Momento Flash da semana: O herói que nem sempre é lembrado
Ser guarda-redes é talvez a posição mais ingrata do futebol. Um erro significa, quase sempre, um golo. Uma marca que vai perseguir aquele que teve a coragem de calçar as luvas e tornar-se na última barreira da sua equipa. Já as boas defesas ficam-se pelo elogio momentâneo, efémere, e arrumadas numa gaveta da memória onde raramente se vai mexer.
Atualmente 16.º classificado da Liga, o Rio Ave luta para manter o estatuto entre a elite do futebol português. Se Luís Freire for bem-sucedido na missão, poucos serão aqueles que se lembraram de Jhonatan Luiz, o guarda-redes de 32 anos que foi protagonista de um momento que pode definir a época.
Recuemos então até ao último domingo. Instantes finais em Chaves de um jogo que opunha o último classificado ao antepenúltimo, flavienses e vila-condenses num duelo em que os três pontos eram mais do que preciosos.
Aos 88 minutos da partida, numa fase em que a necessidade de não perder se torna mais forte que a vontade de vencer, Héctor Hernández caiu na área, num lance com Miguel Nóbrega. O árbitro apontou para a marca de grande penalidade para castigar uma falta que se podia considerar duvidosa.
Responsável por metade dos golos do Chaves na Liga (nove em 18 marcados), o avançado espanhol de 28 anos assumiu a marcação do remate que podia ser crucial. Um golo, três pontos e o fim do espectro da lanterna-vermelha. Ainda não ficava a salvo, mas definitivamente podia respirar melhor.
Contudo, o dia era de Jhonatan. Com a braçadeira de capitão no braço, atirou-se para o lado esquerdo e segurou o remate. Steven Vitória acorreu à área para tentar o que o avançado não fez, mas o guardião foi felino e desta vez estirou-se para a direita e segurou a baliza do Rio Ave a zeros.
Um ponto que pode significar a diferença entre a despromoção e a manutenção. Um ponto que foi conquistado por Jhonatan. Um ponto daquele herói que nem sempre é lembrado.