Reviravolta milionária permite continuar a sonhar com título: Benfica vence SC Braga
Reveja aqui as principais incidências
Em relação à equipa que venceu o Farense na última ronda da Liga, Roger Schmidt voltou a colocar Álvaro Carreras, Tiago Gouveia e Orkun Kokçu no banco, com Aursnes, David Neres e Rafa Silva a regressarem ao onze titular do Benfica.
No SC Braga, Rui Duarte surpreendeu no onze titular com Cher Ndour, que terminou a formação no Benfica, a surgir na equipa titular por troca com Vítor Carvalho. Rodrigo Zalazar também regressou, depois de não ter começado no onze com o Vizela.
Resposta
É uma fase conturbada da época para o Benfica. Com Roger Schmidt em guerra aberta com alguns adeptos depois dos acontecimentos em Faro, a equipa entrou na Luz determinada a dar uma resposta imediata a tentar desarmar qualquer tensão que pudesse estar latente.
Foram 15 minutos de boa qualidade das águias. Com a equipa muito tombada para a esquerda, onde João Mário, David Neres e Aursnes iam combinando para provocar desequilíbrios, o Benfica conseguiu encontrar a baliza de Matheus Magalhães. O guarda-redes respondeu bem quando foi chamado a intervir (remate de Di María aos 16 minutos) e quando não estava lá o poste (Arthur Cabral aos 9 minutos) e a defesa (Niakaté bloqueou o disparo de Rafa aos 14 minutos).
Nervos
Contudo, este SC Braga trazia a lição estudada para a Luz. A equipa de Rui Duarte apresenta algumas nuances em relação ao esquema ultraofensivo (e muitas vezes desbragado) de Artur Jorge. A equipa soube aguentar o impacto (apesar de até ter feito o primeiro remate) e quando tinha a bola era a cabeça de João Moutinho que desenhava o mapa até à baliza, normalmente aproveitando a velocidade na frente.
É numa dessas saídas rápidas que surge o golo. Zalazar encontrou Álvaro Djaló com espaço, o espanhol desenvencilhou-se de Otamendi que entrou à queima, chegou à linha de fundo e cruzou atrasado onde apareceu o capitão Ricardo Horta a colocar para o fundo das redes.
O lance foi analisado pelo VAR, uma vez que Simon Banza estava em frente a Trubin e tapou o ângulo de visão ao guarda-redes ucraniano. Contudo, seis centímetros tornaram legal a posição do avançado da República Democrática do Congo.
Tensão
O golo fez transbordar o caldeirão a fervilhar da Luz. Se não se pode de maneira alguma justificar o arremesso de objetos ou cuspidelas dos adeptos para treinador e jogador, a forma como Roger Schmidt tentou blindar o grupo com palavras fortes para as bancadas acabou por criar, inadvertidamente um ambiente pesado para a equipa neste regresso à Luz.
Depois do golo deixou de se pensar no futebol. A partida foi interrompida por duas vezes devido ao arremesso de tochas, enquanto eram gritadas palavras de ordens e críticas por uma parte das bancadas. A outra criticava e tentava puxar pela equipa. Ambiente fraturado na Luz que também quebrava qualquer tentativa de reação por parte da equipa dentro do campo.
Tanto mais que após essas duas interrupções foi do SC Braga a melhor oportunidade. Moutinho lançou Álvaro Djaló e o espanhol viu Trubin agigantar-se e evitar o segundo golo.
Desbloqueio
O intervalo não acalmou os ânimos. A segunda parte começou com o Benfica novamente a dominar, a empurrar o SC Braga para a área, mas nas bancadas era visível o desconforto.
Um dos estádios mais incómodos de se jogar enquanto adversário, devido ao barulho dos adeptos, o anfiteatro da Luz parecia estranhamento silencioso. Ouviam-se alguns assobios, algumas frustrações, mas não era a bancada que tentava empurrar a equipa para evitar um desaire.
Era preciso um momento de inspiração e surgiu do banco. Muitas vezes criticado pela forma tardia como mexe na equipa, Roger Schmidt esteve bem. Álvaro Carreras (entrou por queixas físicas de Bah) ajudou a dinamizar as faixas e Marcos Leonardo voltou a demonstrar o faro de golo que encantou nos primeiros jogos.
Lançado aos 70 minutos, o avançado brasileiro foi para a área, onde Di María se preparava para meter a bola na marcação de um livre. O SC Braga repeliu o primeiro ataque, João Mário ficou com a sobra e disparou, mas a bola fez ricochete num defesa arsenalista e foi parar aos pés de Marcos Leonardo. Sem grande ângulo, o canarinho rematou para o fundo das redes. Primeiro momento de alegria na Luz.
Reviravolta
Respirava-se com algum alívio, mas o ambiente ainda era de tensão na Luz. Se é certo que o empate não decidia nada (o adeus ao título não era definitivo), também não servia para as contas do Benfica que perdia uma oportunidade de ouro para pressionar o Sporting antes do clássico com o FC Porto.
Aproveitando esse balanceamento para a frente, o Benfica continuou a precisar, mas a desinspiração era evidente na frente. O SC Braga tinha abdicado por completo de atacar (Bruma fez o primeiro remate do segundo tempo aos 83 minutos) e parecia ser preciso cabeça para tirar algo mais desta partida.
Aos 85 minutos, numa saída rápida para o ataque, Di María surgiu na esquerda, cruzou a bola para o segundo poste onde apareceu Neres a fazer um golo de forma pouco comum: de cabeça.
Qualquer tipo de reação do SC Braga foi gorada aos 90 minutos, quando Víctor Gómez foi imprudente numa entrada sobre Di María e viu o cartão vermelho, deixando os arsenalistas com menos um para os sete minutos de acréscimos.
O golo de Marcos Leonardo (90+5 minutos) fechou por completo as contas.
Com este resultado, o Benfica encontra-se no segundo lugar com 76 pontos, a quatro do Sporting e agora com mais 14 que o FC Porto (sendo que ambos se defrontam no domingo). O SC Braga está no quarto posto, com 62 pontos.
Homem do jogo Flashscore: Marcos Leonardo (Benfica)