Momento Flash da semana: O pé de Trubin
Verão após verão, a baliza do Benfica era tema de mercado. Tranquilo no posto de número um, exceto quando passou a suplente de Helton Leite durante alguns meses, Odysseas Vlachodimos mantinha-se dono e senhor das redes encarnadas. O grego teve várias prestações heróicas, sobretudo na Liga dos Campeões, mas também foi cometendo erros incompreensíveis. A opinião pública era unânime: Odysseas não era guarda-redes para o Benfica. Faltava algo mais. Roger Schmidt nunca pareceu grande fã do compatriota (Ody é também alemão) e depois de uma época sem concorrência alguma, as águias contrataram Anatoliy Trubin ao Shakhtar por 10 milhões de euros.
A aposta num guarda-redes de créditos firmados (internacional ucraniano e já com algumas épocas como titular no Shakhtar) foi um sinal claro de que Vlachodimos iria perder o estatuto de titular absoluto. Tanto assim foi que bastou uma partida pouco conseguida, frente ao Boavista, e uma discussão com Schmidt para que fosse afastado do onze inicial. Dias depois, o internacional helénico partiu para Inglaterra e abriu caminho a Trubin, com Samuel Soares a funcionar como guarda-redes de passagem de testemunho para o ucraniano.
No entanto, nem tudo foi fácil para Trubin. O guarda-redes sofreu golos nos três primeiros jogos de águia ao peito e não deu garantias imediatas, mas além da regularidade, Trubin também foi ganhando consistência.
Deixou de se falar tanto da baliza encarnada, até porque Trubin deixou de errar. De facto, as exibições do ucraniano têm tido uma clara trajetória ascendente. Mais confiante na organização da defesa e na forma como joga com os pés (os colegas também já percebem que, ao contrário do que acontecia com Vlachodimos, podem jogar com o guarda-redes), Trubin tem vindo a justificar em pleno a aposta de Rui Costa na sua contratação.
Apesar disso, faltava ainda um jogo em que o ucraniano fosse o elemento decisivo. Esse jogo chegou no passado domingo, no Municipal de Braga.
Na primeira parte, a tal confiança e tranquilidade com a bola nos pés foi notória até nas jogadas ofensivas criadas pelo próprio, mas o grande momento de Trubin estava reservado para os minutos de descontos.
Com o SC Braga a carregar, Trubin evitou o golo de Banza (57') e o de Ricardo Horta (88') com duas grandes defesas, já depois de ter feito o mesmo a Álvaro Djaló (14'). Ainda assim, nenhuma tão incrível como a que fez ao minuto 90'+3, com Banza a rematar na pequena área para uma defesa com a ponta do pé direito a segurar os três pontos para o Benfica.
De facto, há guarda-redes que podem ganhar campeonatos.