Eleições FC Porto: Renegociação da dívida norteia plano financeiro de Nuno Lobo
“Nesta altura, penso que estaremos a pagar 5% de juros sobre mais de 500 ME. Ou seja, todos os anos temos de realizar à volta de 25 ME para pagar essa taxa de juro. Como se reestrutura a dívida? Aumentando prazos e tentando alcançar juros mais baixos junto das entidades às quais o FC Porto é devedor. Essa é a única forma, e para já, o passo inicial que tem de ser dado. Depois, que haja também a possibilidade de amortizar as dívidas, o que é muito relevante. As contas certinhas trazem sempre a possibilidade de aparecerem outros investidores”, enquadrou o empresário e professor, em entrevista à agência Lusa.
Nuno Lobo quer solicitar uma auditoria às contas da SAD caso seja eleito como sucessor de Pinto da Costa, presidente do FC Porto e recandidato a um 16.º mandato consecutivo, cuja administração tem anunciado alguns negócios estruturantes nos derradeiros meses.
“Se não se tivesse ido buscar o Otávio Ataíde ou renovado contrato com o Galeno, então não fazíamos nada? Há situações que não podem ser adiadas. Em relação às contas, as únicas pessoas que podem saber estão na direção. Para já, não me meto nisso”, referiu, preocupado com os efeitos de uma expectável ausência da próxima Liga dos Campeões.
O empresário, de 54 anos, visa reduzir o passivo, cobrir prejuízos acumulados e inverter os capitais próprios negativos através de resultados positivos relevantes, propondo como soluções uma estrutura com menos encargos salariais e prémios limitados, cláusulas de rescisão dilatadas e renovações antecipadas, que evitem a saída de ativos a custo zero.
“Quando penso que há clubes que conseguem vender jogadores por 120 ME… Se o FC Porto fizer uma venda desse valor todos os anos, há grandes possibilidades de abater o passivo. Temos de valorizar os ativos e ter uma aposta muito forte na formação. Não nos podemos esquecer que a formação serviu para tapar os buracos que surgiram ao longo destes últimos anos, colmatar essa falta de dinheiro e honrar os compromissos”, vincou.
A venda dos direitos de designação do Estádio do Dragão, do pavilhão Dragão Arena, do centro de estágios do Olival ou do Campo da Constituição ajudará a captar investimentos para o FC Porto, cuja marca pode capitalizar uma visão expansionista de merchandising ou a oferta de uma experiência tecnologicamente moderna ao público em vários recintos.
“Centralização dos direitos audiovisuais? O FC Porto tem de arranjar forma de não ficar atrás dos seus concorrentes. Essa receita é importantíssima para a sua sustentabilidade. Há um clube (Benfica) que é detentor (da venda) dos jogos realizados no seu estádio... É preciso ter mecanismos para que exista mais investimentos e os direitos revertam a favor do FC Porto”, avisou, sobre um processo que ficará concluído na Liga e Liga 2 até 2028/29.
Nuno Lobo juntou 50 medidas às 250 lançadas em 2020, quando foi vencido por Pinto da Costa nas eleições, desejando chegar aos 300.000 sócios efetivos num prazo máximo de cinco anos e promover um ecletismo autossustentável, que institua o futebol feminino e o futsal e fomente a inclusão de um pavilhão para as modalidades no projeto da academia.
“Penso no crescendo em que está o futsal: o FC Porto irá ganhar com direitos televisivos, sponsorização e tudo aquilo que o portefólio do clube representa. Se perguntassem aos sócios se queriam esta modalidade, de certeza que teríamos mais vezes o Dragão Arena mais composto do que temos agora”, apontou, mostrando-se disponível para protocolar a entrada no padel e no ténis ou avaliar a viabilidade de projetos no ciclismo e no voleibol.