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Pinto da Costa: "O Otávio veio ter comigo a chorar, a dizer que não o podia prejudicar"

LUSA
Otávio deixou o FC Porto rumo ao Al Nassr
Otávio deixou o FC Porto rumo ao Al NassrLiga Portugal
O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, explicou esta sexta-feira o processo que levou à saída de Otávio para os sauditas do Al Nassr, revelando que cedeu à vontade do futebolista, perante as condições salariais superiores que lhe foram oferecidas.

"Nós fizemos uma adenda dos direitos do Otávio para a Arábia Saudita, o clube do Ronaldo (Al Nassr), todos sabemos que o jogador poderia ter saído por 40 milhões, não foi porque eu não deixei. Depois surgiu uma oferta de 60 milhões que eu não aceitei porque eu não queria, mas num dia em que o treinador (Sérgio Conceição) nem estava - tinha sido sujeito a uma operação - o Otávio veio ter comigo no centro de treinos, a chorar, a dizer que não o podia prejudicar", revelou na conferência 'Thinking Football Summit', onde esteve acompanhado de várias figuras do universo portista, entre as quais Sérgio Conceição.

Segundo o dirigente, foram os argumentos financeiros do clube dos lusos Cristiano Ronaldo e Luís Castro que convenceram o médio de 28 anos a procurar a transferência, ele que estava ligado aos dragões desde 2014.

"Disse que era a oportunidade da vida dele, aos 28 anos, e que iria ganhar qualquer coisa como 45 milhões em três anos, sem impostos. Achei que, perante o que disse, e por aquilo que lhe tinha prometido quando assinou, de que não lhe ‘cortaria as pernas’, decidi que o iria deixar sair", concretizou.

Os números de Otávio
Os números de OtávioFlashscore

Perante as suspeitas, que, segundo Pinto da Costa, foram plantadas "por alguma comunicação social", relativas à concretização do negócio e à percentagem do passe que estaria na posse do banco brasileiro BMG, o presidente explicou os moldes em que a transferência ocorreu.

"Obviamente que tínhamos parceiros, nomeadamente um banco brasileiro com uma grande percentagem do passe, e falei com o presidente e disse que não aceitava. Que eles não tinham feito nada pela renovação e que iam receber uma pipa de massa, portanto não. E eles iriam perder tudo. Foi bom para todas as partes, tentámos receber o mais possível, não tínhamos condições para manter o jogador naquele estado psicológico e o banco, perante a escolha entre receber zero ou 12,5 milhões, optou. Eu não sei se a Polícia Judiciária já está no Brasil, mas se sim, que voltem para trás", ironizou o dirigente.

Quanto ao estado do futebol português e, quando questionado sobre as declarações como aquelas que foram proferidas por Cristiano Ronaldo, que recentemente comparou o futebol português a um espetáculo circense, Pinto da Costa defendeu todos os vários agentes que intervém diretamente no futebol, desde futebolistas, treinadores e dirigentes, apontando culpas à comunicação social.

"O futebol português tem os melhores dirigentes, veja-se o caso da Liga, presidida por Pedro Proença e a Federação, por Fernando Gomes, dos melhores treinadores, dos melhores jogadores. A nível de organização, gente requisitada para o estrangeiro como Antero Henrique e agora Domingo Soares de Oliveira, tem tudo para ser bom. (...) Quando falo com pessoas do futebol diretamente todas acham que eu tenho razão. O que nós temos que os outros não têm? A comunicação social, doa a quem doer. Porque nós vemos televisões a encher horas e horas a falar pretensamente de futebol", acusou.

Quanto à perda de competitividade no panorama europeu, ao nível de clubes, que já levou Portugal a perder uma vaga na Liga dos Campeões na próxima temporada, culpa o sistema pontual da UEFA e afirmou que as prestações na Liga Conferência Europa do Arouca e Vitória de Guimarães prejudicaram o país.

"Os clubes que vão à Liga dos Campeões, em geral, têm uma boa prestação, os pontos para manter. Esta liga nova confidencial ou lá como se chama, onde esteve o Arouca… Liga Conferência, é ridículo que uma liga que só uma ou duas pessoas sabem o nome valha tanto como uma vitória na final da Champions, é inconcebível. Foi a UEFA que decidiu, não em benefício de Portugal. Os pontos que o Porto, o Benfica ou o Braga façam na Liga dos Campeões têm de ser divididos com o Vitória do Guimarães e o Arouca, que não foram lá fazer nada", expressou.