Do turbilhão à melhor época de sempre: dérbi pode ser um marco histórico em Guimarães
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O peso do Vitória SC no nosso futebol, visível pela fervorosa massa adepta, não deixaria dúvidas de que o conjunto de Guimarães, apesar de uma incursão mais modesta do que em outros anos ao mercado, iria lutar pelas competições europeias.
Numa altura em que chegamos ao à reta final com esse objetivo já concluído, dir-se-ia que a época está resolvida, mas ainda há mais a conquistar para os lados de Guimarães, algo impensável ao fim das primeiras jornadas.
Afinal, quantas equipas podem dizer que tiveram quatro treinadores e acabaram por fazer uma época acima das expectativas? Assim de cabeça... o Vitória SC.
Moreno, João Aroso, Paulo Turra e Álvaro Pacheco. Com quatro homens ao leme em momentos diferente, seria natural ver o navio vitoriano à deriva, mas à jornada 33 ainda é possível fazer história pela positiva.
Na verdade, o Vitória SC já podia ter atingido a melhor pontuação da sua história caso tivesse vencido o Rio Ave, em Vila do Conde, mas ainda tem duas jornadas para ultrapassar, pela primeira vez, os 62 pontos e pode confirmar esse prémio no jogo mais importante da época dos adeptos vitorianos, o dérbi contra o SC Braga.
As duas equipas estão separadas por cinco pontos a duas jornadas do final, o que dificulta uma ultrapassagem ao rival bracarense, mas o confronto direto e a última jornada - o SC Braga recebe o FC Porto - podem mudar as coisas. No entanto, é com outro cenário em mente que o Vitória SC recebe o seu rival no sábado.
Com 60 pontos, faltam apenas dois empates para que a equipa de Álvaro Pacheco iguale o melhor registo da história do clube, alcançado pela última vez em 2016/17 e pela primeira vez em 1995/96, o que significa que um triunfo no dérbi levaria o Vitória SC para a marca histórica dos 63 pontos.
Só Bruno Gaspar sobrevive
Se 1995/96 começa a ficar cada vez mais distante, a temporada 2016/17 está fresca na memória dos adeptos do Vitória SC, que viram Pedro Martins igualar o recorde.
Curiosamente, o balneário dessa equipa era liderado por Moreno, que começou a época atual como treinador do conjunto de Guimarães e saiu ao fim de apenas três jogos realizados. Do atual plantel, apenas Bruno Gaspar pode repetir ou ultrapassar o registo histórico que o próprio ajudou a alcançar.
Nessa temporada, o lateral foi um dos mais utilizados (36 jogos), acabando por sair na época seguinte para a Fiorentina, onde não teve grande sucesso. Depois de passagens por Sporting, Olympiacos e Vancouver Whitecaps, regressou a Guimarães para ter um impacto quase nulo... até esta época. Em Vila do Conde, somou o jogo 31 e provou ser mais um dos méritos de Álvaro Pacheco na atual temporada.
Mas as parecenças entre esta época e a de 2016/17 não se esgotam em Bruno Gaspar. Tal como aconteceu este ano, o Vitória SC fez uma excelente campanha na Taça de Portugal, chegando às meias-finais até ser eliminado pelo FC Porto, o que impediu que igualasse a temporada sob o comando de Pedro Martins, altura em que o Vitória SC chegou ao Jamor, onde perdeu com o Benfica.
De resto, os próprios registos são bastante parecidos. Com 41 jogos realizados (menos três do que em 2016/17), o Vitória SC tem 63 golos marcados, um a menos do que nessa temporada e 46 golos sofridos, cinco a menos, somando praticamente o mesmo número de vitórias (23 esta época, 24 em 2016/17).
Nomes que fizeram história
Já destacámos o papel de Bruno Gaspar na equipa de Pedro Martins, mas o lateral não era a principal referência do Vitória SC, tal como acontece esta época. Em 2016/17, os protagonistas dividem-se, com dois nomes em plano de evidência - Raphinha e Moussa Marega.
Atualmente no Barcelona, o internacional brasileiro começou a afirmar-se nessa temporada para explodir verdadeiramente no ano seguinte, mas o principal goleador era mesmo Marega, emprestado pelo FC Porto.
O maliano foi o melhor marcador da equipa, com 14 golos, à frente de Hernâni, também ele emprestado pelos dragões, com 12 golos marcados. Curiosamente, o nome que se seguiu faz-nos voltar a 2023/24.
Para a época atual, a principal referência ofensiva do Vitória SC era André Silva. Com 13 golos em 28 jogos, o esquerdino estava a fazer uma boa época, até que saiu a meio da temporada, tal como... Tiquinho Soares.
O meio ano de Tiquinho em Guimarães foi acima da média e levou o FC Porto a investir mais de cinco milhões de euros na sua contratação no mercado de inverno, altura em que o avançado brasileiro levava já nove golos pela equipa de Guimarães.
Além destes nomes marcantes na história recente do Vitória SC, destacavam-se ainda a dupla Pedro Henrique e Josué Sá na defesa, bem como o peruano Paolo Hurtado, no meio-campo.
Mais paralelismos
Numa altura em que o Vitória SC tenta bater a marca dos 62 pontos e, quiçá, ficar à frente do SC Braga, tal como em 2016/17, quais os nomes que serão recordados da próxima vez que a equipa estiver perto de fazer história?
Jota Silva é, claro, o principal destaque do Vitória SC esta temporada. O ex-Casa Pia não é apenas o mais utilizado por Álvaro Pacheco, com 40 jogos realizados, como é também o melhor marcador da equipa, com 15 golos. A época foi tão boa que até lhe valeu a estreia pela seleção nacional, curiosamente no Estádio D. Afonso Henriques.
Claro que o outro destaque da temporada foi Álvaro Pacheco. De despedido no Estoril a figura em Guimarães, o casamento parecia perfeito e aparentava ser duradouro, depois de jogos marcantes e de uma paixão com a qual os adeptos vitorianos se reviam. No entanto, um jantar em Lisboa para estudar uma proposta do Cuiabá, do Brasileirão, terá antecipado a rutura no final da temporada.
A verdade é que mesmo que o registo histórico não seja alcançado, esta já tem de ser uma época avaliada de forma bem positiva pelos responsáveis do Vitória SC, que conseguiu cumprir todos os objetivos, valorizou ativos como Jota Silva, João Mendes, Tiago Silva e Tomás Händel, reaproveitou nomes desacreditados como Borevkovic e o já mencionado Bruno Gaspar e ainda encaixou mais de 20 milhões de euros em vendas - recorde-se que Bamba (8 M€) e André Amaro (7,75M€) saíram ainda no verão.
Com duas jornadas pela frente, a história está ao alcance dos comandados de Álvaro Pacheco, mas em Guimarães tornou-se quase obrigatório atingir essa marca no próximo sábado, frente ao eterno rival SC Braga.