Onze dos melhores reforços da Liga em 2023
Sucesso ou flop. É uma avaliação binária e, muitas vezes arcaica, de uma contratação, mas o selo acaba por inevitavelmente aparecer ao final de alguns jogos. Costumam ser mais lembrados os negócios falhados do que os bem-sucedidos.
Com a reabertura do mercado de transferências aí à porta deixamos um onze de jogadores que acabaram por confirmar a aposta feita neles e que têm feito as delícias dos adeptos nos novos clubes. Um sucesso, podemos considerar.
Guarda-redes:
Anatolyi Trubin (Benfica) – 10 milhões de euros
O guarda-redes de 22 anos foi uma das grandes apostas de Rui Costa neste verão. A um ano de terminar o contrato com o Shakhtar Donetsk, Trubin é visto como uma das grandes promessas das balizas europeias e o Benfica ganhou a corrida ao Inter, que procurava um sucessor para André Onana.
O caminho para a titularidade não foi fácil (começou por ser suplente de Vlachodimos e ainda viu Samuel Soares passar-lhe à frente), mas quando recebeu as chaves da baliza encarnada em Vizela (onde segurou um penálti de Samu), não mais perdeu o lugar. Sofreu cinco golos em 11 jogos (manteve a baliza inviolada noutros seis) e ainda não perdeu um jogo do campeonato pelas águias (8 vitórias e três empates).
Defesas:
Rodrigo Gomes (Estoril) – Empréstimo
Aos 20 anos está a ter a temporada de afirmação no principal campeonato do futebol português. Sem espaço nas opções de Artur Jorge, foi cedido ao Estoril depois de três temporadas com minutos no plantel principal do SC Braga e mostrou que está pronto para o mais alto nível.
Primeiro com Álvaro Pacheco e depois com Vasco Seabra, este extremo convertido em lateral-direito mostrou uma propensão ofensiva muito interessante. Não é por caso que soma seis assistências, o melhor registo da Liga.
António Salvador já assumiu que espera dela uma venda lucrativa e com as exibições que tem demonstrado não será de surpreender. De resto, não choca ninguém pensar que poderia perfeitamente lutar com Victor Gómez pela titularidade no conjunto arsenalista.
Marcelo (Moreirense) – custo zero
Aos 34 anos regressou a Portugal depois de uma passagem pelo Médio Oriente (Arábia Saudita e Dibba Al Fujairah) e continua a mostrar laivos da qualidade que o fizeram chegar ao Sporting em 2018, depois de se ter destacado no Rio Ave.
Chegado a Moreira de Cónegos é parte essencial da terceira melhor defesa do campeonato (apenas superada por Benfica e FC Porto), com 13 golos sofridos em 15 jogos (sendo que já defrontou os grandes do futebol português). Mostra que a experiência é um recurso valioso para um defesa-central.
Tomás Ribeiro (Vitória SC) – 250 mil euros
Depois de se ter destacado num contexto difícil de B SAD, Tomás Ribeiro experimentou o futebol da Suíça antes de regressar a Portugal neste verão. Vindo do Grasshoppers, o defesa de 24 anos aproveitou o facto de ser um central canhoto para se instalar no lado esquerdo do trio de centrais do Vitória SC.
Com qualidade a sair com bola, mostrou também uma veia goleadora e soma já três golos, o melhor registo da carreira. Uma adição importante a um conjunto vitoriano que tem confirmado as expectativas depois do debacle europeu inesperado no arranque da temporada.
Francisco Moura (Famalicão) – 1 milhão de euros
Os dois laterais deste onze são ambos provenientes do SC Braga. Francisco Moura acabou por ter uma história ligeiramente diferente à de Rodrigo Gomes. Um lateral-esquerdo com propensão ofensiva, esteve emprestado à Académica antes de começar a ganhar espaço no plantel principal arsenalista com Carlos Carvalhal. Contudo, a chegada de Artur Jorge acabou por ditar a saída.
Depois de uma época cedido ao Famalicão, o clube acabou por contratá-lo por um milhão de euros e estará satisfeito. Com apenas 17 partidas já igualou o registo ofensivo da temporada passada (quatro assistências e dois golos) e é um dos dínamos ofensivos da turma famalicense.
Médios:
Pablo Roberto (Casa Pia) – 225 mil euros
Com 24 anos e uma carreira feita nos escalões inferiores do futebol brasileiro, Pablo Roberto era um completo desconhecido quando chegou a Portugal. Contudo, o médio cedo mostrou as credenciais que levaram o Casa Pia a resgatá-lo ao Vila Nova.
Um jogador mais criativo, mas com intensidade ofensiva, ajudou a dar mais sentido aos ataques dos gansos com a qualidade de passe que possui e também virtuosismo. Com a chegada de Pedro Moreira tem vindo a perder algum espaço para Samuel Justo, mas não deixa de ser uma peça importante para a equipa de Pina Manique.
Morten Hjulmand (Sporting) – 18 milhões de euros
A saída de Manuel Ugarte para o PSG deixou um vazio no meio-campo do Sporting, que Morten Hjulmand veio preencher. O antigo capitão do Lecce já se cimentou como titular leonino, muito no molde daquilo que o uruguaio e João Palhinha faziam.
Intenso, confere agressividade defensiva ao miolo do Sporting, mas também mostra qualidade na construção de jogo. A dupla com Morita é o motor que ajuda a formação verde e branca a dominar os jogos e ficar mais perto da vitória. Não é por acaso que a derrota com o Vitória SC fica consumada após a saída do dinamarquês de 64 anos aos 60 minutos.
Rodrigo Zalazar (SC Braga) – 5 milhões de euros
É uma das contratações do SC Braga para aquela que seria a terceira época do clube na Liga dos Campeões. Vindo de um Schalke despromovido da Alemanha, o médio de 24 anos tem demonstrado porque foi um dos poucos pontos positivos dos royal blues em 2022/23.
Demorou a agarrar o lugar e esteve debaixo de fogo de Artur Jorge pelo lance que originou a derrota com o Benfica, mas Zalazar veio conferir uma qualidade de passe e virtuosismo ao meio-campo do SC Braga que mais nenhum jogador consegue dar. Longe de ser também pouco intenso nas tarefas defensivas, é um dos nomes que tem marcado a época arsenalista.
Avançados:
João Mendes (Vitória SC) – custo zero
Em Chaves já tinha mostrado muita qualidade, em Guimarães comprovou que é um dos bons jogadores da Liga. A mudança de Trás-os-Montes para o Minho veio acompanhada de uma subida no terreno também e tem-se refletido nos números.
A atuar como um dos membros do trio de ataque, mas com indicações para ajudar o meio-campo a dois do Vitória SC, João Mendes tem jogado mais perto da baliza e esta época já igualou o melhor registo goleador como sénior (cinco golos). É uma peça importante na equipa de Álvaro Pacheco e com 29 anos já é mais do que uma certeza no futebol português, que foi pescada a custo zero, num belo golpe de mercado.
Viktor Gyökeres (Sporting) – 20 milhões de euros
É a figura do campeonato português até agora. Chegou do Coventry (segunda divisão de Inglaterra), por uma verba exorbitante para o campeonato português e suscitou muitas dúvidas em relação ao potencial, mas cedo calou os céticos.
Com uma pujança física impressionante, leva a equipa do Sporting para a frente sozinho e consegue dominar os adversários através da velocidade e força. Os 11 golos em 14 jornadas (20 em 26 jogos no total das competições) só são ultrapassados por Simon Banza e com apenas quatro meses de leão ao peito já parece cotado para voos ainda maiores.
Cristo González (Arouca) – custo zero
O pedigree estava lá (formado no Real Madrid e com jogos pela equipa principal dos merengues), mas Cristo González chegava a Arouca como um nome desconhecido, em busca de uma afirmação numa divisão principal europeia que não tinha conseguido na Udinese.
Pese embora o mau arranque dos lobos, Cristo González mostrou que aos 26 anos ainda vai muito a tempo de concretizar algum do potencial que lhe adivinhavam. Partindo do lado esquerdo do ataque arouquense, soma já seis golos em 14 jogos na Liga e é uma constante ameaça à baliza adversária.