Semáforo da Liga: O bom e o mau exemplo do que é o futebol português
VERDE: O gesto de João Moutinho
É difícil imaginar a dimensão da dor de Rui Duarte. O treinador interino da equipa principal do SC Braga regressou ao banco depois de uma semana duríssima do ponto de vista pessoal, na sequência da morte do filho mais velho Gustavo, e o seu rosto era incapaz de esconder tudo aquilo que lhe ia na alma.
Não diferentes a esse momento, os adeptos do clube bracarense prestaram a devida homenagem e exibiram uma tarja de apoio ao treinador e ao filho mais novo, o Afonso Duarte, que joga na formação dos Gverreiros: "Nenhum guerreiro caminhará sozinho. Força mister e Afonso".
Neste jogo que é a vida, o resultado da receção ao Vizela (2-1) foi o menos importante do ponto de vista pessoal, mas importantíssimo no âmbito profissional, uma vez que mantém o clube na luta pelo 3.º lugar, e o MVP da partida, o internacional português João Moutinho, fez questão de entregar o prémio a Rui Duarte.
"Agradecer do fundo do coração a homenagem que fizeram, a mim e à minha família num momento tão difícil. Não tenho palavras para agradecer. Foi uma semana mesmo muito difícil e continua a ser. Esta homenagem vai ficar para sempre no coração, este clube vai ficar para sempre, não sei o que vai ser o futuro, mas estou completamente apaixonado pela envolvência", disse o treinador no final do encontro.
Muita força, mister Rui Duarte!
AMARELO: Estreia de Marreco
Tozé Marreco foi o homem escolhido para suceder a Vítor Campelos no comando técnico do Gil Vicente, com o propósito de dar a volta a uma série negra do clube da cidade de Barcelos - três empates e quatro derrotas nas sete últimas jornadas antes da chegada do ex-treinador do CD Tondela - e evitar um cenário que parecia aproximar-se a uma velocidade galopante: despromoção.
A estreia estava marcada para o último sábado, na casa do surpreendente Moreirense (0-1), e a resposta foi muito positiva. Os gilistas conseguiram vencer na casa dos cónegos e com esses três pontos ultrapassaram a barreira psicológica dos 30.
Ainda nada está matematicamente garantido, mas é inegável que a chegada de Tozé Marreco, a viver a primeira experiência enquanto treinador na Liga, foi como uma lufada de ar fresco para uma equipa que parecia totalmente desacreditada.
VERMELHO: E agora?
As imagens que nos chegaram da reta final do encontro entre Chaves e Estoril (2-2), em Trás-os-Montes, são do mais triste e reprovável que existe. Nada pode justificar o que aconteceu: invasão de campo de adeptos afetos à equipa da casa e confrontos com jogadores da equipa visitante.
Aqui não interessam cores. Mas existem muitos culpados. Onde fica a credibilidade das forças de segurança? Onde fica o bom-senso na decisão da equipa de arbitragem de expulsar dois jogadores por se defenderem da tentativa de ataques vis de adeptos? Onde fica a noção do comunicado do Chaves? E do acrescento do seu presidente? E até onde pode ir este péssimo exemplo se a Liga não tiver mão firme e não tomar medidas condizentes com os atos gravosos?
São algumas das perguntas que, para já, ficam sem resposta. O certo é que tudo isto em nada dignifica o futebol português, sobretudo numa altura em que o próprio tenta recuperar a sua força na cena internacional. Assim fica difícil.