Viktor Gyökeres: uma mudança de perfil na frente de ataque
Se é verdade que o Sporting não se pode queixar de golos esta temporada (marcou 71 em 34 jornadas, mais seis do que na época em que foi campeão), a frente de ataque foi uma constante dor de cabeça para Rúben Amorim.
Paulinho partiu como indiscutível, Chermiti ganhou a confiança do treinador e deu alguma esperança de renovação, Trincão, Edwards e Pedro Gonçalves chegaram a liderar uma frente de ataque mais móvel. Experiências que nunca se tornaram definitivas e que levaram a equipa leonina a procurar um novo perfil para esta temporada.
Dificilmente o Sporting mudará do habitual 3x4x3 que é apanágio de Rúben Amorim, mas a frente de ataque muda consideravelmente mediante a utilização de Gyökeres, Paulinho (um jogador mais associativo, que joga muito fora da área) ou mesmo Chermiti (um avançado mais tradicional, mas com dificuldades em ligar-se aos colegas) a liderar a linha avançada.
O que nos dizem os números?
Antes de mais convém referir que o estilo de jogo do Coventry é amplamente diferente do Sporting. Equipa que lutou pela subida à Premier League, o emblema do Championship, de acordo com a Opta, é uma das equipas mais diretas a atacar. Não significa isto que aposte só nas bolas longas (até porque Gyökeres não é forte no duelo aéreo), mas que assim que recupera a bola procura chegar o mais rapidamente à área contrária.
E esta é uma das valências que Gyökeres mostrou. Veloz para uma estampa física de 1,87 metros e 90kg, o avançado sueco liderou o segundo escalão inglês no que toca a metros em condução de bola (uma média de 4,44 metros por corrida).
Na hora de finalizar, Gyökeres continua a apresentar algumas pechas. Converteu 13,2% das oportunidades (excluindo penáltis), muito atrás de Chuba Akpom (25%) que foi o melhor marcador da prova (28 golos). Ainda assim superou os golos esperados (xG), apontado 18 de um xG de 16,5 (isto sem contar com as grandes penalidades, que elevaram o total do sueco para 21).
Existe, no entanto, um paralelismo com Paulinho. Tal como o avançado português, Gyökeres é um jogador que se consegue associar com os colegas. Terminou como o jogador com mais assistências no Championship (12) sendo que os seus passes produziram 8,3 xG, apenas superado por Ryan Giles (10,6 xG), médio do Middlesbrough.
Por último existe um facto que salta à vista em Gyokeres: a rentabilidade. Esta época somou 4,322 minutos no Championship. Olhando para as últimas 10 temporadas só sete jogadores conseguiram superar esse número num campeonato que tem 42 jornadas (mais play-offs) com um ritmo intenso e que obrigam a vários duelos físicos.
Números que ajudam a justificar o preço (20 milhões de euros) e a alimentar as expectativas dos adeptos leoninos que procuram um avançado goleador.