo em todo o mundo levou-o a aceitar uma série de convites que, inevitavelmente, criaram mais oportunidades.
A conquista de títulos distritais pelo Almada levou-o a trabalhar na academia do Benfica, onde esteve com Rúben Dias e Renato Sanches, entre outros, e a ir com o atual treinador dos encarnados, Bruno Lage, para o Al Ahli, na Arábia Saudita. Seguiram-se dois anos na academia do Sporting, antes de voltar a ser adjunto, desta vez de Luís Castro, no Vitória SC. A conquista da Liga Europa valeu-lhe a transferência para o Shakhtar, onde conquistou pela primeira vez o título ucraniano e chegou às meias-finais da Liga Europa.
Se foi ousado da parte de Celikkaya testar-se em ambientes estrangeiros, foi ousado da parte de Hugo Viana tentá-lo a regressar a Lisboa, depois de apenas um ano na Ucrânia. Os dois conheceram-se por breves instantes no início das suas carreiras, quando Çelikkaya deixou o cargo de treinador no Al Ahli, precisamente quando Hugo Viana chegou, e o diretor desportivo já tinha visto o suficiente desde então para ficar convencido de que poderiam trabalhar bem juntos.
“Foi uma decisão arriscada”, disse Çelikkaya.
“Eu era campeão com o Shakhtar e fui para um clube que não era campeão há 18 anos. Tentei ajudá-los a ficar numa boa posição e disse desde o primeiro dia, quando assinei o meu contrato, que se o Ruben sair ou o Viana sair, eu também saía. Era como uma missão. Acho que foi a escolha certa, mas tinha de a sentir - por vezes, é só uma sensação", assumiu.
“Sentimos que, se juntássemos conhecimento com boas pessoas e houvesse um caminho a construir com uma visão tão clara que toda a gente soubesse o que queríamos alcançar. Foi muito motivador para mim voltar a casa, à minha cidade e ao meu clube, para trabalhar com pessoas de quem gosto e que me vêem como uma pessoa capaz de atingir os objectivos e ter conhecimentos para criar algo especial. Foi uma decisão fantástica deixar o Shakhtar e regressar ao Sporting. Como somos os três quase da mesma idade - eu tenho a mesma idade do Rúben e o Viana é um ou dois anos mais velho - é fácil darmo-nos bem porque temos experiência. Temos conhecimentos para partilhar sobre o que achamos que é o melhor para o clube e tivemos muito sucesso, promovendo muitos jogadores à equipa principal e vendendo os jogadores que encontramos para todos os países, especialmente na Premier League", lembrou Çelikkaya.
O treinador de 39 anos chegou às meias-finais da UEFA Youth League em 2022/23, com os sub-19 do Sporting, antes de deixar o clube no verão, para esperar por uma nova oportunidade, e gostou de conhecer Pep Guardiola quando esteve recentemente com Rúben Dias e Matheus Nunes em Manchester e observou os treinos.
Seja qual for o seu próximo trabalho como treinador, haverá viagens de regresso a Manchester no futuro para jantar com os seus bons amigos Hugo Viana e Rúben Amorim, depois de estes assumirem cargos importantes no City e no United.
Amorim será o quinto treinador do United que Guardiola terá de enfrentar nas suas nove épocas no Etihad, com os Reds a mudarem de treinador numa tentativa de competir com o City pelos títulos da liga.
A preparação para enfrentar os Blues, primeiro com o Sporting na Liga dos Campeões, esta terça-feira, e depois no próximo mês com o United, tem o apoio total do seu amigo e antigo colega.
“Não me surpreende, porque o conheço profundamente. É uma contratação muito boa e penso que, no futuro próximo, os adeptos do United vão ficar muito contentes porque ele vai ter impacto. Estou muito feliz por ele, desejo tudo de bom para ele e para a sua família, porque ele merece", afirmou Çelikkaya.