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Chegou ao fim a passagem de enorme sucesso de Luiz Júnior por Vila Nova de Famalicão. Aos 23 anos e depois de cinco temporadas no emblema famalicense, o guarda-redes parte um novo desafio ao serviço do submarino amarelo, numa das melhores ligas do Mundo.
O jovem guardião aterrou no emblema famalicense ainda com idade de júnior, para a temporada 2019/20, e o primeiro ano foi mesmo passado na equipa de juniores, com presenças pontuais no conjunto sub-23, então na Liga Revelação.
Os sinais estavam lá todos. O que hoje é visível aos olhos de todos, depois de várias temporadas consistentes no principal escalão do futebol português, era muito claro para quem teve oportunidade de privar com o jovem Luiz Júnior nos seus primeiros passos em Famalicão.
"A primeira memória que tenho do Luiz é mesmo do nosso primeiro encontro. Eu não sou uma pessoa baixa e ele tinha mais 10 centímetros do que eu. Depois aquela mão enorme! Lembro-me perfeitamente. Depois, em determinado momento consideramos trabalhar com outro guarda-redes que foi para a equipa de juniores e recordo-me do treinador de guarda-redes dizer: 'deixe ir que este é melhor que o outro'. O este era o Luiz Júnior", conta o treinador António Barbosa, que estreou Luiz Júnior nos sub-23 do Famalicão, em conversa com o Flashcore.
"Percebemos que podia chegar a patamares mais altos"
A qualidade é um ingrediente fundamental para o sucesso, mas não é garantia de sucesso. É preciso mais, muito mais. Uma pitada de inteligência, um toque de foco, um pouco de humildade e um cheirinho de disponibilidade para absorver os ensinamentos. Luiz conseguiu reunir rapidamente tudo para cozinhar o seu próprio futuro.
"O Vítor Alcino (treinador de guarda-redes) já me tinha dado a indicação de que o Luiz era um jogador que aprendia muito rápido. Apesar de ser júnior em termos de idade, era também um jogador muito pertinente. Quando fazia uma pergunta era genuinamente para saber a resposta e percebia claramente o seu ritmo de aprendizagem", recorda António Barbosa.
"Percebemos naquela altura que podia chegar a patamares mais altos, sobretudo pela capacidade de trabalho, determinação e foco. Além disso, era e é uma pessoa muito calma, tranquila, assertiva e bem fundamentada", sustenta.
O protótipo de guarda-redes que chegou a Famalicão não demorou até despertar a atenção de quem estava na equipa principal e no ano seguinte, com apenas 19 anos, assumiu-se como titular na baliza famalicense, sendo-lhe dado o espaço necessário para errar e crescer no meio de um ambiente muito exigente.
Apesar do curto período de tempo em que trabalharam juntos, o treinador António Barbosa continuou a acompanhar de perto a evolução do jovem guardião e sente que o tempo em Famalicão foi mesmo o melhor amigo de Luiz Júnior. Ou seja, este desfecho só foi possível porque o jogador não teve pressa para sair e o clube não teve pressa para vender.
"Durante os últimos três anos, até por uma questão de proximidade, assisti a vários jogos do Famalicão e considero que este tempo foi muito bem potenciado. O Luiz teve mérito em saber aproveitar a oportunidade e transformou-se num grandíssimo guarda-redes, a valer muitas vezes pontos com defesas difíceis", anota o treinador.
"Já viveu também momentos de alguma instabilidade, mas é um jogador muito sólido para a posição que ocupa. Tudo o que viveu em Famalicão deu-lhe uma bagagem que lhe permite encarar este desafio com tranquilidade e confiança. Fez uma época (2023/24) brilhante e dá agora o salto para um clube de dimensão muito grande", completa.
"É um guarda-redes que vale muitos pontos"
O potencial demonstrado de tenra idade fez com que o nome de Luiz Júnior ecoasse em várias janelas de mercado. Houve propostas concretas a serem entregues nos escritórios da SAD e vários rumores que o ligaram aos denominados grandes do futebol português, mas só agora chegou alguém capaz de convencer todas as partes.
O guarda-redes brasileiro foi a escolha para assumir a vaga deixada em aberto na baliza do Villarreal pelo dinamarquês Filip Jorgensen, que rumou ao Chelsea, e herda a camisola com o dorsal 1 que pertencia ao histórico Pepe Reina. 12 milhões foi o valor que o Villarreal deixou nos cofres do Famalicão.
"Sabemos que o mercado valoriza mais os jogadores do setor ofensivo, mas, neste caso, acho que o valor que foi pago foi por aquilo que o Luiz já é. Vale muitos pontos! Se fôssemos a especular o seu potencial, seguramente valia muito mais. (...) Excelente para o Famalicão, que realiza mais uma venda muito boa, e mais um passo sólido na carreira do Luiz Júnior. Acredito que está criada a oportunidade para ter sucesso e escalar no futebol europeu", analisa António Barbosa ao Flashscore.
Terá o mercado português deixado escapar mais um talento com espaço num Benfica, Sporting ou FC Porto?
"É uma pergunta difícil. O Famalicão mostrou capacidade para segurar o jogador até agora e as pessoas que estão à sua volta, nomeadamente o seu empresário Marcão, que o segue desde início, mostraram-lhe que o mais acertado era continuar no Famalicão até este ano. Isso resultou num valor difícil para o mercado português. Mas não podemos esquecer, por exemplo, que o Benfica pagou 17 milhões por um lateral e 30 por dois avançados...", defende o treinador de Luiz Júnior nos sub-23 do Famalicão.
"O Luiz e a sua família merecem este sucesso"
António Barbosa não tem dúvidas: Luiz Júnior tem todas as condições para ter sucesso no submarino amarelo.
"Considerando as características da LaLiga e a equipa onde o Luiz vai jogar, em que vai ser solicitado de várias formas, acredito que estão alinhados todos os ingredientes para valorizar-se e dar mais um passo em frente. É muito forte entre os postes, a colocar os apoios, a fechar os espaços, a antecipar cenários e sai com muita tranquilidade da baliza", elogiou.
"Pode valorizar-se numa liga com uma visibilidade muito grande. Além disso, mostra-nos que é possível ir de níveis mais baixos até ao topo. Sinceramente, sinto este sucesso do Luiz como se fosse meu, pela alegria que sinto em vê-lo a ter sucesso. Ele e a sua família merecem muito", rematou.
