Clássico: "Este é o momento em que surgem os grandes jogadores", diz António Simões
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“Este é o momento em que surgem os grandes jogadores, as personalidades de enorme caráter e aqueles que não têm medo de se confrontar com o acrescento de dificuldades. Eu confesso, e até tenho essa experiência, que sabe muito bem ganhar um jogo quando sentimos que o nosso adversário foi extremamente difícil. Essas são as grandes vitórias, que trazem glória”, admitiu à agência Lusa o ex-avançado das águias, de 1961 a 1975.
O FC Porto, terceiro colocado, com 49 pontos, recebe o líder isolado e campeão nacional Benfica, com 58, dois acima do Sporting (menos uma partida), no domingo, às 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, sob arbitragem de João Pinheiro, da associação de Braga.
“Poderemos fugir do politicamente correto ou entrar nele com toda a naturalidade. É mais fácil dizer que este campeonato ainda não terminou para o FC Porto. Embora tenha nove pontos de diferença, ainda receberá os dois rivais lisboetas e pode perfeitamente vencer. Se isso acontecer, o FC Porto vai aproximar-se e haverá reflexos sobre o futuro das três equipas. Os resultados terão influência e podem ser uma injeção para melhorar de modo substancial ou o comprimido que não faz bem nem mal e deixa tudo na mesma”, vincou.
António Simões, de 80 anos, acredita num “excelente resultado” do Benfica no clássico, que decorre três dias depois de as duas equipas terem atuado na Taça de Portugal, com as águias a perderem na visita ao Sporting (2-1), para a primeira mão das meias-finais.
Já os dragões, detentores do troféu, impuseram-se com reviravolta nos Açores, face ao Santa Clara (2-1), líder isolado da Liga 2, num jogo dos quartos que foi reatado aos 27 minutos, após ter sido suspenso em 07 de fevereiro, face às más condições do relvado.
“Se esta partida começar de feição e a equipa estiver personalizada e sem receios, creio que o FC Porto terá problemas, até porque não está estável, não tem tido resultados de acordo com a sua história e pode haver nervos e falta de confiança. Agora, o adversário tem aquela cultura de nunca desistir e é preciso ter algumas cautelas com isso. Embora sejam dois jogos diferentes, ter existido um dérbi antes de um clássico tem seguramente influência na equipa do Benfica, pois uma coisa é ganhar e outra é não ganhar”, avaliou.
Campeão nacional por 10 vezes ao serviço das águias, pelas quais conquistou a então denominada Taça dos Campeões, em 1961/62, o ex-internacional português relativiza as críticas às exibições do conjunto comandado pelo alemão Roger Schmidt, que soma três vitórias e uma derrota nos quatro confrontos com o homólogo portista Sérgio Conceição.
“A partir do momento em que o encontro começa, tudo se pode alterar e sair ao contrário daquilo que se falou (no balneário). Como o futebol é uma arte em movimento, os atletas têm de ser muito cultos, múltiplos e inteligentes na sua relação com o jogo. Por mais que um treinador grite ou altere, são os jogadores que tomam decisões em campo”, lembrou.
Questionado sobre a aposta num ataque móvel, que foi utilizado pelo Benfica nos últimos dois jogos, e na primeira parte da Supertaça Cândido de Oliveira conquistada face ao FC Porto (2-0), em agosto de 2023, em Aveiro, António Simões reconhece que “faz sentido”.
“O treinador consolida o modelo de jogo. Depois, cria uma estratégia em função de cada adversário. Estou muito curioso por saber se o Roger Schmidt repetirá no Dragão aquilo que já aconteceu com o Portimonense (triunfo caseiro por 4-0, para a 23.ª ronda). É claro que o resultado tem influência. Se ganhar com a mesma estratégia, estará tudo bem. Se não, dirão que, afinal de contas, a equipa devia ter jogado de forma diferente”, terminou.