Filipe Martins contribuiu para o sonho de Jota Silva: "Merece todo o sucesso"
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"(...) Vitinha, Otávio, Matheus Nunes, Bernardo Silva, Chico Conceição, Jota Silva..." O tempo parou. O momento era há muito esperado pelo camisola 11 do Vitória Sport Clube e chegou pela voz de Roberto Martínez. Do Sousense à Seleção. Do sonho à realidade. A recompensa para quem trabalhou muito para que este dia chegasse. Longe dos grandes centros, longe dos principais olhares e com algumas pedras pelo caminho. Nada disso impediu a vitória da superação.
Jota não passou pela formação dos grandes. Não era daqueles que fazia capas de jornais, nem tão pouco era visto como alguém que pudesse valer milhões. Mas isso nunca o impediu de sonhar alto, mesmo quando o mundo parecia desabar ao seu redor. Foi assim quando partiu o tornozelo durante a pré-época nos seniores do Sousense, em 2016/17. Tinha 16 anos e disseram-lhe: "não dá mais". Seria fácil desistir, mas não. Foi aí que percebeu que podia atingir o profissional.
"Acho que foi momento chave para perceber que conseguia lá chegar. Consegui superar uma lesão grave em tempo recorde. Foi um trabalho muito duro, depois estreei-me na equipa principal e a partir daí estava preparado para correr atrás do sonho. Acreditava muito", chegou a dizer numa entrevista ao zerozero.
Acrescentava por essa altura, em novembro de 2021, quando ainda procurava a sua afirmação plena na Liga 2, que sabia onde queria chegar e o que teria de fazer para alcançar os seus objetivos. "Quero ir à Seleção, é um sonho que tenho e sei que vou conseguir". Estava escrito no livro de Jota Silva.
"A chamada é inteiramente justa"
Passou pelos juniores do Paços de Ferreira, onde chegou a treinar com a equipa principal, mas teve de regressar a casa, ao "seu" Sousense, para não mais parar. Começou a caminhada na distrital da AF Porto, deu o salto para o Campeonato de Portugal, onde conseguiu, graças a uma temporada briosa no Espinho, o acesso aos patamares profissionais.
Do Leixões, onde não teve os minutos esperados, para o Casa Pia, onde foi uma das estrelas do regresso dos gansos ao principal escalão do futebol nacional, após 83 anos de ausência. O resto é história.
"Já tinha o Jota referenciado desde o Espinho. Mas, na altura em que chego ao Casa Pia, ele já estava comprometido com o Leixões. Depois, como estava a ter poucos minutos, aproveitei a oportunidade para o trazer. Aquilo que via e vejo nele é um atleta com uma mentalidade forte e vencedora. Mesmo quando as coisas não estão a correr bem a ele e à equipa, nunca vira a cara à luta", destaca Filipe Martins, treinador de Jota Silva no Casa Pia, em declarações ao Flashscore.
"É um atleta muito profissional, que se cuida muito bem e que, acima de tudo, junta várias coisas úteis no futebol, como o ataque à profundidade, o golo e o forte jogo de cabeça. É um trabalhador nato, que ajuda muito a equipa do ponto de vista defensivo, muito solidário, e a sua intensidade é fora do comum", sustenta.
Após o brilharete na Liga 2 sob o comando de Filipe Martins, Jota Silva deu o salto para Guimarães. A primeira época ao serviço do Vitória SC foi de adaptação ao novo contexto e o segundo ano está a ser de plena afirmação. Jota subiu ao topo do Castelo para assumir-se como uma das figuras da equipa de Álvaro Pacheco... e da Liga. Segue-se, agora, a Seleção Nacional.
"Não fico nada surpreendido (com a chamada à Seleção). Não podemos esquecer que há uma concorrência muito forte na sua posição na Seleção, mas felizmente houve essa possibilidade. É inteiramente justo pelo que tem vindo a fazer e pela evolução que tem vindo a mostrar ao longo do tempo", assinala o treinador de 45 anos.
"Merece todo o sucesso que está a viver, porque também sabe o que são as dificuldades. Teve de sofrer muito para estar onde está neste momento e espero que continue a subir mais degraus. Todo o sucesso que tem é devido à vontade dele em evoluir", cimenta.
"É o menino querido dos adeptos do Vitória"
Roberto Martínez defende que Jota Silva é um "jogador diferente". De facto, só um jogador, assim, tão especial, para convencer o selecionador português. Mas, afinal, o que pode ele acrescentar ao grupo da equipa das quinas?
"O Jota é muito forte na exploração da profundidade. O outro (Diogo) Jota também dá isso e acho que faz falta, sobretudo nas segundas partes quando os jogos ficam mais partidos e há mais espaço. Acho que ele pode ser muito importante, mas também vai depender da forma como vai aproveitar a oportunidade. Acredito que esteja preparado, mas é importante lembrar que o leque de extremos é muito forte. Também pode jogar como ponta de lança e essa versatilidade pode jogar a favor dele", analisa o treinador Filipe Martins, ao Flashscore.
Muito satisfeito e orgulhoso por ter contribuído para o percurso do jovem extremo - "ele sabe que fiz tudo para o ajudar" -, Filipe Martins acredita que Jota está pronto para tudo no futuro.
"Quem joga no Vitória pode jogar em qualquer outro clube em Portugal. Sabemos que a exigêcia e a pressão que existem no clube são muito fortes. Era o grande ponto de interrogação quando saiu do Casa Pia para o Vitória. A exigência da massa adepta é completamente diferente e ele deu uma resposta fantástica. Hoje em dia é o menino querido dos adeptos do Vitória e com todo o mérito", remata.