Semáforo da Liga: Boavistão, o surpreendente Álvaro Djaló e o chorrilho de comunicados
VERDE: O melhor arranque de sempre
Começam a faltar palavras para descrever o caminho do Boavista neste arrranque de temporada. Os axadrezados chegam à paragem internacional na liderança da Liga Portugal, ex aequo com Sporting e FC Porto, ainda sem qualquer derrota averbada ao fim de quatro jornadas realizadas.
Num Boavista em construção, depois de perder Bracali, Ricardo Mangas, Kenji Gorré, Yusupha e Reggie Cannon, o treinador Petit arregaçou as mangas e montou uma equipa altamente competitiva. Os resultados validam o bom trabalho num clube que, recorde-se, esteve impedido de registar novos contratos de trabalho no mais recente mercado de transferências.
Essa proibição abriu a porta do onze a vários jovens que têm agarrado com unhas e dentes a oportunidade no patamar mais alto do futebol nacional e contribuíram de forma decisiva para os 10 pontos amealhados até à data. Na época passada, pela mesma altura, o Boavista tinha apenas seis pontos.
Aliás, este é o melhor registo de sempre do Boavista à 4.ª jornada da Liga Portugal, de fazer lembrar os tempos do Boavistão.
"Estou orgulhoso daquilo que os meus jogadores têm feito ao longo destas quatro jornadas. Temos que celebrar as vitórias hoje, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Vamos continuar a trabalhar para manter o mesmo registo. O grupo é fantástico", elogiou Petit no final do encontro no Estoril (2-1).
Amarelo: Livres para amar Álvaro Djaló
Bruma, Pizzi, Rony Lopes, José Fonte, JJoão Moutinho... A equipa do SC Braga virou uma constelação de internacionais portugueses no ano em que é celebrado o regresso à fase de grupos da Liga dos Campeões e serão, certamente, muitas as dores de cabeça para Artur Jorge montar o onze jogo após jogo.
Numa das equipas mais competitivas dos últimos anos no universo bracarense há um nome que se tem vindo a destacar de forma muito positiva (e até surpreedente) neste arranque de época, com particular destaque para o que fez nesta última jornada.
Álvaro Djaló saltou do banco ao minuto 71 para apontar o golo que viria a valer o empate do SC Braga na receção ao Sporting (1-1). E que golo! O avançado espanhol aproveitou um livre junto à linha de grande área para surpreender o compatriota Antonio Adán.
Natural de Madrid, o camisola 14 chegou a Braga em 2017, então para a equipa de juniores, e passou ainda pela equipa sub-23 e B, antes de dar o salto e fixar-se com o treinador Artur Jorge no plantel principal do emblema minhoto, onde, aos 24 anos, se tem revelado uma arma muito importante, seja como suplente ou na condição de titular.
Vermelho: Comunicados sem VARgonha
Os anos mudam, mas os velhos hábitos mantêm-se inalterados no futebol português. Os clubes da alta roda do nosso futebol continuam a evidenciar a sua gritante falta de cultura desportiva e a promover constantemente a narrativa do "contra tudo e contra todos", autodenominando-se, cada um deles à sua maneira, evidentemente, como o clube mais prejudicado. Se ganham, está tudo bem. Se perdem ou empatam, a culpa é sempre de outrém.
E quando o assunto nem tem nada a ver com eles diretamente, os mártires fazem também questão de vir a público meter a foice na seara alheia para apontar o dedo do patamar mais elevado da sua prepotência. "Vergonha". É a palavra mais utilizada pelos especialistas em comunicados. Normalmente, escritos a verde, vermelho e/ou azul, a narrativa é sempre a mesma, só mudam os protagonistas.
Comunicado para ali, comunicado para acolá e o futebol português continua a afundar-se neste lamaçal. De facto, é uma "vergonha". Uma "vergonha" acompanhar o estado a que chegou o futebol em Portugal.
Tudo isto também nada beneficiado pela falta de transparência e comunicação dos árbitros em algumas das suas decisões, sem esquecer as gravíssimas "falhas técnicas" apresentadas na utilização da tecnologia que se acreditava ser para melhorar o futebol em Portugal e no Mundo.