Entrevista Flashscore a Benny (Chaves): "Liga está a surpreender-me pelo equilíbrio"
Aos 23 anos, Benny Sousa está, ao mesmo tempo, na temporada de estreia e na época de afirmação na Liga. Afinal, são 28 jogos oficiais, com três assistências, no atual sétimo classificado da Liga. Para trás fica a experiência (curta) no FC Porto, alguma mágoa por não ter chegado à equipa principal do Sporting e a nova realidade, que assume tê-lo surpreendido pela positiva, no Chaves, apesar da opção do clube, que aceita, de não se ter inscrito para as competições europeias. Revelações de Benny, em exclusivo, ao Flashscore.
- Como está a ser a temporada do Chaves? Olhando à classificação, positiva, olhando a que os principais objetivos já foram atingidos.
- Sim. Até ao momento nós propusemo-nos a atingir os 35 pontos e passámos essa etapa. Agora estamos a desfrutar e a tentar o melhor possível para o Chaves.
- No fundo, é olhar para o resto do campeonato praticamente sem pressão. Ou ainda há objetivos para atingir?
- Neste momento estamos a jogar para a melhor classificação possível e a tentar jogar sempre para ganhar. Foi assim desde o início da época e é assim que queremos acabar. Claro que já não temos tanta pressão de lutar pela permanência, e isso também nos soltou um pouco mais nesta parte final mas acho que continuamos iguais àquilo que fomos desde o início.
- Subir na classificação ainda é possível...
- Sim. Nestes últimos três jogos é possível, nós sabemos disso e queremos também sonhar com isso.
- Numa conjugação de resultados até é possível ir para um patamar europeu, embora o clube não se tenha inscrito. Sentem algum tipo de frustração por isso ou aceitam com naturalidade a decisão do clube, que está também num processo de afirmação e crescimento?
- O clube decidiu, em relação a isso, o que achava e é melhor para o Chaves. Nós só temos de fazer a nossa parte e vamos tentar, como já tinha dito, a melhor classificação possível para o Chaves.
- O Benny esta temporada leva 28 jogos e três assistências. Foi uma época de afirmação?
- Sim, acho que foi uma época importante para mim. Afinal, foi a minha primeira época num patamar de futebol sénior e acho que está a ser bastante positiva. Tem corrido bem nos últimos jogos, graças ao treinador, que apostou em mim, e à equipa, que me ajudou muito.
- O Chaves é um clube que é muito querido, não só nessa região, em Trás-os-Montes, mas no país. Não se ouve falar por maus motivos, vive o futebol de forma positiva e de forma apaixonada. Vocês enquanto profissionais sentem que o Chaves é um clube cada vez mais apetecível para quem quer apenas jogar futebol e mostrar aquilo que sabe?
- Sim. Desde que cheguei aqui ao Chaves, tanto as pessoas na cidade como as pessoas do clube, são competentes, são sérias e isso para nós, jogadores, é muito importante. O Chaves é um clube sério, as pessoas vivem muito o futebol. É um clube apetecível e tenho a certeza que vai crescer ainda mais.
- Um crescimento que pode ter em vista, futuramente, outros objetivos. Gostaria de fazer parte desse futuro próximo do Chaves?
- Sim. Estou no Chaves e gostaria de fazer parte desse projeto. Acho que é apetecível e, estando no clube e vendo as coisas, acho que é possível isso acontecer.
- Ao nível da projeção que o Chaves dá a um jogador, é aquilo que esperava? O Alexsandro, por exemplo, ainda no último mercado de inverno seguiu para o Lille, de França. Há muita gente atenta aos profissionais do Chaves.
- Fui uma das partes que mais me surpreendeu aqui. Já tive três colegas que saíram desde que eu cheguei e isso acabou por me surpreender. Acho que o Chaves é um clube que tem muita atenção, muita visibilidade e é muito bom para nós.
- O mister Vítor Campelos é também alguém que puxa muito pelos jogadores, que sabe tirar o melhor de cada um.
- Exato. O mister Vítor, falando especialmente de mim mas também dos meus colegas, tem sido um treinador fantástico, tem tirado o melhor de nós, quer sempre o melhor de nós. Só tenho coisas boas a dizer dele.
- Olhando à carreira do Benny, começou em 2009 n'O Pinguinzinho. Fale-nos um pouco desse clube.
- É o clube da minha terra, Santa Comba Dão, o clube onde comecei a jogar. O Pinguinzinho é o clube de lá, foi onde comecei a dar os meus primeiros passos no mundo do futebol. É um clube humilde e é um bom clube.
- Daí, d'O Pinguinzinho, acontece o salto para o FC Porto, para depois regressar a Santa Comba Dão.
- Exato. Tive dois anos no FC Porto e depois na minha transição para sub-12 o clube propôs-me que eu ficasse numa família de acolhimento porque eu ia e vinha, praticamente todos os dias, de Viseu para o Porto. Eu na altura não aceitei ficar na família de acolhimento, preferi regressar à minha terra e continuar a jogar futebol lá.
- Até que alguém mandado pelo senhor Aurélio Pereira reparou em si e foi para o Sporting, para os sub-13.
- Exatamente. Durante esse ano, quando regressei ao Pinguinzinhos, houve o interesse de alguns clubes, na altura optei pelo Sporting, achei que era o melhor para mim. Sabia que tinha de dar um passo de ter de sair de casa, que tinha de ser naquela altura. E optei pelo Sporting e comecei aí a minha caminhada no Sporting.
- Passou por todos os escalões do Sporting, à exceção da equipa principal. Foi uma fase importante da carreira, todos esses anos na Academia do clube, em Alcochete?
- Formei-me como jogador e como homem, muito do que sou hoje aprendi no Sporting. Só tenho de agradecer ao Sporting por tudo o que me deu, pelas oportunidades todas, pela experiência, acima de tudo. Acho que cresci, foi um passo muito importante na minha vida pessoal e na minha carreira.
- Alguma mágoa por não se ter estreado na equipa principal do Sporting, ao contrário de muitos outros? Ou encara isso com naturalidade?
- Cada vez mais aprendi com isso. Claro que quando se está no Sporting, quando estamos na formação, temos esse sonho. Não foi possível. Compreendo, foram fases, tenho de aceitar e hoje aceito melhor do que há uns tempos.
- Onde se vê daqui a três ou quatro temporadas, mantendo este nível atual?
- Neste momento, para ser sincero, não tenho pensado nisso. Tenho os meus objetivos mas a vida tem-me ensinado isso, tenho de ir passo a passo, olhar para o presente e trabalhar para ir sempre subindo de patamar. Sei que estou feliz no Chaves, não quero pensar muito mais além disso. Continuar focado no meu trabalho e em ir melhorando todos os dias.
- Essa melhoria levará eventualmente para um clube que lute por outros objetivos. Há essa ambição de jogar no estrangeiro?
- Não vale a pena pensar no que vai acontecer daqui a três ou quatro anos. Claro que gostamos sempre de estar nos melhores clubes mas acho que o importante, agora, é estar focado no Chaves, dar o meu melhor pelo Chaves, tentar melhorar todos os dias porque, quando assim é, depois as coisas acontecem com naturalidade.
- Olhando para o campeonato português, a luta pelo título, pela manutenção, está ao rubro. Algum palpite?
- Nós, que estamos dentro do campeonato, temos sentido que está a ser muito equilibrado. As equipas que estão a lutar para não descer, as que lutam para serem campeãs... está tudo muito equilibrado. O futebol português tem subido de patamar, isso é importante realçar. Quanto a quem vai ser campeão, a realidade é que todas podem escorregar. É um campeonato que me está a surpreender, pelo equilíbrio.
- Qual foi o melhor jogo do Benny esta temporada?
- Creio que tenha sido com o Gil Vicente, fora de casa. Foi dos jogos que posso dizer que senti realmente que estava bem.
- Em duas palavras, como define Chaves: Chaves cidade e Chaves clube.
- Especial e acolhedor.