O futebol é pródigo em momentos que parecem imaginados na cabeça de um guionista, daqueles que se fossem num videojogo nos fariam rapidamente desligar a consola. Terá sido isso que Sérgio Vieira pensou, quando o Estrela da Amadora recebeu o Arouca, na 15.ª jornada da Liga.
Promovido ao principal escalão esta temporada, o emblema tricolor tem enfrentado uma situação complicada na enfermaria que afetou em particular a baliza. O titular Bruno Brígido lesionou-se com gravidade, António Filipe, o experiente suplente, também sofreu um problema físico, e o clube foi obrigado a confiar em Dida, um guardião de 25 anos com apenas um jogo enquanto profissional.
Tudo isto parece penalizador suficiente, mas pior ficou ao minuto 71. Ao recolher a bola, Dida aproximou-se dos limites da área para repor o esférico rapidamente, não sem antes decidir acertar com uma pancada em Rafa Mújica. O árbitro viu, o VAR confirmou: agressão, vermelho direto e penálti para o Arouca.
Privado do terceiro guarda-redes, Sérgio Vieira não teve opção se não confiar no jovem Edmilson Cambila. O guardião angolano de 21 anos chegou do Recreativo Libolo, tinha sido utilizado essencialmente na equipa B, que disputa os Distritais de Lisboa, e de certo não esperaria fazer a estreia na Liga este ano.
Por momentos tudo pareceu um sonho. Com a partida empatada a uma bola, Cristo González tinha nos pés uma grande oportunidade para colocar o Arouca em vantagem, mas Cambila adivinhou o lado, defendeu o penálti e ainda mostrou capacidade suficiente para chegar à recarga.
Contudo, o futebol é impiedoso, ainda mais quando se está no primeiro escalão. Dois minutos depois de ter sido herói, Edmilson Cambila transformou-se em vilão e viu uma bola escapar-lhe entre as mãos antes de Jason Remseiro fazer o 2-1 para o Arouca e abrir caminho ao confortável triunfo dos homens da Serra da Freita.
Aquilo que parecia ser uma estreia de sonho transformou-se em pesadelo.