Eleições FC Porto: Nuno Lobo projeta futura academia nos arredores do Porto
“Temos apalavrado com uma cidade não muito longe do Porto, da qual não quero estar a falar agora, porque penso que não vale a pena. Se já há custos estimados? Não fizemos estudos de mercado em relação a essa situação. Um dos nossos desejos é concretizar a academia, mas só depois de sentir como estão o coração e as contas do FC Porto é que poderemos tirar as devidas ilações. Eu tenho de saber aquilo com que posso contar ou o dinheiro que existe para fazer esses investimentos. São ideias que temos em mente, mas que são exequíveis”, enquadrou o empresário e professor, em entrevista à agência Lusa.
Essa intenção de Nuno Lobo é similar à academia projetada na Maia por Pinto da Costa, presidente do FC Porto e recandidato a um 16.º mandato seguido, mas contrasta com os planos do ex-treinador e adversário eleitoral André Villas-Boas, defensor de um centro de alto rendimento perto do Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, no Olival.
“Há muitos anos que é prometida essa academia e há mais de duas décadas que outros clubes a têm. Contestei aquele projeto em Matosinhos, pois era uma aberração, um erro colossal e uma coisa feita à pressa, tanto é que não foi para a frente ou passou de meros papéis. Hoje vemos uma coisa mais com pés e cabeça. Academia na Maia? É um projeto que subscrevo. Se ganhar as eleições, de certeza que não rasgo esse contrato. Vou ver detalhadamente o que traz de benéfico para o FC Porto e, depois, tomo posição”, frisou.
O empresário, de 54 anos, deseja concentrar todos os escalões jovens numa academia independente do Olival - cujos terrenos pretende adquirir em definitivo junto da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia -, visando a projeção de mais-valias na equipa principal.
“O FC Porto sempre foi e continuará a ser um clube vendedor. Por isso, tem de atacar o mercado de transferências com critério e de uma forma cirúrgica, trazendo jogadores de qualidade a um preço condizente e acessível para que, mais tarde, sejam potenciados e valorizados numa futura transferência, sem que o clube perca essa dinâmica e sucesso desportivo. É assim que o FC Porto tem de fazer, mas não vemos isso. O scouting tem estado um bocado parado e essa é uma peça de engrenagem muito importante”, notou.
Dando a liderança da estrutura do futebol ao presidente, que pode delegar competências em áreas específicas, Nuno Lobo equaciona apostar num diretor desportivo, sem pensar numa saída de Sérgio Conceição no comando da equipa principal no final da temporada.
“Se eu lhe desse uma folha em branco e ele assinasse, para mim está tudo bem. Agora, quero essa separação de poderes. Não tenho de dar palpites ou sugerir jogadores, mas delegar esse trabalho a Sérgio Conceição e à sua equipa técnica. Nunca me meterei na forma como ele treina a equipa. Se me pedir um Mbappé ou um Cristiano Ronaldo, o FC Porto tem de saber até onde pode ir e evitar algumas loucuras que tem cometido”, disse.
O candidato à sucessão de Pinto da Costa pela lista “Sim, somos Porto - projetar o futuro respeitando o passado” admite rever-se no “trabalho meritório” do técnico, que se tornou recordista de jogos, vitórias e troféus à frente do clube ao fim de quase sete temporadas.
“Tenho de ver a sua parte como treinador e não esquecer o modo como defende todos os dias o clube. Isto é importante para o associado e mostra o nosso ADN. Infelizmente, não só no futebol, como na política, o FC Porto e o Porto estão sempre a ser subjugados pelo centralismo exacerbado de Lisboa. O Sérgio Conceição tem sido essa bandeira”, avaliou.