Semáforo da Liga: Fauna de goleadores, grandes em dificuldades e Linha sem projeto
Verde: Goleadores para todos os gostos
É preciso recuar até 2009 para encontrar a última vez que o melhor marcador do campeonato não atuava num dos denominados quatro grandes. Nenê fez 20 golos ao serviço do Nacional e quebrou uma barreira que, no século XXI, só ele, Meyong (Vitória de Setúbal) e Fary (Boavista) conseguiram.
Com oito jornadas decorridas é difícil de dizer se em 2023/24 vai acontecer o mesmo, mas os sinais são positivos, para já. Héctor Hernández, do Chaves, lidera a tabela de artilheiros com sete golos. Róbert Bozenik, do Boavista, com cinco tentos e Samuel Essende (Vizela), com quatro golos, são outros avançados que não atuam em equipas habituadas a andar na zona cimeira da tabela, mas que estão a conseguir encontrar o caminho da baliza.
Um bom sinal para o campeonato, que precisa de ver o nível médio subir. Fica a curiosidade para ver como vão estar as contas no final da época, ou se nomes como Gyökeres, Petar Musa ou Mehdi Taremi vão confirmar a primazia dos três grandes, ou mesmo se Simon Banza e Abel Ruiz conseguem o segundo título de goleador-mor para o SC Braga.
Amarelo: Grandes com vitórias magras
Benfica, FC Porto e Sporting conseguiram vitórias na oitava jornada, mas nenhum dos grandes conseguiu cavar uma vantagem maior do que um golo, sendo que todos defrontaram adversários da segunda metade da tabela. A isto podemos juntar o SC Braga, que só conseguiu o triunfo no tempo de descontos contra o Rio Ave.
Resultados que levantam a eterna pergunta: Estarão os grandes a ficar mais fracos, ou os pequenos a ficar mais fortes? Certo é que esta incerteza no resultado traz, sem dúvida maior competitividade, a um campeonato em que a luta pelo título está cada vez mais restrita, com a clivagem gerada pelo dinheiro das provas europeias.
Com poucos ovos, os treinadores das equipas com menores recursos estão a conseguir criar omeletes muito interessantes e a obrigar os homólogos das equipas mais apetrechadas a encontrar outras soluções para evoluir.
Vermelho: Quo Vadis, Estoril?
Outrora uma das equipas elogiadas pelo projeto desportivo e pela estabilidade, que permitiu participações consecutivas nas competições europeias, o Estoril prepara-se para mais uma época complicada.
Com oito jornadas decorridas é o lanterna vermelha do campeonato, sendo que não vence na Liga desde a segunda jornada (seis derrotas e um empate). Álvaro Pacheco não sobreviveu ao empate com o Vizela e deixou a equipa, chegando Vasco Seabra, que perdeu com Vitória de Guimarães e Benfica. São já quatro os nomes que passaram pelo banco (na época passada foram Nélson Veríssimo e Ricardo Soares) desde que Bruno Pinheiro guiou a equipa da Liga 2 a um brilhante nono lugar no principal escalão.
Na época passada a manutenção foi alcançada nas últimas jornadas. Esta época, o caso não parece diferente para a segunda pior defesa do campeonato (19 golos sofridos). É caso para perguntar: Quo Vadis, Estoril?