Fernando Gomes: "As contas do FC Porto têm sido alvo de escrutínio não habitual"
Numa sessão que decorre no Estádio do Dragão, Fernando Gomes, administrador responsável pela área financeira da SAD do FC Porto, na apresentação das contas do primeiro semestre de 2023/2024, lamentou o "escrutínio não habitual" que tem sido feito às contas dos azuis e brancos.
"As contas têm sido alvo de comentários e de escrutínio não habitual, o que não é estranho ao facto de estarmos perto de ato eleitoral. Serviu de arma de arremesso para descredibilizar esta administração. As contas semestrais referem-se a 31 de dezembro, mas nunca são apresentadas dia 31 ou dia 1 de janeiro. Estranho ver a 2 de janeiro perguntarem onde estavam os resultados financeiros. Ao contrário de anos anteriores, as contas estão a ser apresentadas antes do final de fevereiro. E o que o presidente tem vindo a dizer confirma-se integralmente", disse o administrador portista.
SAD do FC Porto fecha semestre com capitais próprios negativos
"Não há contabilidade criativa nem antecipação de receitas. Tudo o que tem sido dito é uma falácia. O que se disse até aqui, esperamos que apenas por falta de informação, tem a ver com os capitais próprios. Tínhamos objetivo de atingir capitais próprios esta época e temos reduzido bastante já este semestre", prosseguiu.
"Disse-se que representava uma perigosa antecipação de receitas, André Villas-Boas disse que estávamos a antecipar 15 anos de receitas e direitos televisivos para lá de 2028. Tinhamos comprometido tudo até 2028 e já estávamos a negociar para lá. Não é verdade. Não estamos a comprometer receitas dos próximos 15 anos", rematou.
A venda de Otávio para o Al Nassr
Fernando Gomes voltou ainda a falar dos contornos do negócio Otávio, que deixou o FC Porto com destino aos sauditas do Al Nassr, e explicou o que correu mal para não ser possível antecipar a entrada do valor total da venda.
"O Otávio foi vendido por 60 milhões de euros. Condições de pagamento eram: 20 milhões na assinatura de contrato (foi cumprido), 20 M€ a pagar a 1 de julho 2024, e 20 M€ a pagar em 1 de julho de 2025. Logo na altura consultámos os principais parceiros internacionais em matéria de financiamento, foi-nos dito que não haveria dificuldades no desconto da operação. Precisávamos de antecipar os 40 M€ que faltavam para ocorrer a despesas nesta época. Para nossa surpresa, essa operação foi tudo o que não esperávamos em termos de liquidez", explicou.
"Os bancos que inicialmente nos garantiram que não haveria problemas, começaram a notar no Al Nassr desorganização na sua estrutura financeira e administrativa, incapaz de corresponder à exigência do banco. Não era difícil conceber que o contrato que fizemos tinha uma rubrica em que o Al Nassr se comprometia a assinar notificação de qualquer banco, para pagar ao banco em vez de ao FC Porto", sustentou.
"Contra todas as expectivas isso não se conseguiu. Tivemos que ir atrás da correção desta falta de liquidez prevista no planeamento financeiro. O que tínhamos à mão eram os direitos televisivos, fomos buscar os direitos de dois anos", completou.