Onze da época para o Flashscore: Da muralha de Faro ao viking goleador
Guarda-redes:
Aos 25 anos teve a temporada de afirmação no futebol português. Produto das escolas do SC Braga, a cumprir a terceira época no Farense, o guarda-redes apresentou-se como uma das grandes figuras dos algarvios, que fizeram uma temporada tranquila.
Pese embora ter feito parte da 11.ª defesa do campeonato (51 golos sofridos), Ricardo Velho conseguiu manter a baliza inviolada em sete ocasiões. De acordo com os dados da Opta, foi o guarda-redes que mais defesas fez (135) e o que teve o melhor diferencial entre golos sofridos e golos que era expectável sofrer (11.9, comparado com os 7.4 de Trubin, por exemplo).
Fica para a memória a exibição na Luz, onde fez 13 defesas.
Defesas:
Aos 24 anos, o lateral português pode ter feito a última época em Portugal, sendo que está a caminho do Olympiacos. E sai em grande. Com três golos e cinco assistências em 34 jogos, realizou a melhor temporada enquanto profissional.
De resto, voltou a ser decisivo na última jornada, quando marcou de penálti e garantiu a igualdade que permitiu ao Rio Ave terminar a época, numa sequência de 12 jogos sem vencer. Impressionante para um clube da metade inferior da tabela.
Contudo, o contributo do lateral-direito não se resumiu à parte ofensiva e terminou como o jogador com mais desarmes do campeonato.
Aos 22 anos é já uma certeza do futebol nacional. Só falhou dois jogos do Sporting na Liga e foi peça-chave no onze de Rúben Amorim, onde atuou quase sempre como central pela esquerda (chegou mesmo a ser lateral no duelo com o FC Porto).
Além da capacidade defensiva, onde não esteve tão exuberante esta temporada, Gonçalo Inácio voltou a destacar-se como construtor. Dos três centrais do Sporting é, por norma, o que tem mais apetência para organizar o jogo e isso nota-se pelo facto de ter sido o jogador com mais passes efetuados em todo o campeonato.
Na primeira época desvinculado do SC Braga, Francisco Moura deu seguimento ao trabalho que já tinha apresentado na época anterior. Um lateral-esquerdo capaz de fazer o flanco canhoto completo, aprimorou a capacidade de cruzamento e produziu a melhor temporada da ainda jovem carreira (quatro assistências e um golo em 33 jogos).
Foi uma das principais armas do Famalicão esta temporada. Lançado sobretudo por Zaydou Youssuf, conseguiu muitas vezes ganhar vantagem na linha de fundo e colocar bolas para a área, onde tinha Jhonder Cádiz à espera.
Impressionou também pela durabilidade: falhou apenas um jogo do Famalicão no campeonato.
Médios:
Aos 36 anos não teve o regresso desejado ao Benfica, pelo menos em termos coletivos, com a equipa a ficar-se pela Supertaça no que toca aos títulos conquistados. Em termos individuais, apresentou-se muito perto da melhor versão de Di María.
Os nove golos e 10 assistências no campeoanto foram essenciais para o Benfica em muitas partidas, com especial destaque para o clássico da primeira volta com o FC Porto, que decidiu. A isto junta-se o facto de esta ter sido a terceira época com mais jogos da carreira (48 em todas as competições), apenas superada por três no Real Madrid (2010/11, 2012/13 e 2013/14) em que superou a barreira das 50 partidas.
João Neves (Benfica)
Se na época passada já se tinha mostrado, quando foi lançado na segunda metade da temporada, nesta afirmou-se. Aos 19 anos, João Neves é o motor do Benfica no meio-campo e prova disso foi a utilização em 55 partidas por parte de Roger Schmidt.
Com uma capacidade física invejável, e disponibilidade para ir nos duelos, só lhe falta acrescentar algo mais no passe para se tornar num jogador de classe mundial. Além disso, carrega algo que poucos jogadores têm, uma mística, e foi muitas vezes importante para agarrar o Benfica em momentos cruciais da temporada.
Morten Hjulmand (Sporting)
O melhor elogio que se pode fazer a Hjulmand é que ninguém se lembra de Manuel Ugarte. Contratado ao modesto Lecce, o médio dinamarquês de 24 anos cedo se transformou numa figura chave da equipa de Rúben Amorim.
Com um sentido posicional apurado, é ele que faz o trabalho sujo no meio-campo do Sporting, a travar os ataques adversários e conferindo segurança à equipa.
Descobriu em Portugal que é goleador, marcou em três ocasiões (no campeonato), isto depois de só o ter feito por uma vez nas seis épocas que levava como profissional.
Pedro Gonçalves (Sporting)
A regularidade personificada. Pelo segundo ano consecutivo, ultrapassou a barreira dos dois dígitos, quer em assistências, quer em golos no campeonato. Aos 11 tentos que celebrou, juntou outros 12 que deu a marcar, fazendo dele o rei dos passes para golo em Portugal.
Se no ano passado atuou no meio-campo, esta época regressou à frente de ataque e foi o principal dinamizador de uma ala esquerda do Sporting que fez muitos estragos. É uma das figuras principais do título.
Avançados:
Viktor Gyökeres (Sporting)
É o campeonato de Viktor Gyökeres. Um desconhecido vindo do Coventry da segunda divisão de Inglaterra, o sueco de 25 anos tomou Portugal de assalto e acabou como o melhor marcador, com 29 golos, mais oito que Simon Banza, que ficou em segundo lugar.
Nos 33 jogos que fez para a Liga, teve influência direta no resultado (marcou ou assistiu) em 20. Deu logo o tom quando bisou diante do Vizela, na primeira jornada, sendo que marcou ainda no Estádio da Luz e fez dois tentos no espaço de um minuto no Dragão, para evitar a derrota no clássico.
Veloz e poderoso fisicamente, ganhou o estatuto de um dos avançados mais dominantes a passar por Portugal nas últimas temporadas. E demonstrou-o sempre que entrou em campo.
Teve a temporada de afirmação em Portugal. Pela primeira vez em 11 anos, o Arouca teve um jogador que atingiu a barreira das duas dezenas de golos, com os 20 que Rafa Mújica marcou no campeonato.
Parte do trio de avançados espanhol que fez as delícias na Serra da Freita, foi essencial para a recuperação do Arouca com Daniel Sousa. que ascendeu do último lugar até ao sétimo posto da classificação, sendo que nas últimas 10 jornadas que disputou só não teve influência direta no resultado em três ocasiões.
Um instinto de matador que lhe valeu a mudança para o Catar.
Um exemplo de superação, Jota Silva teve, aos 24 anos, a melhor época da carreira. Elemento-chave no ataque do Vitória SC, entendeu-se muito bem com André Silva e acabou com 11 golos e cinco assistências no campeonato.
As boas exibições na Liga valeram-lhe o prémio merecido de se tornar internacional português. Irreverente, com o estilo à Grealish, é um jogador que dá tudo pela equipa em termos ofensivos e defensivos, e já é admirado pelas gentes de Guimarães.