O mercado extra-grandes: Famalicão e Arouca enchem cofres numa Liga cada vez mais lucrativa
Se dentro das quatro linhas as coisas não começaram por correr bem ao Benfica (e fora há ainda a indefinição quanto ao treinador), a nível financeiro as águias não devem, pelo menos, ter motivos de preocupação.
Com 142,92 milhões de euros de receita e 53,5 milhões de despesa, a direção de Rui Costa sai deste mercado com um saldo positivo de 89,42 milhões de euros, valores bem superiores ao da concorrência. Só que, neste aspeto, quando falamos em concorrência, temos de falar de SC Braga (+28,75M), FC Porto (18,9M) e... Famalicão (20,28M).
Neste mundo de milhões a entrar e sair, há boas notícias para o futebol português, segundo nos mostram os dados recolhidos pelo portal dedicado às transferências Transfermarkt.
Famalicão é caso sério, Arouca também já faz contas
Muitas vezes, é difícil ter dinheiro, mas também é difícil saber geri-lo. Ao longo dos anos, já se percebeu que este segundo ponto pode fazer toda a diferença para a sobrevivência, ou não, de um clube. Neste sentido, o Famalicão voltou a ser o exemplo perfeito da forma como um clube português deve ser gerido.
Já mais habituado a realizar encaixes significativos, normalmente com a exportação de jogadores para o mercado nacional (Pedro Gonçalves, Ugarte, Otávio, Iván Jaime, etc...), o Famalicão alargou as portas e saiu do mercado de verão com mais de 20 milhões de euros de saldo positivo, muito graças à venda de Luiz Júnior - guarda-redes que tinha chegado ao Minho a custo zero(!) - por 12 milhões de euros para o Villarreal.
Desde que regressou à Liga Portugal, o Famalicão gastou 25 milhões de euros em contratações - Ugarte, por 11 milhões de euros, foi a mais cara de sempre - e ganhou 97. Ugarte também foi a venda mais cara, num total de 24,5 milhões de euros.
Em toda a Liga Portugal, só Benfica e SC Braga encaixaram mais do que a equipa famalicense, que superou mesmo o FC Porto nesta contabilidade.
Não há modelos iguais, mas às vezes tirar boas ideias pode ser a chave de um bom negócio e o Arouca tem seguido o exemplo do Famalicão nos últimos anos. Atento ao futebol espanhol, o conjunto arouquense voltou a mexer-se bastante no mercado (14 contratações) e registou 11,5 milhões de euros em vendas.
Rafa Mujica, que assinou pelo Al-Saad por 10 milhões de euros (tinha sido contratado a custo zero), formou grande parte do bolo da equipa do distrito de Aveiro, que já na época passada tinha realizado um encaixe superior a oito milhões de euros, o que faz com que o Arouca bata o seu próprio recorde de vendas pela segunda temporada consecutiva.
Por fim, no que toca a contas positivas, destaque ainda para o SC Braga, que, apesar de não ser novo nestas andanças merece uma nota. Com as vendas de Álvaro Djaló, Rodrigo Gomes - ambos por 15 milhões de euros -, Abel Ruíz (9 milhões de euros) e Al Musrati (Besiktas ativou a cláusula obrigatória de 11 milhões de euros), os bracarenses ainda se deram ao luxo de gastar 21,45 milhões em entradas e, mesmo assim, ficaram com um lucro de 28,76 milhões de euros.
Ainda no mesmo distrito, houve mais um mercado em que o Vitória SC foi obrigado a vender - sete milhões de euros com a saída de Jota Silva e sem contar com a possível saída de Ricardo Mangas - e para os saldos interessantes de Farense (7,5 milhões de euros) e Estoril Praia (5,75 milhões de euros).
Sporting apostou na continuidade, Boavista volta a preocupar
Em sentido contrário, o Sporting foi a equipa que apresentou maior prejuízo neste mercado de transferências. A equipa liderada por Frederico Varandas apostou forte na continuidade de figuras como Viktor Gyökeres e Gonçalo Inácio, acabando com um saldo negativo de 12,35 milhões de euros.
Além dos leões, Rio Ave (-2,24 milhões de euros), Estrela da Amadora (- 900 mil euros) e Nacional (- 80 mil euros) terminaram com as contas negativas. A formação de Vila do Conde, recorde-se, esteve impedida de contratar até janeiro de 2024.
Após alguns retoques no inverno, a equipa de Luís Freire, atualmente com a participação do milionário Evangelos Marinakis, fez 24 contratações (Ole Polhmann, por 1,6 milhões de euros foi o jogador mais caro), marca superada apenas por Santa Clara (28 reforços) e Estrela da Amadora (31 entradas).
No entanto, o caso mais preocupante voltou a ser o do Boavista. A equipa axadrezada até começou o mercado a contratar, mas a impossibilidade de inscrever jogadores fez com que os mesmos acabassem por sair semanas mais tarde.
A formação do Bessa foi uma das quatro que não investiu em contratações (Moreirense, Farense e AVS foram as restantes), mas os 2,5 milhões de euros de encaixe (2 milhões por Pedro Malheiro, 500 mil euros por Chidozie) são insuficientes para resolver os problemas do clube, que vai continuar até janeiro sem hipóteses de inscrever jogadores.
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