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Momento Flash da semana: O pontapé que abanou a Pedreira

Bruno Henriques
João Mendes celebra o golo
João Mendes celebra o goloLUSA/Flashscore
Todos os dias há belos momentos no desporto nacional, mas há destaques e destaques. Nesta nova rubrica, o Flashscore traz-lhe o melhor momento da semana, focando-se maioritariamente - mas não exclusivamente - no futebol português. Entre golos, defesas, cortes ou simplesmente um gesto, vai poder ver aqui o que realmente importa: o jogo bonito.

Poucos dérbis existem no futebol português que se possam equiparar ao fervor de um embate entre SC Braga e Vitória SC. Separados por menos de 25 quilómetros, as duas cidades minhotas têm uma paixão pelo futebol e pelas suas origens a que poucos se podem equiparar.

Marroquinos ou espanhóis, arsenalistas ou vitorianos, bracarenses ou vimaranenses. A atmosfera é sempre intensa quando os dois rivais entram em campo, mesmo que em muitos casos estejam a lutar por objetivos díspares e a teoria acabe sempre por favorecer um dos lados.

Nos últimos anos, o SC Braga tem ganho ascendente e encontra-se neste momento mais perto dos que lutam pelo título, do que dos outros, pelotão que o Vitória SC parece liderar, todos os anos candidato a pelo menos o quinto lugar.

O jogo da 16.ª jornada parecia ir confirmando essa teoria. Aos 90 minutos, um golo de Vítor Carvalho ia dando vantagem aos arsenalistas, em Braga, que assim alcançavam o FC Porto no terceiro lugar e confirmavam as credenciais de quem luta pelo título. 

Ciente da importância dos três pontos, o SC Braga agarrava-se com tudo o que podia ao resultado frente a mais cinco minutos de acréscimos. A entrada de mais um central para render o ponta de lança, a necessidade de assistência de Matheus, os predicados utilizados por tantos e criticados por ainda mais para segurar um triunfo que já podia estar na mão, não fosse aquela perdida de Abel Ruiz.

Mas eis que aos 90+8 minutos, no meio do desespero vitoriano, surge um momento de magia. Central já com posto de avançado, Borevkovic consegue estorvar um defesa do SC Braga e deixa a bola a pingar no balcão da área, mesmo ao jeito de João Mendes.

Com 29 anos está a afirmar-se como um dos melhores de uma Liga onde durante muito tempo pareceu não ter espaço. Em Chaves havia demonstrado qualidade, em Guimarães confirmou e em Braga entrou para o folclore vimaranense ao lado de Desmarets.

O pontapé saiu com tanto de surpresa, como de vontade. Ultrapassou Matheus e foi parar ao fundo das redes. Eduardo Galeano diz-nos que após um golo “a multidão delira e o estádio esquece-se de que é de cimento e desprende-se da terra e sobe no ar". Este teve o condão de silenciar o recinto, com os adeptos do SC Braga estupefactos pelos três pontos que acabavam de escapar e pela beleza do lance que ninguém se atreve a negar. 

Um pontapé que abanou a Pedreira e vai perdurar no imaginário do Vitória SC.

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