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Jorge Silas e o futuro: "Precipitei-me no último trabalho, agora tenho de ter paciência"

Paulo Cintrão
Jorge Silas está sem clube desde setembro mas assume que tem recebido propostas
Jorge Silas está sem clube desde setembro mas assume que tem recebido propostasOpta by Stats Perform
Jorge Silas está sem treinar desde setembro do ano passado, depois de com apenas duas jornadas no campeonato cipriota ter decidido abandonar o AEL Limassol devido a divergências com a direção, nomeadamente o presidente. O treinador de 46 anos assume que se precipitou, sobretudo devido ao fator financeiro, e deixa agora claro que prefere dar um passo atrás, se for preciso, para trabalhar junto de alguém em quem confie.

Jogador com uma vasta carreira nacional (236 jogos no principal escalão, em que representou União de Leiria, Marítimo e Belenenses) e com passagens internacionais (jogou no Elche, Wolverhampton, AEL Limassol e na Índia), Jorge Silas conta também já com experiência como treinador. Ao serviço de Belenenses, B SAD, Sporting e Famalicão orientou 77 partidas no principal escalão português.

Agora, sem treinar desde setembro, Jorge Silas assume, em conversa com o Flashscore, que o telefone tem tocado mas o projeto certo, esse, ainda não chegou.

Jorge Silas fala do passado e do futuro como treinador
Flashscore

- Que passos estão a ser dados para voltar ao ativo?

- Os passos são aqueles que tenho tentado sempre dar, tentar procurar projetos que eu já conheça. A verdadde é que damos um passo a pensar que é seguro e depois acaba por não ser. A ideia é tentar encontrar algum projeto em que haja alguma afinidade com os dirigentes. Porque eu acho que isso é importante. Tenho sentido que é importante haver alguma afinidade com quem comanda, e haver alguma aproximação pessoal também.

- Há espaço para isso na Liga portuguesa ou terá de procurar outros mercados, como outros treinadores portugueses?

- Quando falo sobre isso, da afinidade, falo no geral. É importante termos alguma afinidade com as pessoas. Se forem pessoas muito diferentes de nós, se tiverem uma mentalidade muito diferente, o mais normal é que corra mal.

- Temos muitos treinadores portugueses a dar cartas lá fora e alguns foram contestados. O Botafogo está na liderança do Brasileirão com o Luís Castro, que esteve na corda bamba. O Abel Ferreira é idolatrado pelo trabalho no Palmeiras, o João Henriques vai agora para a Eslovénia. Este abrir de portas não é novo mas acaba por ser uma via a seguir para ter sucesso?

- Já há muito tempo que nos habituámos a ver isso, sobretudo depois do Mourinho ir para o Chelsea abriram-se os mercados internacionais. O que me parece normal, pela qualidade que, em geral, os treinadores portugueses apresentam. E nós temos de nos habituar a isso. Eu já estou habituado, enquanto jogador com 21 anos saí de Portugal. Para mim é algo normal. Não me posso limitar apenas ao mercado português, até porque constantemente estão a aparecer situações no estrangeiro. A realidade é que estou habituado a isso e todos os treinadores têm de se habituar a isso. Porque só o mercado português é muito curto, há muitos treinadores e poucos clubes.

- O mercado português está cada vez mais fechado?

- De certa forma pode parecer mas a verdade é que um bom trabalho abre novamente muitas portas. Pode parecer fechado mas nós temos de ter consciência de que temos oportunidades e às vezes não as aproveitamos. E depois temos de esperar por outra. Não partilho muito dessa ideia de estar fechado e serem sempre os mesmos. Acho que quando surgem as oportunidades temos de mostrar serviço, porque há realmente muitos treinadores. No fundo, não nos agarrarmos a isso mas sim àquilo que controlamos: quando surgir uma oportunidade, tentarmos dar o nosso máximo. Se bem que é verdade que há muita impaciência no futebol. Podemos ver, por exemplo, em Inglaterra, e podemos falar do Arsenal, onde o Arteta esteve quase para ser despedido. Ou, na maioria das opiniões, o Arteta devia ter sido despedido. No entanto não foi, tiveram paciência e fez agora um trabalho excecional. Porque o facto de não ter sido campeão, não deixa de ser um trabalho excecional. E temos mais casos assim no futebol.

- Muitas vezes existe falta de paciência de quem dirige.

- Há muita falta de paciência. Eu diria até mais. Não só falta de paciência mas também falta de conhecimento da classe que acho que está pior preparada no futebol, que é a classe do dirigismo.Os jogadores estão bem preparados, senão não podem jogar. Os treinadores estão bem preparados, até porque se preparam durante muitos anos,. Mas no dirigismo entra muita gente que está no futebol há meses. Acho que há alguma falta de preparação e isso leva à falta de paciência. Quanto menos conhecimento tenho, menos paciência existe. Quanto mais conhecimento temos das coisas, percebemos que há certas coisas que demoram tempo, que há coisas que é normal falharem, outras que resultam mais rapidamente. Esta impaciência também está muito ligada à falta de preparação dos dirigentes. Não tenho problema nenhum de falar sobre isto porque é aquilo que eu penso.

- O telefone tem tocado muitas vezes?

- Tem tocado várias vezes. Às vezes com coisas que eu acho que não são interessantes para nós, então procuro filtrar algumas coisas que nos aparecem. Mas tem tocado. Eu é que também não quero estar oura vez a aceitar qualquer tipo de coisa. Como disse, é importante ter alguma afinidade com quem vou trabalhar. Precipitei-me no último trabalho que tive, por ser uma oportunidade boa a nível financeiro. E precipitei-me porque alguns interesses das pessoas que trabalhavam comigo não eram coincidentes com aquillo que achava que eram os interesses da equipa, e não liguei muito a isso antes de ter assinado. Agora tenho de ter um pouco mais de paciência. Mesmo que tenha de dar um passo atrás, mas prefiro dá-lo para trabalhar com gente com quem eu me sinta confortável.