A continuidade do treinador Fábio Pereira, que cumpre a terceira temporada ao serviço do emblema de Oliveira de Azeméis, pode ajudar a explicar a boa senda de resultados neste arranque de temporada, numa campanha que, segundo o próprio, se deve à simbiose perfeita entre estrutura diretiva, equipa técnica e jogadores.
Nesta entrevista ao Flashscore, o treinador madeirense de 44 anos fez um primeiro balanço da época 2023/24, abordou a presença de Kazu Miura (56 anos) no plantel e ainda falou sobre os desejos para o futuro.
- Quais são as suas origens no mundo do futebol?
- Sou de uma família de ex-praticantes e desde muito cedo que tive gosto pelo futebol. O meu grande brinquedo era uma bola e sempre foi a minha grande paixão. Não consegui ter a carreira que sonhava enquanto jogador e, aos 30 anos, apareceu a possibilidade de ser adjunto no União da Madeira. Estive oito anos como adjunto, depois surgiu uma possibilidade de abraçar um projeto como treinador principal e não pensei duas vezes. Sabia qual era o objetivo e fui atrás do meu sonho de fazer melhor enquanto treinador do que aquilo que consegui como jogador.
- Cumpre a 3.ª época na UD Oliveirense. Que balanço faz deste percurso?
- Tem sido um trajeto bonito, as pessoas identificam-se com o nosso trabalho e nós tambem nos identificamos com a vontade de quem manda na estrutura. As pessoas da SAD são ambiciosas e gostam também do futebol ofensivo que eu aprecio. Temos feito bons trabalhos ao longo destes três anos. Na Liga 3 foi um ano difícil depois da descida de divisão. Havia uma amargura muito grande nos adeptos e recuperamos a confiança deles na equipa e no primeiro ano conseguimos alcançar o nosso objetivo com um futebol bastante atrativo. No segundo ano foi uma readaptação às ligas profisisonais. Temos uma estrutura pequena, mas de pessoas que gostam de futebol, e que se identificam bastante connosco, principalmente o Ricardo Fernandes, que é o nosso diretor e que também foi meu jogador. Sabe a minha forma de pensar e aquilo que eu gosto. Esta harmonia entre estrutura diretiva e equipa técnica tem sido importante para apresentarmos estes resultados.
- A UD Oliveirense conta com três vitórias e apenas uma derrota no campeonato e já eliminou o Gil Vicente na Taça da Liga. Estava à espera deste bom arranque?
- Espero sempre ganhar. Somos uma equipa trabalhada e com tração para a frente, atração pela vertigem, futebol espetacular e golos. Apesar de terem saído muitos jgadores da época passada, há jogadores nucleares que se mantiveram no plantel, como é o caso do Ibrahima, Duarte Duarte e Carter. Conhecem-me muito bem e são um suporte grande dentro do balneário. Estão identificados com o nosso trabalho e aglutinam todos os que estão à volta deles. Depois também acreditamos na nossa capacidade de recrutamento. Com poucos meios temos conseguido recrutar jogadores para a nossa ideia de jogo. Aqui e ali, ainda não com a qualidade de jogo que gostamos, mas temos sido pragmáticos e temos nos adaptado às dificuldades. Os jogadores estão de parabéns.
"O Miura é extremamente humilde e profissional"
- Como é treinar o Miura (avançado japonês de 56 anos)?
- Tem sido uma experiência muito positiva. Ele é uma estrela no Japão, mas comporta-se exatamente ao contrário. É uma pessoa extremamente humilde, acessível e profissional. É um grande exemplo para todos dentro do balneário e é alguém muito acarinhado por todos. Ficam espantados pela foma como se dedica ao trabalho. Tem uma paixão incrível pelo jogo e pelo futebol. Não se consegue imaginar a fazer outra coisa. Tem sido um prazer trabalhar com uma personagem deste nível. É algo muito gratificante e prazeroso para todos.
- O Fábio tem tido uma carreira de crescimemnto. Quais são as suas ambições?
- Gosto de me sentir feliz e desejado no trabalho. Tenho uma ideia muito simples e clara sobre o jogo e as pessoas contratam essa ideia. Ambiciono trabalhar no mais alto nível e a primeira liga é objetivo muito claro para mim. Mas, principalmente, quero sentir-me feliz e importante no trabalho e que as pessoas acreditem nas minhas ideias. Estou concentrado no meu trabalho na UD Oliveirense. É um clube que me tem dado suporte para desenvolver as minhas ideias. Estou cá há três anos, os jogadores e estrutura acreditam, os adeptos acarinham e não me passa pela cabeça trocar de clube, cidade e equipa.
- Como vê o futebol em Portugal e lá fora?
- O futebol tem mudado muito ao longo dos últimos anos. A capacidade financeira de alguns países tem mudado o desenrolar das operações e muitos jogadores de renome internacional estão a ser desviados para o mundo árabe. Mas parece-me que os campeonatos mais competitivos continuam a ser os mesmos. A liga portuguesa tem crescido, temos dado boa resposta a nível interno e externo, até a própria arbitragem tem evoluído e com presença nas grandes provas. O futebol caminha para uma vertente mais empresarial e mais virada para os adeptos e nós gostamos disso. Gostamos de promover o futebol espetáculo.
