Luciano Gonçalves: “Não alavancar o número de árbitros será gravíssimo”
Luciano Gonçalves, Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e o antigo árbitro Duarte Gomes estiveram, este sábado, à conversa no palco The Academy, sobre o futuro da arbitragem em Portugal.
O responsável do organismo que representa os árbitros assume que dois dos principais problemas passam pela falta de recrutamento e, especialmente, de retenção.
“A Federação Portuguesa de Futebol tem a ambição de chegar aos 400 mil praticantes, criaram-se métricas difíceis, mas interessantes, que faz as equipas trabalhar. Mas fomo-nos esquecendo que também temos de acompanhar essas métricas na arbitragem. Temos de olhar para este tema, da retenção, de uma forma estrutural. Falamos há 10 ou 15 anos disto e pouco ou nada se fez para alterar. E vai-se agravar. Porque existem pessoas muito competentes que querem alavancar o número de jogadores, e se não o fizerem para os árbitros, vai ser gravíssimo. Toda a estrutura do futebol vai ficar beliscada”, afirmou Luciano Gonçalves, que acredita que a estrutura de formação de arbitragem deveria também ser repensada.
“Nós não temos uma administração de uma SAD de um clube a dizer aos jogadores como é que devem jogar. Por isso é que existe uma equipa técnica. Direção é uma coisa, são os decisores. É muito importante, e não apenas para o futebol profissional, isso ser replicado para a base. Essa diferenciação que existe no topo deve ser replicada nas 22 associações distritais e regionais” disse.
Por fim, o presidente da APAF vaticinou que a profissionalização dos árbitros é uma obrigação para melhorar todo o contexto.
“A profissionalização da estrutura iria de uma forma direta também fazer com que os árbitros de futebol, principalmente os das competições profissionais, sejam exatamente isso: totalmente profissionais. Com mais liberdade para aproveitarem não apenas nos jogos, mas também na formação, ajudando nos Conselhos de Arbitragem distritais. Temos de caminhar para lá. Há muito que o futebol deve fazer urgentemente, que é máxima responsabilidade e liberdade. Que estejam mais disponíveis para trabalhar muito mais na arbitragem, porque no futebol profissional, onde todos são profissionais, apenas os árbitros não são”, concluiu.