Semáforo da Liga: Leão faminto, cónegos em estado de graça e o rebelde Kokçu
VERDE: Sociedade do golo em Alvalade
Não há muitas dúvidas de que o Sporting é um dos mais fortes candidatos ao título na presente temporada. Depois da eliminação europeia, aos pés da Atalanta, a forma como a equipa de Rúben Amorim iria reagir ao desaire europeu era um dos principais atrativos da 26.ª jornada da Liga e os leões não desiludiram perante os seus adeptos.
Em Alvalade, o Sporting chegou à 13.ª vitória em 13 jogos realizados em casa na Liga 2023/24, em mais uma goleada à moda antiga, frente ao Boavista (6-1). O conjunto verde e branco leva 75 golos em 25 jornadas disputadas (tem um jogo em atraso), o que perfaz uma média de 3 golos por jogo. Há 50 anos que o Sporting não marcava 75 ou mais golos ao fim de 26 rondas.
Viktor Gyökeres tem sido um dos principais responsáveis pelo aumento desta força ofensiva do Sporting. O avançado sueco marcou três golos e fez duas assistências no embate contra os axadrezados - são já 36 golos e 13 assistências na época - e contou com um grande Paulinho ao seu lado, que também fez furor no duelo com o Boavista, com dois golos e uma assistência.
Uma parceria de sucesso e que é um sinal de vitalidade do leão. Será suficiente para o título?
AMARELO: Super Moreirense
O encontro entre Moreirense e Arouca reunia em Moreira de Cónegos as duas sensações da Liga. A vitória acabou por sorrir ao conjunto de Rui Borges, que está a realizar um trabalho extraordinário, ao mostrar ser mais eficaz do que os lobos de Arouca (1-0), de Daniel Sousa.
Numa altura em que faltam oito jornadas para o encerramento do campeonato, o Moreirense ultrapassou a barreira dos 40 pontos, chegando aos 42, e reforçou o 6.º lugar, agora com mais oito pontos para o 7.º, precisamente o Arouca, caminhando a passos largos para a melhor participação de sempre do clube no principal escalão do futebol nacional.
Com a manutenção no bolso, a Europa é um sonho de difícil concretização, até porque o vizinho Vitória SC não desarma, mas honra seja feita ao trabalho desta equipa que regressou ao convívio entre os grandes no arranque da presente temporada.
VERMELHO: Liberdade mal medida
Orkun Kokçu decidiu fugir ao padrão e... ao guião. Em Portugal estamos muito habituados a ouvir o mesmo discurso por parte de treinadores e jogadores, vezes sem conta, a tão afamada cassete cheia de lugares comuns. Para o bem ou para o mal, fica muitas vezes a ideia de que não foi tudo dito. E será que é preciso?
Pois bem, o caso de Kokçu leva-me a pensar até onde pode e/ou deve ir a liberdade de um jogador de futebol. Para os que não estão a par do sucedido, o médio turco decidiu criticar de forma aberta o Benfica e o treinador Roger Schmidt numa entrevista concedida ao De Telegraaf, publicada na véspera da visita das águias ao Casa Pia, e foi afastado das opções pelo treinador germânico.
O camisola 10, reforço mais caro da história do futebol português, acha que o clube nunca o fez sentir importante e que o treinador o prende demasiado às tarefas defensivas, castrando todo o seu potencial. Em suma, Kokçu está frustrado com o parco rendimento na Luz (não é para menos!) e decidiu disparar em toda a linha numa fase tão importante da época. Olhou para o individual e esqueceu o (impacto no) coletivo.
Defendo a liberdade de expressão, mas a altura e a forma escolhida por Kokçu para manifestar o seu desagrado foi péssima. Passou um atestado de incompetência ao treinador, de quem se espera que seja a figura principal na busca do melhor para a equipa, e quis mostrar ser mais do que aquilo que tem demonstrado nas inúmeras oportunidades que teve ao longo da época.