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Entrevista Flashscore a Vítor Vinha: “Sinto-me completamente preparado para qualquer desafio”

Mário Rui Ventura
Vítor Vinha está livre no mercado, em busca da estreia como treinador principal
Vítor Vinha está livre no mercado, em busca da estreia como treinador principalJoão Azevedo
Aos 37 anos, e depois de ter sido adjunto de Luís Freire no Rio Ave, Vítor Vinha decidiu apostar numa carreira a solo, como treinador principal, esta temporada. Apesar das abordagens, continua em busca de um projeto com as bases que o convençam a avançar para a estreia no banco, depois de uma carreira de quase 20 anos como jogador, onde passou por clubes como Académica, Estrela da Amadora, Aves, Gil Vicente e Famalicão. Em entrevista exclusiva ao Flashscore, Vítor Vinha fala dos ensinamentos que colheu no passado, do conhecimento que pretende implementar do futuro e não fecha a porta a uma entrada pela porta grande, a mesma de onde saiu no final da última temporada: o Rio Ave.

- Depois de uma carreira de jogador de quase 20 anos, quando surgiu a ideia de ser treinador? Era algo que já despertava interesse quando era jogador?

- O sonho surgiu ainda em tenra idade. Devia ter uns 17 anos. Cresci a ver o Mourinho no FC Porto, com todo aquele ambiente de vitória e com o seu carisma. Então, desde essa altura que tenho este sonho. Ao longo do tempo fui procurando conhecer o jogo nas mais diversas áreas, fui falando com vários treinadores, tirei os cursos de treinador e, desde 2021, sou UEFA PRO, que é o nível máximo. O sonho foi crescendo.   

- Passou por Académica, Tourizense, Estrela da Amadora, Nea Salamis, Aves, Olhanense, Gil Vicente, Beira-Mar e Famalicão. Quem foram as suas principais influências, como treinadores?

O facto de ter passado por alguns clubes permitiu-me ter vários treinadores e aprender com todos eles. No entanto, Sérgio Conceição pelo seu espírito competitivo; Vitor Oliveira e Nelo Vingada pela relação humana que tinham com os jogadores; João de Deus, que é adjunto do Jorge Jesus há vários anos, pelo conhecimento do jogo, foram os treinadores que mais me influenciaram.

Os últimos números de Vítor Vinha como jogador
Os últimos números de Vítor Vinha como jogadorFlashscore

- Começou a carreira como adjunto na Académica. Como surgiu essa possibilidade?

- Ainda não tinha, verdadeiramente, decidido deixar de jogar, mas comecei a colaborar com o treinador Miguel Carvalho nos juniores da Académica. Pouco tempo depois, fui contactado pelo então director desportivo, que mais tarde viria a ser presidente, Pedro Roxo, para ser treinador adjunto na secção de futebol e, passados seis meses, para ser treinador adjunto na equipa principal da Académica. Não hesitei. Decidi terminar a carreira de jogador e ir em busca deste sonho. Como tal, aceitei a proposta. Começar como adjunto numa equipa como a Académica, na segunda liga, com objectivos de subida de divisão, pareceu-me excelente e assim foi.

- Trabalhou durante várias épocas com Luís Freire. Como o define como treinador?

- A maior qualidade do Luís é a busca pelo conhecimento do jogo. Quer ter as respostas todas para todos os problemas. Essa busca faz dele um treinador ganhador, como o seu percurso assim o demonstra. É muito determinado naquilo que são os seus objetivos. Tem uma equipa técnica muito competente e, não tenho dúvidas, vai chegar a patamares superiores. Só tenho a agradecer-lhe pelo tempo que trabalhámos juntos e desejar-lhe a maior sorte para o futuro.  

- Deixou a equipa técnica do Rio Ave na última temporada, precisamente com essa ideia de se lançar como treinador principal, correto? Como surgiu essa decisão?

- Sim, correto. O desejo de ser treinador principal é algo que sempre tive bem presente. É algo que sinto fortemente. Com toda a experiência e conhecimento que fui adquirindo ao longo dos anos, o facto de ter o quarto nível do curso de treinador, com o incentivo de muitos dos jogadores do Rio Ave, com a subida de divisão e a manutenção na primeira liga, com todo o contributo que dei neste tempo de sucesso, falei com a minha família e chegamos à conclusão que esta seria a altura certa. Falei com o Luís e transmiti-lhe a minha decisão. Saí pela porta grande.  

- Já recebeu algumas abordagens. Qual o projeto que pretende para a estreia como treinador principal?

Sim, já recebi abordagens e já tive, inclusive, reuniões com clubes. Não existem projetos perfeitos, mas gostava de começar num clube que me dê a possibilidade de lutar pela vitória em todos os jogos ou, pelo menos, na grande maioria. Adjacente a esta procura pela vitória está uma forma de jogar bem vincada.  Para isso é necessário um leque de bons jogadores, seja de que idade for, relativas boas condições de treino e de trabalho. Um clube com mentalidade de crescimento e de vitória, onde juntos possamos alcançar os objetivos.

Vítor Vinha deixou a equipa técnica do Rio Ave no final da última época
Vítor Vinha deixou a equipa técnica do Rio Ave no final da última épocaOpta by Stats Perform/João Azevedo

- Poderíamos ver Vítor Vinha no Rio Ave, com Luís Freire pronto para dar o salto para outro patamar?

- Essa pergunta tem de ser feita à presidente do clube, Alexandrina Cruz. No entanto, aquando da minha saída, falámos e disse-lhe que a próxima vez que trabalhasse no Rio Ave seria como treinador principal. Vamos ver se algum dia se concretiza.

- Há vários jogadores que têm destacado o nome de Vítor Vinha como alguém que teve impacto nas suas carreiras. Como olha para esses elogios?

- Há uma frase que diz: “Se queres saber alguma coisa acerca de um treinador, pergunta aos jogadores”. É com orgulho e sentido de responsabilidade que encaro essas opiniões. Como treinador tenho a possibilidade de influenciar, positivamente, a vida e a carreira de um jogador, sem nunca esquecer que estamos em alta competição e que o fundamental é o rendimento. Com base numa relação de verdade, proximidade, respeito e disciplina, tento criar um ambiente onde todos se sintam parte de algo e a trabalhar para algo. Só assim se pode render o máximo e, por conseguinte, alcançar grandes feitos. 

- Trabalhou no Rio Ave com Costinha, por exemplo. É jogador para um grande?

- O Costinha tem um potencial enorme, é um verdadeiro atleta e está a melhorar aquilo que, na minha opinião, é fundamental na evolução dele. Está um jogador muito mais calmo na hora de decidir e, por conseguinte, tem-se destacado. Está um jogador mais maduro e a tomar cada vez melhores decisões. Prova disso é a tremenda influência que tem tido no Rio Ave, esta época. Se continuar desta forma, certamente, chegará a um grande.

- O que pode ter o Vítor Vinha de diferente de um treinador português em início de carreira?

- Movido por uma enorme paixao pelo jogo, confianca e determinacao, caracterizo-me por ter uma mentalidade vencedora. Podem esperar um Vitor Vinha capaz, trabalhador, resiliente e persistente na procura de vencer jogos. Passo a passo, tenho as maiores expectativas e objetivos para a minha carreira de treinador. 

- As suas ideias de jogo diferem, por exemplo, das de Luís Freire? Em que pontos?

- Ambos queremos muito vencer jogos. Temos pontos convergentes e, também, pontos divergentes, mas não quero entrar em comparações. Apenas posso falar das minhas ideias. É minha convicção ter um modelo de jogo de desenvolvimento e valorização do individual através de um modelo coletivo, que valorize a bola, a iniciativa e a criatividade. Ter uma equipa que seja protagonista, que os jogadores sejam protagonistas. Uma ideia assente numa posse de bola em progressão com o objetivo de marcar o maior número de golos. Defensivamente ter um comportamento agressivo para recuperar a bola o mais rápido possível. Em suma, uma equipa extremamente competitiva e com uma mentalidade vencedora.

- A experiência como jogador pode fazer a diferença no papel de treinador? 

- Ter sido jogador ou ser treinador pela via académica, por si só, não é uma garantia de sucesso. No entanto, acredito que ter sido jogador, é uma mais-valia. Convivi com imensos treinadores, jogadores, staff e diretores. A vida de jogador, ao longo do tempo, deu-me muitas aprendizagens e conhecimento que, enquanto treinador, são fundamentais na relação com os jogadores e com o balneário. Essa experiência ajuda-me a tomar melhores decisões.

- O conhecimento do balneário pode ser, por exemplo, essencial na resolução de conflitos?

Sem dúvida. Temos de ter princípios orientadores bem definidos. Temos de ter um conjunto de regras que fomentem o espírito de equipa, mas ao mesmo tempo, sensibilidade e flexibilidade para avaliar cada situação. Ter vivido o balneário por dentro ajuda-me a entender melhor certos comportamentos. É essencial agregar todos em prol de um bem comum. Todos os intervenientes são responsáveis por criar um ambiente propício ao máximo rendimento desportivo. 

Vítor Vinha desvaloriza a falta de experiência como treinador principal
Vítor Vinha desvaloriza a falta de experiência como treinador principalOpta by Stats Perform/João Azevedo

- O facto de não ter experiência como treinador principal tem sido um entrave à sua estreia?

- Para mim, a questão da experiência é uma não questão. Estou no futebol desde os 11 anos. Tive uma carreira enquanto jogador profissional e fui internacional. Tive treinadores que foram campeões nacionais ou que trabalham ao mais alto nível. Conheci muitos balneários. Como adjunto, trabalhei com vários treinadores de sucesso. Tenho ideias bem vincadas e sinto-me completamente preparado para qualquer desafio. Portanto, é uma questão de oportunidade, de acreditarem e apostarem em mim. Tenho confiança em mim e nas minhas ideias.

- Poderemos ver o Vítor Vinha a começar por baixo, num clube semi-profissional, ou por exemplo num projeto lá fora?

- Gostaria de começar o mais acima possível. Tenho capacidade para isso. No entanto, o mercado é que dita. Há que ter humildade e consciência de que é uma profissão extremamente competitiva, portanto se tiver de começar num clube semi-profissional ou então emigrar, que seja. 

- O facto de o campeonato português ter, neste momento, apenas dois treinadores estrangeiros, confere um grau de confiança ao técnico português?

- O treinador português tem muito valor. Estamos entre os melhores do mundo. Ter treinadores estrangeiros no campeonato nacional ajuda os portugueses a evoluírem ainda mais. Há um confronto de ideias, modelos de jogo e comunicação que obriga o treinador português a refletir e a evoluir. Assim sendo, aumenta ainda mais a confiança e o valor do treinador português.