Semáforo da Liga: Bancadas cheias, paixão de Cristo e a importância de nove centímetros
VERDE: O futebol é dos adeptos
A segunda jornada da Liga Portugal mostrou que o futebol é dos adeptos. 146.082 adeptos dividiram-se pelos nove encontros do principal escalão do futebol nacional, um registo que fez cair o antigo recorde de assistências numa única jornada, obtido da época passada. O número mais elevado da temporada 2022/23 foi estabelecido logo na primeira jornada, quando 138.923 adeptos marcaram presença nos estádios que receberam os nove jogos da competição, menos 7.159 do que o novo recorde.
Para isso muito contribuíram as assistências no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, entre o Vitória local e o Gil Vicente (2-1), com mais de 15 mil adeptos; no Estádio da Luz, no duelo entre Benfica e Estrela da Amadora (2-0), com 58.479 pessoas nas bancadas, e no Estádio do Dragão, onde 48.129 adeptos, na maioria portistas, marcaram presença na vitória suada do FC Porto sobre o Farense (2-1).
Também na Liga 2, refira-se, foi batido o recorde de espetadores numa única jornada - desde que há registo -, com 30.068 espectadores presentes nos nove jogos realizados desta segunda jornada da competição. Em sentido positivo, União de Leiria (12.178), Marítimo (7.638) e Tondela (3.616 adeptos) foram os que mais contribuíram para este recorde, ao passo que Mafra (720), Länk Vilaverdense (660) e Feirense (338) - a jogar em casa emprestada pela Oliveirense - e encontram-se no pólo oposto.
Este sucesso surge também na sequência no mote lançado pela Liga Portugal para esta temporada - ‘O Futebol és Tu' -, que pretende reaproximar as famílias portuguesas, através de um conjunto de iniciativas em parceria com os clubes e demais entidades, do espetáculo que deve ser um jogo de futebol.
AMARELO: Mujica de Cristo
Na ressaca da eliminação europeia, o Arouca regressou ao campeonato e empatou na sempre difícil deslocação a Vizela (2-2), num jogo marcado por nova expulsão arouquense (a terceira nos últimos três jogos) e por mais uma promessa de que a dupla espanhola Rafa Mujica-Cristo González pode causar impacto na presente edição da Liga Portugal.
E se Mujica já tinha deixado bons sinais na sua primeira temporada ao serviço dos lobos de Arouca (14 golos em 32 jogos), Cristo González está empenhado em provar as credenciais de goleador evidenciadas entre 2017 e 2019 ao serviço do Castilla, equipa secundária do Real Madrid, que, na altura, até lhe valeram a estreia na equipa principal dos merengues.
"Tentámos ir buscar jogadores com irreverência para a frente, com capacidade de entendimento de jogo, felizmente foi uma boa opção. Já o seguia há dois anos. Tentei trazê-lo antes e não consegui. Veio agora e está para ajudar. Está a ser uma agradável surpresa", assumiu Daniel Ramos, treinador do Arouca, no final da partida em Vizela.
O Arouca, recorde-se, contabiliza 11 golos marcados em cinco jogos oficiais neste arranque de temporada, sendo quatro da autoria de Rafa Mujica, que conta ainda com uma assistência, e três de Cristo González, este também com uma assistência. Uma parceria que ainda vai dar muitos frutos.
VERMELHO: Erro de nove centímetros
A 2.ª jornada da Liga de Portugal arrancou em Rio Maior, na casa emprestada ao Casa Pia para os jogos disputados na condição de visitado durante 2023/24, no duelo entre o clube lisboeta e o vizinho Sporting (2-1). Na história do jogo fica a vitória dos leões, com bis de Paulinho, que parece completamente revigorado com a companhia de Viktor Gyökeres. No entanto há um pormenor neste triunfo que salta à vista: a ilegalidade do primeiro golo do avançado.
Logo aos três minutos de jogo, Paulinho inaugurou o marcador em Rio Maior, mas o avançado português estava em posição irregular - nove centímetros adiantado -, num lance muito mal avaliado pelo vídeo-árbitro (VAR) Hugo Miguel. Um erro grosseiro e, em bom rigor da verdade, inadmissível em qualquer campo, mas em particular num estádio e competição que conta com a mais avançada das tecnologias implementadas no mundo do futebol.
O Conselho de Arbitragem (CA) apressou-se a assumir o erro e a afastar a equipa do VAR, assim como Rúben Amorim a admitir o benefício no final do encontro, mas o mal já estava feito e o Casa Pia acabou mesmo por ser o grande prejudicado no final desta história.
"Em vez de ser colocada a linha no pé do avançado do Sporting foi no ombro o que conduziu a um erro de análise. O golo não devia ter sido validado, uma vez que o jogador encontrava-se fora de jogo por nove centímetros. O CA lamenta o sucedido e informa que a equipa de videoarbitragem do jogo (Hugo Miguel e Rui Soares) ficará fora das nomeações por tempo indeterminado", pode ler-se no comunicado do organismo.
Por entre a sombra da polémica, nota para a clarividência do treinador do Casa Pia, Filipe Martins, que escusou justificar o desaire com o lance que resultou no golo madrugador de Paulinho. Ainda com as emoções bem-vivas, o técnico dos gansos apresentou-se muito sereno para a análise da partida, num momento raro e que merece ser assinalado.
"Houve um erro técnico, que foi assumido por alguém do Conselho de Arbitragem, mas eu, como nunca falei de arbitragem, não é agora que vou falar. São coisas que não deviam acontecer, mas que aconteceram e não vale a pena estarmos a falar mais nisso. Falemos do jogo que é o mais importante", atirou Filipe Martins, treinador do Casa Pia, na zona de entrevistas rápidas à SportTV.